Capítulo 9

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E cá estou eu num bairro esquisito, luxuoso mas ainda assim esquisito, porque nunca estive aqui antes, no quarto do meu colega também esquito, esquisito porque ele é bipolar, as vezes está bem outras nem por isso, as vezes me tenta ser engraçado comigo e outras é o maior babaca porque faz de tudo para me irritar. Essas coisas só acontecem comigo.

Deixo cair todo o material da escrivaninha, papéis do Harry nesse caso pois deparo-me com um Harry totalmente diferente, molhado e descamisado. E nossa que corpo, corpão, ele é certamente um Deus grego, a água escorrendo no seu corpo ainda, dá uma visão bastante hot que me deixa completamente desnorteada.

"Passa-se algo?"-ele diz olhando pra mim.

Fico alguns minutos a pensar, ou melhor a observar essa estrutura magnífica que ele chama de corpo e depois recupero e o meu cérebro processa a pergunta e a resposta.

"Nã-o...sim, é que, é que...e-u, eu, estava, e tu..."-gaguejo, eu atrapalhando-me nas palavras e ele ri. Bem que eu poderia ter disfarçado, eu hein.

"Percebi, mas agora vamos começar com o trabalho,tenho mais o que fazer"-ele diz e eu assinto, e fico bastante corada com a situação que acabara de acontecer.

"Você estava mexendo nas minhas coisas?"-ele diz bastante furioso, assim que se apercebe do material todo, caído no chão.

"Eu só..."

"EU DISSE PRA VOCÊ NÃO MEXER!"-ele diz gritando completamente furioso.

"NÃO GRITE COMIGO"-digo e ele se acalma.—"Eu só estava a apreciar, não tinha nada pra fazer e aí você chegou, nem vi quase nada se é que te deixa mais tranquilo"-digo

"Senta aí"-ele ordena, num lugar vago.

"Não mande em mim, saiba pelo menos ser gentil"-digo.

"Quero lá saber disso, se não queres então fique de pé"-ele diz sentando-se na escrivaninha e eu o reparo, depois eu sento ao seu lado relutantemente.

Depois de algumas pesquisas minhas e com a do Harry, juntamos com o que já tínhamos feito na escola e começamos a trabalhar. O trabalho já está quase proto e eu estou exausta, e eu a pensar que trabalhar com o Harry seria o mesmo que trabalhar sozinha mas enfim, ele colaborou.

"Vives com os teus pais Harry?"-questiono para tentar fazer conversa, eu já disse que eu falo muito e o silêncio me irrita, até preferia estar aqui a discutir com ele pra perder algumas forças, rio e ele repara pra mim como se eu fosse doida.

"Eu perguntei se vives com os teus pais"-repito.

"E eu ouvi, isso é só um trabalho em grupo, não é uma entrevista qualquer"-ele diz.

"Não sejas rude, eu só estava a tentar fazer conversa"-digo.

"E quem disse que estamos aqui pra manter conversinhas!?"-ele meio que pergunta.

"Chato"-digo mais alto do que pretendia.

"Porque é que sempre que pergunto-te algo, ficas assim exaltado ou rude?"-pergunto e ele me encara.

"Porque são perguntas parvas e você quer saber o que não te diz respeito"-ele diz.

"Hey eu não faço perguntas parvas, se tu és assim comigo nem quero imaginar com os demais, ou com a tua família"

"E não sou o mesmo, e isso não é da tua conta, fique com as tuas perguntas idiotas, aliás diga isso ou melhor, aplica toda tua curiosidade no teu pai, na tua mãe e em toda tua família".

Não, ele não disse isso...

Ele não disse isso!

Ele não insultou a minha família, não insultou a mim, mas mencionou alguém que não podia, mencionou o meu pai, como posso aplicar a minha curiosidade ou seja lá o que for que ele tenha dito no meu pai? O meu pai já não está mais aqui e isso foi a pior coisa, isso magoou-me imenso. Agora fez-me pensar nele, no meu pai, onde ele pode estar ou o que ele poderia estar a fazer, é como se eu ainda tivesse uma cicatriz enorme no meu coração desde o desaparecimento físico do meu pai.

Ainda é tão recente e não sei como vou superar isso, ele que devia agradecer, talvez, por ter uma família feliz, mesmo não ter conhecido a sua família, dá pra ver que eles mantém o título de família perfeita, feliz. Não que eu não seja, com a minha mãe, é que a felicidade seria em dobro, estaria completa com o meu pai presente.

Não digo nada, simplesmente continuo a olhar pra ele e lágrimas me aparecem no rosto, continuo séria e ele observa-me sem questionar, talvez tentando perceber o que ele disse de errado que causou essa dor em mim, que me deixou sem forças até pra formular uma resposta contundente.

Say You Love Me! - |H.S| Onde histórias criam vida. Descubra agora