Cap 8

1K 114 4
                                    


Capítulo 8

Nada jamais me faria desviar o curso da minha vida. Eu tinha um propósito. Os planos estavam traçados desde sempre. Quem poderia mudar uma virgula. 
(anotações de George, Londres, 1799)

George

De todos os meus pecados, eu soube, naquele momento em que a vi nua na minha frente, que ela seria o maior deles.
Por um minuto pensei em desistir, em fugir dali, eu o maior pecador, o maior libertino da Inglaterra, o desertor da mulheres, o destruidor dos lares, tinha pensado em deixar minha própria mulher nua e dado às costas.
Ela era perfeita nua, um desenho feito por algum pintor indecente que precisava impressionar não só o mundo, mas a todos os deuses. Ela era a Nefertiti, a rainha da beleza, uma divindade. A perfeição do seu rosto, a simetria perfeita do seu corpo, o tom perfeito da sua pele clara, os seus olhos.
Ali, nua, representando tudo de mais pecaminoso e indo contra os seus olhos que eram a representação da mais pura inocência, como eu não me lembrava a muito tempo. Eu tinha perdido aquela pureza pelo caminho da minha vingança e não encontrava aquilo em ninguém que me rodeava, muito menos nas mulheres que tocava.
Eu sabia que se tocasse em Helena aquilo estava perdido, por isso minha vontade de regredir, de voltar para trás. Só que era tarde demais. Por motivos óbvios! Tinham Susan, que sempre viria em primeiro lugar em tudo. Sua inocência também tinha gosto de sangue. E em segundo, o desejo que sentia por Helena, era maior do que tudo que já tinha sentido na vida.
Sem pensar em mais nada, a agarrei, precisando segurá-la em meus braços, sentindo seu corpo frágil perdendo as forças. Ela não sabia muito bem como beijar mesmo querendo parecer o pecado em pessoa e isso me deixou mais excitado, fazendo pressionar ainda mais meu corpo contra o dela.
Helena gemeu quando soltei seus lábios e mordisquei sua orelha, deslizando uma das mãos para um dos seus seios que responderam aos meus estímulos prontamente. Sem poder esperar nem um segundo para possui-la, peguei seu corpo em meus braços e a depositei na cama, parando um minuto para avaliar a beleza daquele instante, que com toda certeza ficaria marcado na minha memória, por mais que eu me esforçasse para esquecê-lo.
Suas bochechas estavam levemente ruborizadas e ela parecia ao mesmo tempo ansiosa e apreensiva.
- Não se preocupe, minha lady, cuidarei bem de você! - sussurrei maliciosamente, desabotoando a camisa depois de tirar rapidamente o paletó. As outras peças do vestuário saíram com a mesma rapidez e sua pele atingiu um tom avermelhado quando me viu nu.
Era excitante demais vê-la envergonhada pela minha nudez.
- Gosta do que vê? - a provoquei, lembrando do se jogo, minutos antes de tudo começar.
Ela engoliu.
- Pouco me impressiona! - respondeu tentando desdém.
Ela era puro fogo. Precisava de todas as armas para não me queimar.
Me debrucei sobre seu corpo, deixando minha respiração ofegante próxima ao seu ouvido. Podia sentir seu coração acelerado bater junto ao meu peito.
- Mente muito mal, minha lady.
Deslizei minha mão para o meio das suas pernas e ela não conteve um grito. Fui mais fundo querendo vê-la se perder. Queria que perdesse todo o controle que tentava impor sobre mim, maldita bruxinha! No entanto, a verdade é que quanto mais fazia isso, mais me descontrolava e quando a vi à beira do precipício e gemendo, gritando meu nome, não me contive e me afundei, sem controle, sem pensar em mais nada.
Não tinha vingança, nada de passado, sem futuro. Era diferente de tudo que já tinha vivido, dos meus pecados. Era como se estivesse ali, naquela cama, pagando por todos eles, ou talvez me redimindo.
Beijei seu lábios com ternura, agradecido por me proporcionar um momento onde pudesse vivenciar algo tão sublime.
Abri os olhos para ver a cabeça de Helena cair para trás e meu coração pulsou de excitação.
- Quero ficar dentro de você... - sussurrei beijando o seu pescoço. As palavras saiam sem meu consentimento - meu Deus, você é tão linda....
- George... - ela gritou, suas mãos afundaram em meus cabelos.
Minha visão ficou turva quando nossos olhares se encontraram e vi lágrimas nos seus olhos e não eram de tristeza, eram de paixão. Ela estava sentindo o mesmo que eu.
Continuei a dominando, estava bêbado por aquele sentimento que nunca tinha sentido na vida e que não queria que terminasse.
Então explodi junto com ela, sem conseguir sair de dentro dela como previsto, cansado demais para pensar em qualquer coisa, desabei do seu lado.
Quando dei por mim, levantei desesperado.
- Não, não, não, não, não!
Passei as mãos pelos cabelos, desesperado. Peguei os lençóis da cama e de forma rude, abri as pernas dela e retirei o excesso das minhas sementes que espalhadas ali me lembravam do quanto aquela mulher era perigosa.
Ela se encolheu na cama, a vergonha e o ódio estampados no seu rosto.
Recolhi minhas roupas do chão.
- Reze muito e se apegue a tudo que puder para não ter uma criança sendo gerada no seu ventre. Tenho absoluta certeza de que tudo não passou de um plano muito bem articulado para me enfeitiçar esta noite! - o ar parecia me faltar aos pulmões. Como tinha sido tolo!
Tantas mulheres na vida. Poderia ter qualquer uma, colecionar amantes, mulheres casadas, virgens inocentes e lá estava, jogando todo o passado, a vida de Susan no lixo.
- Você não sabe o que diz- murmurou.
Senti o maxilar se contrair. A odiava porque tinha o poder de reduzir meu autocontrole a nada. Maldita!
- Escute bem o que vou lhe dizer, - respirei fundo para não gritar as palavras que seriam ouvidas por toda a mansão. Apontei o dedo, para que ficassem bem claras - se um filho nascer de você, os dois serão enviados para uma casa que farei questão de não saber a existência e serão esquecidos. Morrerão a mínguas. Ele será um bastardo que nunca reconhecerei como filho. Farei questão de dizer que você me traiu com um lacaio e que fugiu desta casa. Você será esquecida e desonrada.
O ódio foi se acendendo no seu olhar com minhas palavras. Eu imaginava que o meu era maior.
- Você sabe, Helena, que uma única palavra de um duque tem o poder de destruir uma mulher. Você estará acabada e não terei o menor remorso. Eu avisei que não queria filhos. Não haverá herdeiros. Essa linhagem termina em mim. Está entendido?
Ela manteve o olhar, me desafiando e não respondeu.
- Estamos entendidos? - gritei, dessa vez sem me importar se o mundo escutasse.
- Sim, meu senhor! - respondeu engolindo o próprio orgulho.
Antes de sair, apaguei todas as velas. Estava envergonhado pelos meus próprios atos e deixá-la no escuro aplacava o que a mim se abatia.
Entrei no meu quarto pela porta de comunicação e a tranquei. Fiz a mesma coisa com as velas que estavam acesas lá.
A luz do luar, iluminava o suficiente para que eu me servisse de uma bebida forte.
Bebi até não parar em pé.
Destruído pelo meu próprio orgulho que estava em pedaços.
Quando o sol nascesse eu faria jus a tudo que me fora imposto pelo ducado e ao que tinha jurado por uma vida: vingança!

O dia em que te amei (degustação )Onde histórias criam vida. Descubra agora