Capítulo 3

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Ele estava lá, caído no chão gelado do Berg, quase morto, todos chamando "Thomas. Acorda cara. Thomas!". Não aguentava mais isso! Ele não pode morrer! Não naquele momento.
Minha missão é cuidar dele até a morte, mas sua morte não devia ser assim, nem agora. Precisava fazer algo.
De acordo com Ariel, para eu ir para perto dele, tinha que pressionar o portal com as duas mãos e lembrar do melhor momento com ele. Mas e agora? Todo momento foi perfeito para mim. Como escolheria o melhor?
Então respirei bem fundo, fechei os  olhos, e, por meio das lágrimas, o melhor momento de nós dois foi vindo na minha mente: o dia em que ele chegou no Labirinto.
Quando coloquei minhas mãos no portal, senti uma onda de calor invadindo meu corpo, e quando abri meus olhos, já estava ao lado dele. Todos preocupados com Tommy, tentando fazer primeiros-socorros com a maletinha que estava no Berg, estancando o sangue que atravessava sua camisa.
Então me ajoelhei perto dele e fiz um pedido, tão baixo quanto um sussurro:
     -Tommy, fica, por favor. Eles precisam de você.- com um aperto no coração, o abracei antes de deixar minhas últimas palavras saírem- Eu preciso de você vivo. Eu te amo, meu eterno fedelho. <3
De repente não senti mais ele, nem ouvi mais os chamados de Gally, Minho ou Caçarola, ninguém! Logo percebi, já estava de volta no meu quarto. O tempo foi curto, mas foi o suficiente para me sentir melhor, pude vê-lo mais uma vez, sem saber se ele se foi para sempre ou não. Se eu o verei de novo? Não sei, mas aquele momento foi o melhor momento. Minha melhor lembrança com Tommy.
Meus pensamentos estavam tão longe que não escutei alguém entrando no quarto.
    -Você foi incrível, para um iniciante, meus parabéns.
Me virei para ver quem falava. Me deparei com um garoto alto e cabelo crespo, parecia bem mais velho, mas minha visão estava turva.
      -Não estou entendendo.
      -Thomas,- o garoto apontou para o portal- normalmente, um protetor iniciante não consegue fazer o que você fez.
Minha visão foi melhorando, e então vi quem estava falando.
Chuck.
      -Oh pelos Plongs! Chuck?- corri para o abraçá-lo. Ele estava tão forte que quando me abraçou, senti meus ossos estralando- O que faz aqui e como cresceu tão rápido?
      -Bom te ver Newt.- ele me falou com um sorriso- Fiz exercícios e treinamentos. E Mark me deu a liberdade de escolher minha idade, já que morri cedo. Tenho 18 anos.
Não estou acreditando que aquele fedelho está enorme. Meus Deus!
     -Ah. E eu sou seu auxiliar.
     -Auxiliar?-  não era para ser ao contrário?
    -Sim. Vou te ajudar em tudo. Como se eu fosse seu instrutor ou um braço direito. 
Não imaginava Chuck lá. Achava que esse lugar era só para protetores.
        -Então, quem você protegia?
        -Pois é,- Chuck sentou na cadeira, já sei que lá vem história por aí...- como eu disse, sou seu auxiliar, então protegia Thomas também. Mas diferente de você, eu estava destinado a morrer naquele momento, então teve de protegê-lo sozinho.
Ele parecia feliz estar feliz por me ver, mas notei uma tristeza em seu olhar ao falar que sua morte foi planejada.
    -Mas, o que eu consegui fazer, exatamente?
   -Salvou Thomas da morte. A Morte não pode levar o seu protegido se você estiver lá. E parece que você soube o momento exato para ir lá.
Fiquei sem reação ao ouvir aquilo. Então, se eu não estivesse lá, ele teria morrido. Tommy teria morrido. Seria dor demais para mim. Ao menos salvei ele. Ele estava salvo, e eu cansado.
   -Chuck, preciso descansar.
    -Sem problemas- ele disse se levantando- Quando acordar, só chamar.
Quando Chuck saiu, dei mais uma olhada para o portal. Tommy estava desacordado, com meu colar na mão.
"Obrigado por estar na minha vida"
E dormi.

Um anjo da minha vida (Depois de A Cura Mortal)Onde histórias criam vida. Descubra agora