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No dia seguinte ao da praia e durante toda aquela semana eu fui todos os dias para a pracinha na esperança de encontrá-la e nós podermos conversar, mas ela em nenhum dia apareceu por lá, parecia que ela havia evaporado.

Eu via os amigos dela conversando, mas eu nunca tinha coragem pra ir até lá e perguntar por ela.

Aquela semana em um geral estava sendo horrível pra mim.

Meus pais brigavam todos os dias, minha mãe apareceu com outra marca roxa no rosto e até minhas matérias favoritas da escola estavam me chateando.

Quando o fim de semana chegou eu achei que as coisas iriam melhorar ou, pelo menos, voltar ao normal.

Mas não foi assim, na verdade foi naquele fim de semana onde tudo desabou.

O sábado havia amanhecido chuvoso e triste, e as 8 horas da manhã já tinha briga em casa.

Mas dessa vez a coisa foi seria de verdade.

Meu pai fez as malas e saiu em disparada com o carro e minha mãe foi correndo atrás no meio da chuva.

Minha mãe correu desesperada e caiu de joelhos quando viu que não era mais possível alcançar meu pai.

Eu engoli o choro, criei forças e trouxe minha mãe de volta pra dentro de casa. A convenci a tomar um banho e ir dormir enquanto eu arrumava a casa, pois tinha sujeira e coisas quebradas no chão da sala.

Foi uma briga e tanto.

Quando a chuva passou peguei uns trocados na bolsa da mamãe e fui até a vendinha do Seu Jorge, comprei algumas besteiras como bolachas e salgadinhos e uma lasanha congelada para almoçarmos.

Na volta passei na igreja para informar o padre Giovanni sobre o porquê de minha mãe não poder colaborar na gincana da igreja essa noite.

Quando estava saindo da igreja a chuva voltou com tudo.

No meio da chuva em um banco afastado pude ver alguém de cabeça abaixada e com os cabelos no rosto.

Era ela.

Fui até lá embaixo de chuva mesmo para cumprimenta-la e questionar o porquê de ela ter desaparecido e o principal "por que ela está nessa chuva?", mas quando estava próximo dela ela levantou repentinamente dando dois passos pra frente e caindo no chão. Rapidamente larguei as compras no chão e fui a seu encontro.

Ao me aproximar pude ver seu vestido rasgado e manchado de vermelho.

Me apressei ainda mais em levanta-la, mas todas as minhas forças se esvaíram ao ver o estado em que seu rosto se encontrava.

O seu olho esquerdo estava roxo e inchado, sua boca estava cheia de pequenos machucados, seu nariz sangrava e havia um corte profundo em sua bochecha.

Seus cabelos estavam desgrenhados e sujos de sangue.

Me recuperei rapidamente depois de analisa-la e a apoiei em meu ombro, mas por ela ser maior e mais pesada eu acabei me desequilibrando e escorregando em uma poça que havia se formado embaixo de nós e caindo no asfalto.

Senti uma forte dor nas costas por causa do impacto, mas ignorei e me apressei em ajuda-la.

Mas antes de apoia-la em meu ombro novamente eu ouvi um barulho estridente de buzina e senti uma dor de cabeça intensa.

E então tudo ficou escuro.

Pink HairOnde histórias criam vida. Descubra agora