Intense

Seis

Três dias.

Faziam apenas três dias que Ten havia conhecido Lee Taeyong, um ex-ficante de seu melhor amigo Jaehyun, estudante de jornalismo, que tinha uma beleza incrível. Mesmo diante de tantos atrativos que o mais velho tinha, Ten não conseguia entender porque diabos se sentia tão afetado e tão diferente por alguém, em tão pouco tempo.

Reconhecia, como Jaehyun lhe dissera antes, que era normal se sentir atraído por alguém, mas não daquele jeito! Não daquele jeito que aflorava todas as suas emoções e provocava-lhe formigamentos por todo o corpo. Deuses, noite passada havia ficado excitado só de olhar pra ele! Quando chegou em casa seu único objetivo era satisfazer sua necessidade que latejava-lhe o baixo ventre.

Não podia acreditar, tinha se tocado pensando no quão sexy era Lee Taeyong em uma cama, abraçado a um travesseiro em uma posição muito sugestiva, quase explícita. Tinha se negado. Negado seus próprios objetivos e concepções que fixara na cabeça antes de passar por aquela maldita porta do apartamento moderno e bem decorado do ruivo.

Ah, droga. Pensara o quê? Que chegaria e provocaria Taeyong a provar de seu próprio remédio apenas o fazendo olhá-lo? Não tinha conseguido. Na verdade, quando pensou melhor, só viu o mais velho vulnerável quando ele próprio estava. Em pé, quente, vermelho e envergonhado por estar sendo observado em uma situação como aquela. Ten tinha que reconhecer, ele não era de maneira nenhuma alguém que podia influenciar uma pessoa sem prejudicar a si mesmo.

Foi tirado de seus pensamentos quando seu celular tocou ao seu lado na cama.

—Oi, Jae. —atendeu.

—Ten, onde você está? Está tudo bem?

—Estou em casa. Claro que estou bem, por quê?

—Você já viu que horas são?

O Tailandês afastou o celular do ouvido, vendo que o visor já marcava nove e meia da manhã. Levantou-se de sua cama em um pulo.

—Droga! Eu perdi todo o primeiro tempo... —suspirou. —Não vou chegar a tempo de assistir o segundo tempo todo, não vou mais hoje. Me passe o conteúdo depois, por favor. —tocou a testa, levantando os cabelos que pendiam em sua testa.

—Tudo bem, é claro, mas está realmente tudo bem com você?

—Está, Jae. Eu só estava cansado e acabei dormindo demais. Você tem que ir pra aula e eu vou tomar um banho, vou desligar. Não se preocupe comigo e obrigado por ligar.

—Qualquer coisa me liga. Não vou passar aí hoje, o Taeyong veio falar comigo antes de começar a aula e me apresentou o amigo dele que vai fazer as fotos comigo. Ele chegou de viagem esta madrugada e, Deus, ele é tão bonito! Parece um coelhinho!

—Coelho? —riu. —Que bom que gostou dele, Jae! Você não vem porque vai começar o ensaio hoje?

—Sim. Já tinha o tema em mente antes de conhecê-lo e ele gostou, então só vamos pôr em prática.

—E seu melhor amigo pode saber qual é? —perguntou, indo em direção ao banheiro.

—Surpresa. —riu.

—Idiota...

—Falando em ensaio, você e o Taeyong tiveram progresso ontem? Ele não me disse nada quando perguntei, só ficou quieto olhando pro nada.

—Nós... —sentiu suas bochechas esquentaram. —Tiramos muitas fotos.

—Só isso?

—Você não tem aula agora, Jung Jaehyun?

O amigo riu do outro lado da linha, então só assentiu e depois se despediu. Ten desligou o telefone, então colocou-o em cima do balcão da pia. Ligou uma música animada, então colocou-se debaixo do chuveiro frio. Ainda fazia calor aqueles dias. Muito calor.

Não demorou muito no banho, então enrolou uma toalha em sua cintura e saiu do banheiro com seu celular na mão, indo em direção à cozinha, colocando leite em um copo e pegando um pacote de biscoitos de côco de dentro de seu armário.

Sentou-se na mesa para comer e começou a olhar as redes sociais. No Instagram, um direct de Jaehyun. Abriu a conversa e as fotos que o amigo lhe mandara. A primeira era uma selfie com um garoto bonito, de bochechas fofinhas. Realmente ele parecia um coelho. Riu pensando nisso.

Depois dessa, havia outra foto. Esta tinha Taeyong também. Ele sorria de forma simples, um pouco atrás dos dois garotos.

Ten respirou fundo, sentindo uma sensação incômoda em seu peito ao ver o ruivo, ao lembrar-se dele novamente apesar de ter limpado um pouco seus pensamentos durante o banho. Tinha uma sensação no peito que mesclava vergonha, preocupação de ainda ter que vê-lo de novo depois do que ele lhe provocara, ao mesmo tempo que insistentemente, desde a primeira vez que vira Taeyong, uma sensação de falta. Uma falta que o fazia sentir algo percorrer sua barriga, sempre o lembrando que ela estava ali.

Ten se sentia confuso. Se sentia irritado consigo mesmo ao mesmo tempo que se sentia diferente. Não podia negar que apesar de terrivelmente envergonhado naquele momento no quarto do mais velho, estava se sentindo bem, queria que Taeyong o tocasse, queria que Taeyong o satisfizesse já que ele já tinha o feito chegar até o ponto em que chegou. Mas o ruivo só o abraçou e beijou de forma delicada duas vezes, o deixando querendo sentir mais daqueles toques.

E Taeyong apenas o deixou ir, ele deixou Ten querendo muito mais, mas o deixou fazer o que fez quando chegou em casa, completamente sozinho. Mesmo naquele clima e naquela situação, Taeyong não o forçou a nada. O induziu, mas não forçou. Era claro que ele também queria, pelo modo que olhava o tailandês e pelas suas reações, mas parecia que estava esperando uma aprovação que Ten simplesmente deixara no ar ao sair correndo, envergonhado.

Na cabeça de Ten havia uma incógnita enorme: eu o quero ou eu não o quero?

Nunca fora de ceder, nunca foi de gostar de ser manipulado ou na verdade de ser apenas mais uma boca a ser beijada no meio de várias. Tinha medo de se apegar, tinha medo de ser iludido. Mas com Taeyong, com aquela ação sua de simplesmente lhe dar a escolha de querer isso ou não, sentiu-se muito tentado. Muito. Ainda tinha esse medo dentro de si, mas ao mesmo tempo queria muito aceitar o fato de que era quase impossível resistir a aquele homem.

Queria tomar uma decisão, e iria, iria ainda hoje. Pela primeira vez Ten queria seguir o conselho de Jaehyun à risca. Queria se deixar levar, queria negar a si próprio e queria aceitar a tentadora proposta de Taeyong de ser seu primeiro caso. De ser aquele que lhe ensinaria o que ele queria aprender.