CAPÍTULO 27- A MÃE DE PEDRO"PEGA PESADO"COM O FILHO!

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Pedro estava sentado numa cadeira na cozinha olhando a mãe guardar as compras que Otávio mandara entregar.

Se fosse em outros tempos, ele ainda teria dúvidas de que ela não sabia que ele entregaria tudo aquilo justamente naquela tarde, mas agora, imaginou ele comentando com ela, ao que ela fez plantão ali desde às 13 horas, só pra receber as compras ao lado do filho.

_Olha só este iogurte aqui, Pedro!Otávio sempre compra as melhores marcas pra você. Este é o mais caro. Meu Deus! E veja bem isto aqui: justamente a marca da soja que você gosta! Ele é um amor!

Pedro ficou calado enquanto ela cobria o ex-futuro-genro de elogios.

_Quantos homens gostariam de estar no seu lugar, meu filho. Quantos queriam ter um namorado que se dedicasse tanto.

_Mãe, a gente não é namorado mais, já falei isso mil vezes!_desabafou desanimado.

_Se não são namorados, então são o quê? Porque ele literalmente tem te sustentado desde que você fez merda com a sua vida!

Ele quis gritar que realmente decidira "pular" na frente daquele cachorro para que ele o jogasse sobre aquele carro e resultasse em tudo aquilo que veio a seguir. Mas resolveu se controlar um pouquinho mais.

Talvez ela já tivesse ficado ali o suficiente e já estivesse indo embora. Bastava ele ficar caladinho, sem retrucar, ela perderia a graça por se ver no meio de um monólogo e iria embora o chamando de filho ingrato.

_Não entendo por que vocês não se casam logo. O que mais falta pra você aceitar o pedido de casamento dele?

"Amor", quis dizer, mas sabia que ela considerava o relacionamento gay como apenas dois homens fazendo putaria e dividindo as despesas. Ela não conseguia ver nada romântico, mesmo fingindo acreditar que Otávio o amava. No fundo, ela toleraria a homossexualidade do filho para ter um genro médico e exibir para os amigos e para a família.

Achava que ao lado de um médico, o fato do filho ser um veado passaria despercebido a todos.

_Responda, Pedro! Fica aí olhando para o nada como se tivesse batido é a cabeça naquele acidente!_berrou a mãe impaciente._Aceite se casar com o Otávio e seja feliz pra sempre, filho!

_Eu não amo o Otávio!_explodiu Pedro._Quando a senhora vai entender isso, mãe?

_O amor vem com o tempo. Acha que eu amava o seu pai quando me casei?

Ela se casara assim que soubera que estava grávida. Não queria ficar falada na cidade pequena do interior, onde eles moravam.

_O caso da senhora foi diferente. Eu não estou grávido. Não preciso me casar às pressas.

Ela bufou:

_Você é ridículo! O cara move céus e terras, te dá o mundo, paga todas as suas contas e ainda te chama pra sair desse muquifo e ir morar com ele num apartamento de lixo lá no centro da cidade e você vem falar em amor?

_Mãe, eu não vou me vender! A senhora quer é que eu me venda, me prostitua? Que eu dê o rabo em troca de casa e comida, é isso?

_Mais respeito comigo, Pedro!_ela se indignou.

_Mais respeito comigo digo eu, mãe! E além do mais ele não está pagando nada pra mim. Eu irei reembolsá-lo assim que largar estas muletas e arranjar um emprego! Pode apostar!

_Pra que isso, Pedro? O amor virá com o tempo e todos nós temos que fazer sacrifícios na vida. Não vê a cruz que carrego com o seu pai?

Ele fechou os olhos e esfregou as têmporas já sabendo que agora ela passaria meia hora reclamando de todo o trabalho que o pai dele dava pra ela.

"Oh inferno de vida!", ele pensou, enquanto ela ia atender a porta.

Minutos depois, ela voltava irritada e jogava um papel nas mãos dele.

Ele olhou e não acreditou: o dono do apartamento estava aumentando o aluguel em 30 por cento já para o próximo mês.

_Mais uma despesa para o pobre do Otávio._ela desabafou.

_Mãe...dá um tempo!

Ela pegou a bolsa e parou na frente dele:

_Seja sensato, meu filho: ele é um garoto de 19 anos, ainda está estudando, ainda nem tem o próprio emprego e deve estar usando a mesada que o pai dele dá pra ele pra te sustentar... te sustentar, Pedro! Tenha um mínimo de dignidade de facilitar as coisas pra ele e vá logo morar junto com o Otávio, antes que o pai dele meta o pé na bunda dele...porque logo o pai do Otávio verá que o filho está sustentando um gigolô, isso sim!

Quando ela bateu a porta, deixando Pedro sozinho, ele achou que aquele som havia selado o seu destino pra sempre: ela estava certa. Ele estava na posição de gigolô vivendo às custas de um rapaz que nem era o seu namorado.

Naquele momento, ele, arrasado, começou a avaliar se seria um sacrifício tão grande ir morar com Otávio e aceitar voltar a namorar com ele.

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VOCÊ VEM?-Armando Scoth Lee (Revisado em 2020)Onde histórias criam vida. Descubra agora