Capítulo 1

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No confinamento do escritório, um espaço estilizado que refletia seus gostos pessoais e conquistas profissionais e que de repente se tornou sufocante, Emma Swan observava o seu brilhante e ilimitado futuro desmoronar, enquanto a mulher diante dela dobrava o corpo, com um dos braços em torno do cesto de lixo e o outro esticado. Um dos dedos erguidos indicava que demoraria um minuto, antes que pudesse voltar a falar.

— Sem problemas, Regina – disse ela, com uma voz que mal reconhecia. – Fique à vontade. Demore o tempo que precisar.

O som do esvaziamento do conteúdo estomacal na cesta de lixo cessou e a garçonete do bar de Las Vegas, que ela achara demasiado tentadora para resistir três meses atrás, encarou-a, revirando os olhos úmidos, com expressão acusatória. O que foi quase o suficiente para fazê-la soltar uma risada, embora... sim, aquele olhar resumisse tudo.

Aquilo era o apocalipse.

Provavelmente.

Emma observou, horrorizada, o que só podia ser descrito como uma épica falha do látex. Não era exatamente um grande mistério o motivo que fizera a morena procurá-la agora, meses após aquelas fatídicas horas que passaram juntas. Porém, o fato de o milagre causador daquele furacão hormonal ser sua ou se a fortuna que possuía a tornara a solução de um problema que podia pertencer a dezenas de outros candidatos, ainda teria de ser esclarecido.

Embora aquele simples pensamento fizesse algo no íntimo de Emma se rebelar contra tal dúvida. Três meses. Se Regina a tivesse procurado após um mês... Diabos! Se a morena ainda estivesse lá, naquela primeira noite, quando ela retornara do toalete...

Emma engoliu em seco. Em seguida, inspirou profundamente apenas para perceber que erro colossal cometera quando o odor que envolvia seu escritório – seu santuário, símbolo de poder, o lugar prazeroso onde se isolava – fez-lhe o estômago se contrair por efeito de algum reflexo complacente.

Regina a observou por sobre o saco plástico, parecendo perceber os movimentos do estômago da loira, e apertou ainda mais o cesto, em um gesto que deixava claro que não o entregaria a ela. Ótimo. Emma trincou os dentes molares. Aquela era a outra mãe de seu filho. Talvez. Fechando a distância que a separava da própria mesa, discou o ramal do assistente.

— Graham, preciso de um frasco de antisséptico bucal, uma pasta e uma escova de dente, além de uma dúzia de sacos plásticos para cesto de lixo. E se conseguir trazer tudo isso aqui dentro de cinco minutos eu lhe darei um cheque de mil dólares ainda hoje.

Regina fechou os olhos por um instante e, quando voltou a encará-la, a garçonete o fez com relutante gratidão.

— Obrigada.

— Acho que é o mínimo que posso fazer... – Considerando o que talvez, provavelmente, fizera antes. Emma observou os ombros delicados se erguerem e baixarem, à medida que ela lutava para se recompor.

— Sinto muito... – Emma gesticulou para impedi-la de continuar, mas Regina estreitou o olhar e Swan permitiu que continuasse. – Por atirar essa novidade em você. Deve... ser um choque.

Muito mais agora do que teria sido dois meses atrás.

— Podemos conversar sobre isso, quando conseguir se recompor. Há um toalete privativo por ali. Graham é extremamente eficiente...

Como que para corroborar suas palavras, soou uma batida à porta do escritório, antes de o mais rápido homem do Oeste entrar. De alguma forma, o assistente conseguira montar em questão de segundos uma bandeja com todos os itens solicitados, à qual adicionou um pacote fechado de biscoitos cream-crackers. Levando em consideração que Graham costumava coordenar reuniões de negócios internacionais, falava sete idiomas e possuía um MBA em uma das mais conceituadas instituições de ensino dos Estados Unidos, solicitar que ele fornecesse itens de higiene pessoal não era a melhor forma de aproveitar seu potencial. Porém, para Emma, aquela era uma situação de vida ou morte.

Consequências SwanQueen G!POnde histórias criam vida. Descubra agora