Dont let them know

Na sorveteria - Parte 1

-Em primeiro lugar, quero que prometam que isso vai ser um segredo só nosso. Pelo menos por enquanto. - Dani disse, sério, enquanto se ajeitava na cadeira e mordiscava uma colher de sorvete.
-Não, quê isso? Não vamos falar pra ninguém se você não quiser, você sabe disso. - Andy respondeu, colocando os braços cruzados sobre a mesa.
- DanDan, só fala logo. A gente tá preocupado. Tanto com você quanto com a Ká. - Elidio encarava Daniel, com a boca entreaberta e os olhos apertados.
- Olha... Vamos lá, então. - Daniel largou o sorvete. - Vocês lembram.... Quando a Ká foi pra Curitiba.. Ver os pais dela?
Andy e Lico acenaram com a cabeça.
-Então... Me lembro que ela não queria ir. Assim que recebeu o convite do padrasto dela, ficou pensativa o dia todo. E eu perguntei o porque. Mas vocês sabem... ela se fecha bastante quando tocamos nesse assunto da família dela. - Daniel continuou, fazendo uma careta com a boca. - No fim da tarde, no mesmo dia do convite, ela já havia me dito que não iria... Mas recebeu uma ligação. Ela não parecia não gostar nada da conversa, mas não pude ficar até o fim, porque era quinta e eu já estava atrasado pro Improvável do Tuca. De qualquer maneira, sei que quando voltei pra casa depois, lá pras 00h, ela havia feito as malas e saído de casa. Tinha ido pra tal Curitiba.
- E você sabe o porque da família querer tanto ela naquela hora? O padrasto dela parecia tão ocupado na última vez que o vi na TV.
-Sei.. E essa é a questão. Quando a Ká voltou de lá, depois de mais ou menos uns 2 meses, ela voltou muito estranha. Ficou mais fechada comigo, não me falava da viagem. Um dia, cheguei em casa e ela estava chorando muito, soluçando, no banheiro. Eu a princípio até achei que ela estava passando mal. Até que abri a porta e lá estava ela, com o exame de gravidez nas mãos.
-Não é por nada não.... Mas você não tá querendo dizer o que eu tô pensando não, né? - Lico olhava assustado para ele, as sobrancelhas erguidas em um arco.
- Se o que você está pensando for o que eu acho que você tá pensando.. - Daniel disse, soltando uma leve e curta risada, olhando imediatamente  para baixo. - É isso mesmo. Aquele homem é influente. Quando ouvi tudo aquilo que ela me contou. A audácia dele. A fragilidade da mãe dela. Minha única vontade era de viajar até lá só pra poder resolver isso com minhas próprias mãos. Apertar a veia carótida daquele homem até me certificar de que ele não fosse mais fazer nenhum mal a ninguém, nunca mais. Fiquei muito bravo, ele despertou isso em mim. Fiquei muito triste pela Karina. Ela não merecia isso. Nunca mereceu. E nunca pôde e nem pode fazer nada, até hoje, pelo visto...
- Dani, não é por nada não, mas você nunca nos falou da família dela. A única coisa que sabemos é daquela avó italiana, que sempre apoiou ela em tudo... - Andy disse, as mãos apoiadas no queixo, pensativo. - Isso que você tá falando... tudo de mal que ele já fez.... O que quer dizer com isso? O que exatamente aconteceu?
- Aquele homem é importante. Se faz de boa gente. Tem sorriso carismático e o fato da mãe da Ká ser cadeirante só confirma pras pessoas essa máscara que ele tem. De ficar com ela mesmo assim.... depois do "acidente" que a deixou daquele jeito. O fato é que desde que ele se casou com a mãe dela, quando ela tinha lá seus 15 anos, ele abusava dela. E a ameaçava, muito. Ele tem seus contatos. Que nem disse, é importante, mais do que imaginamos. Anos depois ela me conheceu e isso até foi bom porque aí ela tinha desculpas pra sair de casa e até passar a noite fora. A Zoca sempre tentou fugir, se desviar dele. Quando se especializou nessa coisa de ser culinária e chef de cozinha, isso foi a chave que faltava pra que ela pudesse se despedir oficialmente daquele lugar... Mas a mãe dela ainda estava lá. E ele usou ela pra ameaçar a Ká. E deu certo. Nem eu sei direito como aconteceu, mas só quero que saibam que foi ele quem causou a paralisia daquela mulher. Foi uma ameaça cumprida. Uma forma de mostrar pras duas quem ainda tinha o poder ali. Elas nunca se atreveram a falar nada porque sempre que tentavam, ele cumpria uma nova ameaça, e sempre na mãe dela, porque sabia que nela doía mais... doía nas duas.

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*Meus amores, eu só queria dizer que tô muito feliz com esse feedback bom que a história está recebendo! Muito obrigada pelo carinho, e pelas cobranças pela continuação, também. Rsrs Espero que tenham gostado do capítulo, essa semana vou me esforçar ao máximo pra postar a Parte 2. Enjoy ❤*