Camila acordou apenas no outro dia, com o sol invadindo o seu quarto sem permissão. Se mexeu, ainda de olhos fechados, e percebeu que sentia falta de algo. O calor de Lauren. A Ice Lauren estava mais quente do que nunca ontem. Além de sexy, estava carinhosa, terna e preocupada mais com o prazer da morena, do que com o dela.
Não era novidade que Lauren tinha ido embora. Afinal de contas, fazia muito tempo, e a sra. McGregor jamais deixaria que ela se sentisse em casa, ainda mais depois de notar que algo de estranho aconteceu. Camila só não sabia que ela tinha acertado em cheio.
Mas a grande questão naquele momento não era o que a sra. McGregor pensava à respeito. Não, isso definitivamente não importa. Ela não tem nada que se meter na vida de sua patroa. A grande questão era: aquilo era realmente certo? Acontecer daquele jeito? Porque, se for parar pra pensar, não tem nada de errado em algo que a fez retornar para vida. Camila sentiu algo positivo. Se sentiu viva. Mais viva do que nunca. Um ano poderia parecer muito, mas as lembranças dos momentos com Austin ainda eram presentes. No final das contas, Austin era sua mais íntima companhia, era quem mais estava com ela, até... até Lauren lhe fazer sua. E lhe dar um orgasmo que Austin nunca deu. E fazer sentir prazer de um modo que Austin nunca fez. Era justo com ela? Com ele? Com Lauren?
Não sabia o que sentir e por quem sentir. O período de luto já deveria ter passado, porque já faz um ano! A vida continua! Está demorando demais para ela seguir em frente! Talvez Lauren fosse aquela porta aberta, pronta para Camila. Aquele gancho que irá puxá-la e dizer como recomeçar. Ela não tinha que se apaixonar por Lauren. Nem devia. Não sabia até onde iam suas intenções. Ela tinha que apenas aproveitar a companhia da morena, com sexo ou sem sexo. Lauren lhe fazia sentir viva, como se a vida realmente fizesse sentido outra vez. Quem sabe devesse investir nessa amizade... impondo limites. Por mais que tenha sido prazeroso, Camila gostaria de limites.
Lauren acordou, e o peso sob seus ombros parecia ter dobrado. Três chamadas perdidas de Harry, que com certeza deve ter ficado puto ao não receber notícias de Camila. Quem também não recebia telefonemas de Lauren era Dinah. As duas tinham o costume de ligarem uma para a outra e partilharem um pouco das novidades de suas vidas corridas.
Dinah era o tipo de pessoa que bastava você pensar que ela estava na sua porta, ou ligando pra você. E lá estava ela, na porta de Lauren, querendo se livrar um pouco da agitação de Nova Iorque, preferindo a calmaria de São Francisco.
– Jauregui, sua vadia! Acorde logo! O dia está lindo! – Dinah esmurrava a porta, atraindo a atenção dos vizinhos.
Aquilo só podia ser brincadeira. Ou um sonho. Era melhor que fosse um sonho, porque era uma brincadeira muito de mal gosto. Lauren coçou os olhos, tentando ouvir Dinah com mais clareza, se certificando que a amiga não era alguma peça de um pesadelo. Amava aquela amiga, mas... naquele momento... ela queria apenas que as pessoas deixassem de nota-la, para que ela pudesse pensar sobre o que aconteceu no dia anterior, e de como isso reflete nela.
Arrastou seus pés descalços, até encontrar a amiga, com uma pequena mala de rodinhas.
– Bu! – deu uma risada – Papai Noel chegou mais cedo, Lo.
Dinah abriu espaço entre a porta e Lauren, já entrando e se jogando no sofá, enquanto Lauren fechava a porta e se desculpava com os vizinhos pela gritaria.
– Papai Noel é mais bonzinho. E... angelical, Dinah.
– Não se for eu!
O silêncio se criou, o suficiente para que Dinah soubesse que havia algo de errado com Lauren. O modo como ela a recebeu dentro de sua casa, o sono exagerado, e a vontade aparente de querer sumir... isso tudo tinha que ter alguma explicação lógica. E Dinah sabia que tinha.

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A visita(Camren)
RomanceCamila Cabello, grande cantora famosa, está sofrendo com a morte do seu ex-namorado, Austin Mahone. Abandonou os palcos e trocou seu apartamento em Nova Iorque para um casarão em São Francisco, na Califórnia. Mas tudo isso parece mudar, ou melhorar...