Money. Sex. Drugs

1º Capítulo

  O despertador toca. 09h20, de sábado. Acordo cedo não para me arranjar, claro que não, eu não sou dessas.  Tenho cá os meus assuntos para tratar.

  Mas vocês não me conhecem. Vou só dizer o básico, o que necessitam de saber, por enquanto. Chamo-me Victoria, Victoria Sttikle. Tenho 17 anos. Quando tinha apenas dois anos, os meus pais morreram. Ambos. À minha frente. Desde então vivo com a  minha tia. No ano passado, ela dicidiu que queria ir viver para a América. Eu não quis ir com ela, apesar de a única coisa que me prende aqui é o Thomas. Thomas. O meu melhor amigo. Ele é cinco anos mais velho que eu. Como a minha tia já conhecia o Thomas, deixou-me ficar cá. O Thomas prometeu-lhe que tomava conta de mim, que não deixava que nada de mal me acontecia. Então eu fiquei cá. Todos os meses a minha tia envia-me dinheiro, apenas o suficiente para eu me sustentar e para a escola. A minha tia tem um ótimo emprego, recebe muito bem, mas ela não me quer dar excessos. Ela também não gosta muito de mim. Ela tenta demonstrar o contrário, mas eu sei que ela só ficou comigo porque tinha prometido à minha mãe que sempre cuidaria de mim. Mas viu uma oportunidade para se ver livre de mim, aproveito-a. 

  Bem, mas amanhã tudo muda. Faço 18 anos. A minha tia vai deixar de me enviar dinheiro e eu tenho de sustentar-me a mim e ao Doky. Doky é o meu cão, um pastor alemão grande. Felizmente poupei dinheiro durante estes dois anos desde que ela se foi. 

  Quando me conhecem, acham que sou a coisa mais doce do mundo, coisa que não sou, nem de perto. E eu uso isso a meu favor. 

  Depois de muitos pensamentos passarem pela minha cabeça, finalmente me levanto da minha cama. Ando lentamente, mais arrastando-me, até à casa-de-banho. Abro a torneira da banheira, para deixar a água a aquecer, enquanto me olho ao espelho e retiro o pijama para tomar banho. Entro calmamente na banheira, deixando a água quente tocar-me no corpo, despertando-me. Passo o amaciador pelo meu longo cabelo preto, enxaguando-o de seguida. Desligo a água, e enrolo-me numa toalha. Passo a mão pelo vidro embaciado, observando o meu rosto. Passo o pente pelo meu cabelo, tirando assim todos os nós. Ligo o secador à tomada, esticando o meu cabelo, fazendo-o parecer ainda mais longo do que é. Saio da casa-de-banho, indo até ao meu quarto e abro o roupeiro. Escolhe umas jeans escuras, e uma camisola de alças preta com um casaco de fato de treino preto também. Visto-me sempre de preto. Seja inverno ou verão.  

  Depois de me vestir, pego na minha mochila e nas chaves do apartamento. Vivo num pequeno apartamento. A cozinha não é nada de especial: tem fogão, mocroondas, frigorífico e uma pequena mesa. A sala está ligada ao hall, tendo uma pequena televisão e  um sofá. É também onde o Doky dorme. Depois tem o meu simples quarto, preto e branco, com uma cama, um roupeiro e uma secretário com o meu portátil. Só tenho uma casa-de-banho, mas também não necessito de mais. 

  Deixo comida para o Doky, quando este ver a correr até mim. Derruba-me ao chão, sem eu estar à espera, metendo-se em cima de mim e lambendo-me a cara. Riu-me um pouco, mas saio do chão logo de seguida. Faço-lhe umas festas e saio de seguida do apartamente, verificando se tranquei a porta. 

  Desço pelas escadas, odeio elevadores. Aliás, odeio tudo o que sejam sítios pequenos cheio de pessoas. E pelas escadas sempre faço exercício, já que moro no 7º andar, no último do prédio. Ligo o mp3 e meto os fones aos ouvidos. Meto a primeira música que tinha nos favoritos, 'Money' dos Pink Floyd.  

  Chego lá fora, meto a chave na ignição da mota e conduzo ao limite de velocidade até ao café do Thomas. É lá que eu trabalho. Ele não me paga muito, mas é o suficiente se juntarmos ao dinheiro que sobra da minha tia. Mas a partir de amanhã vou ter de arranjar um emprego a sério. Esta confusão toda de passar a ser independente e de ter de arranjar um emprego a sério, deixa a minha cabeça fora da estrada. Quando me apercebo, já tinha passado do café, o que me faz ter de dar a volta.