1- Bem-vinda ao inferno

628 22 5
                                    

Estou na entrada para o inferno (Highway to hell/Ac/Dc)

—O que está acontecendo?—Questiono nervosa, olho para minha mãe que estava com os olhos vermelhos e trêmula. Ela não ousou dizer uma sequer palavra.

—São os oficiais da justiça. Eles irão te prender— Meu pai falou me olhando com desprezo. Podia sentir a repulsa, o nojo que transmitia quando se dirigia a mim. Meu próprio pai. Estava tão atônica que nem tinha percebido que as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Cada vez mais.

—O que?!—O semblante endurecido de meu pai se tornou um borrão. Tudo estava embaçado por conta das lágrimas e nem sei como ainda conseguia me manter em pé. Ele lança um olhar reprovador.

—Você matou aquela garota inocente. Por ciúmes! Estou envergonhado Scarlet. Agora, quero que não seja covarde e que assuma as consequências dos seus atos.
—Por favor Pai, eu te imploro! Eu não matei... eu não matei...— Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, sinto um forte ardor no rosto. Coloco um de minhas mãos sobre a minha bochecha que parecia que estava pegando fogo e encaro meu pai. Ele havia me dado um tapa na cara, mas de longe, suas palavras doíam mais do que qualquer tapa que ele poderia me dar.

— Eu não tenho mais filha. E esta, não é mais sua casa. Agora, se me dá licença — Ele vira as costas para mim, levando consigo qualquer pingo de dignidade que me restava ou qualquer esperança. Meus próprios pais não acreditavam em mim. Começo a soluçar e noto que minhas mãos estavam tremendo.

Congelo. Os policiais começavam a   invadir a sala de estar da minha casa.
—Não toquem em mim! Não toquem em mim!— Me debatia desesperadamente enquanto eles me algemavam. Eu não conseguia respirar, sentia uma dor tão aguda no peito que parecia que meu coração havia se quebrado em milhares de pedaços.

Quando os oficiais começaram a me empurrar para fora de casa, grito:

—Eu não sou culpada!!Eu não matei Blair White! Acreditem em mim por favor!!!Mãe, por favor!!—Quando passo por ela, ela abaixa a cabeça e ignora. Meus olhos suplicavam por ajuda, por crença, por fé, mas tudo que recebi foi um belo de um soco na cara. E dói tanto.
Sinto-me nada mais que um ser desprezível. Miserável.

Ergo meu olhar e vejo Harry parado em frente à porta da minha casa. Ele tinha que acreditar em mim! Os policiais me empurravam para fora de casa e ele, me acompanhava com o olhar. Paro, para que eu pudesse falar com ele.

—Harry...— Ele balança a cabeça e me interrompe.
—Não precisa dizer nada— Sinto meu estômago embrulhar e tento colocar firmeza em minha voz. Eu precisava de seu apoio, eu precisava de seu amor.
—E-eu...Você acredita em mim?—Eu olho no fundo dos seus olhos.

—Que você é uma assassina? Claro que sim!-Ele diz amargo e vira as costas, andando em direção oposta à minha casa.
— Então por que veio?— Grito e sinto os policiais me empurraram.
— Por que veio? ME DIZ? — Sinto as lágrimas escorrerem.
— Você ainda não entendeu? Ele veio para ver você sair presa daqui e ir para o lugar que merece — Percebo Gemma- a irmã mais nova de Harry- se aproximar da minha casa, juntamente com um grupo de garotas. Olho para o local onde estava Harry, mas ele havia sumido. Assim como todos os outros. Todos os outros que me disseram que me amavam e que se importavam comigo.
— Vagabunda — Sinto algo duro bater nas minhas costas e pelo cheiro, percebo ser um ovo.
— O que...— Levanto meu olhar para uma das garotas que estavam com Gemma.
— Você vai pagar caro pelo que fez — O grupinho começa a tacar um monte de coisa em mim e as ofensas aumentam. Coloco as mãos sobre o rosto para me proteger. Sinto mãos me empurrarem e uma confusão de policiais e gritos histéricos começar atrás de mim.
Estava suja. Pegajosa.
Estava sozinha.
Aquela era a situação mais humilhante de toda a minha vida.
Entro na viatura. É isso. Sou uma assassina. Uma assassina que não merece nada menos do que uma infernal vida na cadeia e era para lá que eu estava a caminho.
Através do vidro da viatura, olhei para a casa que tinha sido meu lar. Suspiro e fecho os olhos. Não se abandonava as pessoas que ama. Pelo menos, era isso que eu acreditava.

[...]

Chego a penitenciária. Não consigo expressar o que estou sentindo. Tristeza, medo, ódio. Tudo se misturava e se transformava em uma bola de neve.
Na entrada da prisão, uma mulher manda eu entregar todos os meus pertences, exceto a roupa, a qual iria trocar. Tiro meus brincos, meu colar e até mesmo a pulseira que usava em todos os lugares. A pulseira que minha avó tinha me dado quando criança. Lágrimas escorrem e me sinto fraca. Entrego todas as outras coisas. Logo visto a roupa de presidiária.

Sendo conduzida para a minha cela, lembro-me do que minha vó costumava dizer. Ela pedia: Seja forte minha querida, seja corajosa e acima de tudo, seja gentil". Era engraçado como essa frase se encaixava agora.
—Acho que não consegui ser o que me pediu vovó — Seco meu rosto. A policial me leva até uma pequena cela, cheia de mulheres e antes de me jogar lá dentro, me dá  um sorriso maldoso e diz:—Bem-vinda ao inferno querida!!—E me tranca.

Criminal MindOnde histórias criam vida. Descubra agora