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Meus amigos me chamaram para ir à praia depois da escola.

Havíamos saído mais cedo, então tivemos tempo para aproveitar bastante.

Já era tarde e o sol estava se pondo. Nós estávamos jogando bola esperando o tempo passar até a hora de ir pra casa.

- Olha essa!

Disse Steve, meu amigo, dando um chute bicicleta jogando a bola longe.

- Eu vou buscar.

Me voluntariei.

Parei ofegante e apoiando minhas mãos em meus joelhos, tentando recuperar o fôlego, que eu havia perdido por ter subido as dunas correndo, e vi a bola nas mãos de uma garota que estava sentada observando o mar.

Uma garota pálida, com algumas sardas nos ombros e cabelos rosa.

Me aproximei devagar, não estava acreditando que ela estava bem ali na minha frente.

- Olá! É sua?

Me perguntou virando pra mim e eu assenti nervoso.

- Qual o seu nome?

- W_ ii_Will...

- Tome sua bola, Will.

Ela me devolveu a bola e virou-se novamente para ver o sol se esconder atrás do mar.

Eu dei uma travada, mas quando eu ia embora ela me chamou.

- Sabe Will? Eu sinto saudades. Ser criança é tão bom.

Eu não soube o que fazer. Ela estava falando comigo?

- Nunca queira crescer. Crescer é um porre.

Sentei ao seu lado com a bola em meu colo. Ela parecia ter mais a dizer. Ela era tão perfeita, tão encantadora, eu não conseguiria ficar em pé sendo que sempre que ela abria a boca pra falar algo minhas pernas bambeavam.

- Você acha que quando cresce tudo vai ficar mais fácil, mas não é assim.

Os seus olhos estavam cheios de lagrimas que ela tentava conter, mas uma lagrima fujona escapou de seus lindos olhos escorrendo pela bochecha lisinha e pintadinha pelas sardas.

- Os adultos são cruéis, Will. Os seres-humanos são cruéis.

Ela levantou limpando as lagrimas.

- Você sempre está pela pracinha da igreja, né Will? Você mora por ali?

Assenti freneticamente.

- Legal! Nos vemos por aí. Tchau!

Ela me deu um beijo na bochecha e foi embora me deixando estático.

- Will! Cara, tudo bem contigo?

Recobrei a consciência com os meninos me chamando, o sol já havia se posto e o céu estava manchado de laranja, rosa e lilás, aos poucos ganhando um tom escuro de azul, fazendo as pequenas estrelinhas, que seria difícil ver com a poluição da cidade, visíveis pra nós.

Já era tarde e nós precisávamos voltar pra casa.

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Nesse dia na praia, observando o pôr do sol, ela havia desabafado comigo.

E eu percebi o quanto aquela garota mais velha de cabelos tingidos havia me encantado.

Eu queria ser seu porto seguro, queria a proteger do mal.

Queria saber mais sobre ela e ficaria ainda mais triste quando descobrisse o que a perturbava e a fazia mal. 

Pink HairOnde histórias criam vida. Descubra agora