Criminal Mind

22 - Evolução

— É isso mesmo que eu estou ouvindo? Você quer roubar a identidade do meu pai? E como você acha que vamos conseguir fazer isso mesmo? — Disparei incrédula. Por que diabos Zayn estava pensando que isso iria dar certo? E olha, ele é o mais racional de todos nós.

— Eu sei que vamos conseguir porque é um plano meu. Meus planos nunca falham — Quase revirei meus olhos quando Parker disse isso, mas não havia nenhuma hesitação em sua voz.

— Zayn, eu sei que você é ótimo com planos, mas ainda não consegui entender como roubar a identidade de Oliver vai nos ajudar com o registro da arma — Tia Rosely ponderou delicadamente. Virei minha cabeça em direção a Zayn que estava com um brilho estranho nos olhos. Fala sério! Esse cara realmente se acha!

— Tudo bem. Quando eu disse identidade, na verdade estou me referindo mais a identidade dele como policial. Policiais possuem acesso ao registro de armas locais, não? Ou melhor, e se a arma vir diretamente do meio da polícia? Vocês ficariam surpresos com quantos policiais corruptos já tive o desprazer de trabalhar

— Faz sentido. Então, o plano é invadir a casa dos pais da Scarlet. Não me parece tão complicado assim — Foi a vez de Harry se pronunciar. A condescendência em seu tom de voz me irritou um pouco. Harry estava subestimando aquela situação toda.

— Eu não disse que era complicado — Parker falou e podia jurar que os olhos de Harry soltaram faíscas em resposta.

Levantei um pouco atordoada, fazendo com que a atenção fosse voltada para mim.

— Para vocês pode ser fácil. Mas não são vocês que estão ferrados emocionalmente como eu estou. Não sabem como ainda é dolorosa a última lembrança que tenho daquela casa — A tentativa de falar de uma forma firme foi totalmente fracassada. As lembranças dos meus pais ainda sangravam por causa da ferida aberta. Posso dizer que nunca parou de sangrar, desde o dia que sai de lá.

— Querida... — Tia Rose me enlaçou em um abraço.

— Não vejo a necessidade de você ir até lá — Zayn disse, quase podia-se notar a decepção em seu rosto, como se me dissesse que eu era fraca demais para conseguir seguir com isso.

— Nós podemos ir, Scar. Não se preocupe — Harry disse. Sua voz era suave, como se tivesse todo o cuidado para não me machucar.

Eu não sabia que estava tão chateada quando as palavras começaram a sair da minha boca. Saí do abraço de tia Rose e dei uma soco na mesa. Os dois me olharam como se eu estivesse completamente doida.

— Vocês acham mesmo que eu sou fraca, não acham? Eu disse que não ia ser fácil pra mim, porque envolve uma carga emocional muito desgastante. Não disse que não queria me envolver. Falar sobre os sentimentos não faz de mim uma pessoa fraca. Ser sincera sobre estar com medo não me faz menos que qualquer um de vocês. Estou farta de ser subestimada. Eu não sou a droga de uma flor frágil que vocês pensam que vai ser estraçalhada a qualquer momento. Eu sei que já chorei bastante e eu ainda continuo chorando, mas isso mostra que eu sou a droga de uma humana — Termino batendo a mão tão forte no meu peito que sinto o ardor, mas isso não me incomoda.

— Estamos falando da minha sobrinha, seus idiotas — Tia Rosely falou orgulhosa e pela primeira vez em muitas semanas, finalmente senti orgulho irradiar por todo o meu corpo. Havia sido um longo caminho até conseguir construir confiança o suficiente para poder externar tudo isso. E bem, estou aqui. E posso claramente ver agora a evolução de tudo que vivi até hoje. A minha evolução.

Depois de alguns segundos com um cara surpresa, Parker abriu um sorriso. O sorriso mais genuíno e espontâneo que eu tinha presenciado até agora. Merecia até uma foto. Harry ainda não havia se recuperado, ainda me encarava como se eu fosse um completo alien. Acho que ele ainda precisava de um tempo pra se acostumar.