Nove

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Quando abriu os olhos, já não havia luz solar adentrando o cômodo. Era tarde, provavelmente o pôr-do-sol já tinha acontecido horas atrás. Sorriu, sentindo o braço direito de Taeyong, que aconchegava-se com a cabeça sob seu peito, lhe abraçar o tronco com mais força. Tocou o cabelo do ruivo com uma das mãos, fazendo-lhe um carinho.

—Tae, hm, já está tarde, acho que eu devo ir pra casa... —sussurrou, não cessando as carícias.

—Você não precisa ir... —respondeu baixo e sonolento, colocando uma de suas pernas em cima de Ten, de forma a prendê-lo ainda mais.

—Taeyong... —o tailandês reclamou, dando uma pequena risada. —É sério, que horas são? —empurrou um pouco o mais velho, que soltou um resmungo enquanto levantava dali, tateando os lugares em busca de seu celular. Achou-o, ligando o visor.

—São nove horas... —sua voz transmitia o sentimento de ter realmente acabado de acordar mesclado a certa irritação.—Você realmente precisa ir? Somos vizinhos, Ten. O quê, você quer ir embora agora que já está satisfeito?

—Do que você está falando, Tae? —as nuvens afastaram-se, fazendo com que a Lua aparecesse e iluminasse a sala, através das cortinas abertas da varanda, possibilitando a Ten observar o rosto do mais velho.

—Ah, não...eu...não foi isso que eu quis dizer. Droga... —o rosto de Taeyong parecia de fato confuso. —Eu acho que ainda estou com sono, Ten. Por favor, me desculpe. —levantou, indo ligar a luz no interruptor mais próximo.

—Você está bem, Tae?

—Eu...estou. Estou bem. —mais parecia que estava dizendo isto para si mesmo.

Ten então levantou-se, aproximando-se do mais velho, que parecia totalmente alheio as coisas a sua volta. Por um momento recordou-se do que ele lhe contara mais cedo, sobre ter tido um ex-namorado que tinha se aproveitado de si e ido embora. Mesmo que tenha dito para Ten que depois acostumara-se com as pessoas que se aproximavam de si da mesma maneira, também disse que no final ele sempre ficava sozinho. O mais novo sabia que o ruivo sofria com isso. Talvez repetitivamente, com o mesmo medo.

—Você pode olhar pra mim? —perguntou, observando o mais velho levantar a cabeça para encara-lo. —Eu vou apenas tomar um banho e pegar umas roupas. Mas eu vou voltar.

Taeyong engoliu em seco, sentindo uma sensação mesclada a angústia e felicidades intensas percorrerem seu corpo, fazendo com que lágrimas escorressem por seu rosto, em uma explosão. Ten ficou estático por alguns segundos, surpreso, até aproximar-se do outro devagar, lhe envolvendo com os braços.

—Eu te conheço a pouco tempo, mas eu já vi tantos lados seus que ninguém acha que você tem que me sinto culpado por estar feliz com isso. —Ten sussurrou, sentindo Taeyong lhe apertar o corpo. — Eu sei que você não é alguém superficial. Você é intenso, Tae. E acho que muita gente não te corresponde na sua mesma intensidade. Nem mesmo eu... —separou-se do mais velho, olhando seu rosto vermelho e seus olhos marejados, limpando-os com os polegares. —Mas eu percebi que essa sua intensidade é uma coisa que quando eu estou longe me causa uma falta, por isso passei esse dia todo com você. E, sabe? —sorriu—Mesmo eu não sendo correspondente com ela, eu quero me tornar pouco a pouco...

Taeyong encarou-o por alguns segundos, para depois sorrir.

—Você não tem ideia do que está falando...

—Como assim? —o tailandês ficou confuso.

—Eu prometo te contar. Mas hoje...eu acho que consigo te deixar ir pra casa. —riu, limpando as lágrimas. Ten sorriu.

—Eu não vou te deixar. Vou usar uma frase sua, posso?

—Vá em frente.

Ten aproximou-se do mais velho, encarando-o de forma engraçada.

Eu estou na porta ao lado.

Taeyong riu. Uma risada verdadeiramente aberta, sincera. Ten não podia negar que em um simples momento ver tantas faces de Taeyong dirigidas somente para si, sentia-se realmente completo. Sentia que aquela sensação que descrevera ao mais velho realmente não se encontrava mais ali. Os dois foram surpreendidos pelo telefone do tailandês tocando.

—É o Jaehyun. —falou.

—Atenda. —respondeu sorrindo.

—Oi, Jae. —atendeu.

Ten, você quer sair hoje?

—Sair? Pra onde?

Itaewon. Doyoung me chamou pra uma balada hoje e perguntou se eu não gostaria de te chamar também. Quero que vocês se conheçam.

—Ahn...tudo bem, eu vou.

Eu vou com o Doyoung de carro, mas parece que mais amigos dele vão, tudo bem pra você ir sozinho?

—Eu me viro, pode deixar. Me mande a localização quando estiver lá.

Ok, até mais tarde.

Ten desligou o telefone, olhando para Taeyong.

—Tae...você quer ir a uma comigo? —perguntou.

—Faz tempo que não vou a s. Mas...hm, vamos. —sorriu.

—Então, agora eu vou em casa tomar um banho e me vestir.

—Tudo bem, nós nos encontramos aqui em meia hora.

—Fechado. —o tailandês sorriu.

Taeyong foi com ele até a porta, abrindo-a. Antes de irem fazer o que deviam, Ten despediu-se do mais velho com um selinho, deixando Taeyong na porta com um sorrisinho bobo. Quando o mais velho fechou a porta, não pode deixar de rir. Rir apenas por estar feliz. Apenas por Ten ter entrado em sua vida.

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