17 - Frio

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Frio o bastante para arrepiar meus ossos (Cold/Maroon 5) 

Acordo. Por um instante penso que tudo não passou de um pesadelo, mas a realidade me dá um tapa na cara: Ainda estou em uma cadeira com as mãos esticadas e presas. Ainda estou com um pano na boca. Ainda estou apavorada. Encaro o escuro e frio lugar em que me encontrava. Olho para as minhas mãos e mal consigo move-las. Só consigo sentir o cheiro de sangue seco e nem preciso enfatizar que também sinto cheiro da morte. Morte. É tudo que eu consigo pensar agora.

Não sei o que aconteceu com a pessoa que me sequestrou. Ela estava há alguns minutos me torturando psicologicamente, dizendo que a próxima pessoa que ela iria matar era ... Harry. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Começo a mexer na cadeira. Você não vai matar mais ninguém. Não vai tocar nenhum dedo nas pessoas que eu amo.
Me jogo para frente e para trás tentando quebrar a cadeira, mas a tentativa é falha.
Mais lágrimas e lágrimas.
É só isso que eu sei fazer? Chorar  e aguardar a morte das pessoas mais importantes da minha vida? Eu sou patética.
Me jogo novamente para frente e para trás. Fico repetindo o movimento até que consigo fazer com que a cadeira caia para trás.
Sinto ela espatifar nas minhas costas, balanço meu corpo cada vez mais e mais para me soltar da mesma e funciona. Rapidamente solto a minha mão esquerda e ignorando a dor do corte com a faca, solto a mão direita e me levanto batendo em alguma coisa pegajosa e gelada.
—- O que diabos...? — Grito ao ver que se tratava de um porco morto, estendido em um gancho acima de mim. Era isso, estava em um frigorífico e isso explicava o grande galpão e o frio. Olho para cima e centenas de corpos de porcos, pedaços de carne de gado, estavam estendidos em um gancho. Um arrepio percorre pelo meu corpo. Parecia que estava ficando cada vez mais gelado. Eu mal conseguia sentir minhas mãos.
Balanço a cabeça.
Logo a pessoa que me trancafiou aqui dentro voltaria. Precisava ser rápida. Precisava encontrar uma saída.
—-Certo— Começo a procurar por uma saída. Mas não via sinal de nada. Nenhuma janela. Nenhuma porta. Nada. Coloco minhas mãos em volta dos braços. Eu estava congelando. Tremia tanto que acabo me sentando no chão para tentar me aquecer com o próprio calor do meu corpo. A única coisa que conseguia pensar era em Harry e desejar que ele não morresse.
—- Por favor — Sussurrava. Me levanto novamente e soco a parede. Soco mais uma vez e nem sinto mais dor, já que minhas mãos estavam adormecidas por causa do frio.
—- O que você quer de mim? Vamos! Me diz! — Grito e soco a parede mais uma vez.
—- Não era me torturar o que você queria? — Grito mais uma vez. Minhas mãos sangravam.
— Eu não aguento mais — Caio ao chão e me encosto na parede fria. O frio tinha diminuído, mas a dor no meu coração não. A sensação de impotência e fragilidade não.
— Eu te odeio. Te odeio. E vou acabar com você. Eu prometo — Espremo minhas mãos e deixo o sangue escorrer, pingando-o no chão, como se estivesse fazendo um pacto.
—- Você vai jurar nunca ter feito isso comigo — Digo irada. Conseguia escutar as batidas do meu coração de tão altas que estavam.
—- Você vai me implorar por sua vida e eu não terei nenhum um pingo de remorso quando eu acabar com ela e quando eu ver a vida esvaziar de seus olhos.
Me levanto e grito. Grito como se fosse adiantar. Grito como se toda a raiva fosse sair de mim. Grito porque estava com medo e com ódio. Grito porque estava cansada de ser alvo do joguinho de quem quer que fosse.

{...}

Narrador em terceira pessoa

Zayn encostara sua cabeça no volante do carro. Estava cansado e mais do que qualquer outra coisa, estava com medo. Medo de perdê-la. Medo de não ter sido bom o suficiente para ela. Medo por ter abandonado-a. Ele devia ter feito algo em relação a garota desde que percebeu que ela já tinha exagerado a dose. Devia tê-la carregado dali antes que a confusão acontecesse, mesmo que ela o esmurrasse ou xingasse.
Ele suspirou. Já havia procurado por todas as zonas mais distantes do centro da cidade. E não havia feito 24 horas ainda para poder acionar a polícia local. Não que fosse adiantar algo. Ele pensou, já que o verdadeiro assassino estava impune por aí.
—- Droga, droga —- Zayn esmurra o volante, apertando a buzina e assustando uma velhinha que andava por ali. Ele sabia que não ia adiantar nada ficar parado, então decide sair do carro e andar pelas redondezas.
—- Eu juro que se eu pegar esse cara, eu mato-o —- Ele diz trincando seu maxilar e apertando tanto seu punho que seus dedos ficam brancos.
—- Se ele tocar em algum fio da Scarlet— Ele fecha os olhos, mas não consegue conter tamanha raiva e acaba chutando uma lata de lixo qualquer que tinha na rua.
Ela era o único assunto em que ele não conseguia se controlar.
Zayn se encosta na parede de um beco por um instante e respira fundo. Nada iria adiantar sair por aí chutando todas as latas de lixos da cidade. Isso não a traria de volta. Então, como se convencesse a si mesmo, respirou fundo e ficou calmo. Ele teria que colocar a cabeça para funcionar.
—- Não entendo. Eles já deveriam ter ligado para pedir uma recompensa...a não ser que—- Ele para. Parecia que tudo tinha feito sentido em sua cabeça agora.
—Eu sou um idiota. Eles não vão ligar—- O mesmo pega as chaves do carro e volta para a casa.

{...}

—- Eles não vão pedir dinheiro— O moreno diz, assim que chega em casa e vê Harry e Rosely esperando por notícias.
—- O quê? Como assim, Zayn?— Rosely pergunta desesperada.
—- O que te fez pensar nisso? —- Foi a vez de Harry perguntar.
—- Simples. Já faz algum tempo que ele ou ela, enfim, está jogando sadicamente com o psicológico de Scarlet. E quem quer que seja, já teve a chance de matar Scarlet antes e não o fez. Então suponho que seja mais um de seus joguinhos mentais. — Ele suspira.
—- Então quer dizer que ela, de algum modo, está bem? — Rose pergunta esperançosa.
—- Não matar não significa que eles não estão torturando-a fisicamente —- Zayn encara o chão. Rosely começa a chorar novamente.
—- Se eles não vão ligar, o que devemos fazer? Vamos ficar sentados até que esse maníaco decida que já brincou com ela o suficiente? —- Harry se exalta e coloca as mãos no colarinho de Zayn. Os dois ficam se encarando pelo que parecia uma eternidade.
—- Você acha que eu não sei disso? Você acha que eu não quero ir lá e salvá-la? —- Parker responde furioso. "Se ele queria briga, briga ele iria ter". O garoto pensou.
—- Garotos! Chega! Eu não aceito briga aqui dentro de casa! — Rosely grita e separa os dois.
—- Vocês deviam ter vergonha! Deviam se unir e procurar pela minha sobrinha. Brigar não vai adiantar em nada. —- A voz de Rose ficava cada vez mais aguda e embargada por causa do choro. Os dois garotos se entreolharam envergonhados.
—- Vamos esperar mais um pouco — Rose falou e o silêncio se instalou novamente pela casa.
Depois do que se pareceram horas, o telefone toca. Zayn rapidamente se levanta e atende. Seu coração estava muito acelerado.
—Alô?
— Acho que já está na hora de irem resgatar a princesinha...
— Quem é? O que fez com a Scarlet? — Ele grita.
— Ela está bem. Digamos que ela só está congelando um pouquinho... — O garoto escuta as risadas do outro lado do telefone e seu estômago embrulha.
— Eu vou acabar...
— Vou enviar o endereço pelo seu celular — A pessoa com a voz modificado fala.
— Por que você está fazendo isso com ela? Qual o obje...
— É melhor vocês se apressarem ou ela pode pegar um grande resfriado — E antes que Zayn pudesse dizer mais alguma coisa, a pessoa desliga.
— Desgraçado — Ele esmurra a parede, logo seu celular apita e como dito, estava lá um endereço. Zayn apenas respira fundo e pega sua arma.
— Vamos Harry — Sem questionar nada, Harry se levanta e segue o mesmo.
— Tragam-na de volta  — Rose diz e os dois garotos assentem.

Fim do narrador em terceira pessoa

Tremia tanto que não conseguia mais controlar os movimentos do meu corpo. A minha mente parecia trabalhar cada vez mais lentamente. Fecho meus olhos. Tanto porque minha mente não estava completamente sã e vez ou outra, começava a delirar que Harry e Zayn estavam aqui, quanto por estar cansada e fraca.
— O... q-que... eu v-vou...fa-fazer?—- Tento dizer desesperada.
De repente, o cara que me sequestrou aparece em minha frente.
—- Sa-saia! N-não enco-coste em mim! — Tento afastar meu corpo, mas ele não se move.
—-Você procurou por isso Scarlet — ele dizia e se aproximava cada vez mais.
Fecho os olhos esperando que ele me machucasse, mas nada acontece.
—- O quê? —- Abro os olhos e a pessoa tinha desaparecido. "Ótimo", penso. " Mais uma alucinação". Abraço meus joelhos e só conseguia ficar pensando no frio e no quanto meu corpo ficava mole e no quanto as batidas do meu coração começavam a diminuir. Encosto minha cabeça na parede.
{...}
Não sei quanto tempo passou. Mas sinto que estou sendo carregada.
Será mais uma das minhas alucinações?
Não consigo abrir os olhos, mas sinto um calor bom. Muito bom.

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E aí?
Olhem qm está de volta?
Só queria dizer que os capítulos anteriores já estão revisados e que o próximo cap não vai demorar sair!!!
Espero que gostem e que voltem a acompanhar a história!!!
Bjos
Jessy

Criminal MindOnde histórias criam vida. Descubra agora