Capítulo 8

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 Regina despertou devagar, os sentidos voltando um de cada vez, enquanto registrava o colchão duro da cama de hospital sob seu corpo, a luz frouxa acima e o murmurar grave de uma voz que ela não estava esperando escutar. Que não poderia estar soando de nenhum lugar próximo a ela.

Emma.

— ... Desidratação, fadiga, pressão baixa, perda de peso... Não, disseram que ela e o bebê ficarão bem, mas não há a menor possibilidade de eu sair daqui sem...

Regina se mexeu na cama, lembrando tarde demais que havia uma agulha espetada em sua veia e deixando escapar um gemido quando fez pressão no braço.

O que quer que Emma estivesse prestes a dizer, ela não conseguiu escutar e agora a conversa fora interrompida. De repente, a loira se encontrava em seu quarto, preenchendo o pequeno espaço com sua presença imponente. Guardando o celular no bolso da calça, Emma deu alguns passos na direção da cama como se tivesse a intenção de se sentar na cadeira ao lado. Mas, em vez disso, esticou o braço para a campainha para chamar a enfermeira, antes de recuar um passo e encará-la com olhar sério.

— Está precisando de alguma coisa? Como está se sentindo?

— Cansada ainda, mas... Não precisava vir até aqui. Avisei a Graham que eles só queriam que eu recebesse alguns fluidos e antieméticos...

— Você me disse que estava bem. — O comentário não soou exatamente como uma acusação de que ela estivesse tentando se livrar da loira, mas a intensidade na voz de Emma era quase palpável. — Falei com seu médico e a hiperêmese gravídica pode ser perigosa. Você não está bem.

Uma onda de sentimento de culpa ameaçou afogá-la. Regina pensara que se tratava apenas de enjoos matinais que se prolongavam por todo o dia, o que haviam lhe dito que era normal. Embora planejasse relatar ao seu médico sobre a intensidade dos sintomas na próxima consulta, não tinha a menor ideia de que seu organismo se rebelara, ameaçando o que ela vinha lutando para proteger.

— Não sabia que havia se agravado tanto. Não tenho uma balança, portanto não sei quanto peso perdi. Minhas roupas estão um pouco largas, mas ouvi dizer que muitas mulheres emagrecem no início da gestação. — Regina sentiu os olhos arderem e pestanejou várias vezes para impedir que as emoções explodissem.

Cabia a ela levar suas responsabilidades a sério e tomar as decisões certas. Deveria ser capaz de contar consigo mesma. A vida de seu bebê dependia disso. Engolindo em seco, voltou a encarar Emma. A mulher de sorriso fácil e natureza tranquila não se encontrava naquele quarto. Aquela Emma era séria. Eficiente. E estava ali porque a mulher responsável por proteger seu filho sequer percebera que estava correndo o risco de não conseguir fazê-lo. Aquela Emma tinha todas as razões do mundo para estar ali.

No lugar dela, teria feito a mesma coisa.

— Sinto muito.

Emma assentiu, mas a expressão de seus olhos era séria.

— Eis o que vamos fazer: sei que é uma mulher forte e independente, mas não me agrada a ideia de deixá-la sozinha, nesse estado. Pelo que entendi, foi sorte sua chefe estar presente quando desmaiou. Você trabalha sozinha por horas a fio. Usa o transporte público, sozinha, para voltar ao apartamento que não divide com ninguém. Não há ninguém aqui para tomar conta de você. Então, o que lhe pergunto é: faz algum sentindo continuar neste lugar?

Regina baixou o olhar às próprias mãos, observando o tubo de plástico que se desprendia de seu braço, sentindo-se sozinha como nunca antes.

— Tenho um emprego aqui.

Consequências SwanQueen G!POnde histórias criam vida. Descubra agora