1915

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A doce menina a esmo espera 
Alguma alma ou cor que alcance ela
Sempre em sua torre vazia a sonhar 
Contando ladrinhos, dores e conchas do mar 
Ela espera que sua vida vire arco Iris 
E o anil a salve da danação que vive
Pois sua alma ainda vaga em negação 

A torre é fria e sua alma também 
Ela está estatica muito além 
Além do mundo que a cercou um dia
Quando ainda vagava como doce menina
E por todos era amada e querida

Morte certa não foi certeza de morte
Deixaram-na presa a sete palmos da sorte
Em últimos suspiros chorou pela mamãe 
Que foi devorada pelos selvagens cães 
Do homem corrupto que sua casa invadira

Acordou na torre onde agora finge que vive
Ilhada e isolada de tudo que ainda existe
Como sempre fora uma indigente tão só 
Vive na torre dando saltes, choros e chistes
Pois viva não está mais infelizmente 
Desde o ano de mil novecentos e quinze.

Depois da Meia NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora