A Era das Trevas

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Após perceber que Larsa também estava vazia, Edward não sabe mais o que fazer. Ele estaciona o carro em uma esquina com algumas lojas de roupas que estavam abertas e arrumadas, talvez prontas para a venda, mais a frente ele observa o farol acendendo verde, Edward se aconchega no banco, verifica o combustível, está quase cheio ainda. Ele põe a mão na cabeça e começa a pensar de novo no que poderia ter acontecido, mas desta vez nada em específico vem em sua mente. Após um tempo refletindo e tentando engolir a situação, ele lembra da rádio, puxa o papel que havia os números anotados do seu bolso. A mensagem da rádio foi transmitida em 8 linguagens diferentes, mas as coordenadas provavelmente foram criptografadas.

Abrindo a porta do carro, Edward começa a pensar no que aquela mensagem poderia ser. Ele puxa a arma que pegou no deposito do banco do passageiro e começa a andar em meio as lojas da grande cidade, ele se dirigiu até o centro e parou la com o objetivo de achar alguém. Mas nada, ele ainda não acreditava que realmente estava sozinho em um lugar que geralmente há tantas pessoas. Ele entra no calçadão, e começa a olhar para dentro das lojas, mas nada. Uma das lojas de eletrônicos estava com um som alto de música, Edward já reconheceu como sendo um rock progressivo genérico. Curioso ele entra, abaixa o som do rádio que estava ligado. O modelo parecia ser bem novo, ele então tenta sintonizar de novo na frequência 4625kHz. Após um tempo ajustando o som, ele volta a ouvir a rádio, mas agora a mensagem não estava mais sendo transmitida, na verdade parecia que tinham trocado a mensagem por um grande buzzer. Edward se preocupa, isso provavelmente poderia significar que aquela rádio foi atingida também.

Ele sai da loja e começa a pensar, lembra sobre o que Willy lhe falava sobre guerras. Willy era um veterano do exército, sabia várias coisas sobre isso. Apesar de ter tornado o Edward um bêbado, Willy sempre sentia pena do garoto pelo o que ele estava se tornando. Edward lembra que Willy guardava alguns de seus documentos em um cofre na sua sala da empresa. A empresa ficava situada em uma região mais distante do centro de Larsa, mas não era longe de lá.

Com tantos pensamentos em sua mente, Edward se lembra de uma vez que Willy tentou ensinar um código de traços e pontos para ele, mas Edward nunca se interessou por isso. "Talvez tenha sido algo inventado no exército, e a mensagem foi criptografada com isso!". Mesmo sendo um bêbado, Edward ainda tinha um bom raciocínio. Mas ele não aprendeu a linguagem de criptografia. Ele nunca imaginou que isso poderia acontecer. No entanto, Willy era um homem esperto, ele sempre carregava consigo uma demonstração dos códigos. Talvez no escritório dele poderia haver um, ou ao menos um jeito de poder decifrar isso.

Edward pega o radio e coloca de baixo de seu braço, arruma a arma no ombro, e volta apressado para o carro e começa a dirigir.

Chegando na empresa, ele já entra com o carro direto no recuo que tem para os grandes empresários e seus carros luxuosos serem vistos do hall de entrada chegando na empresa. A porta de vidro se abre, e ele tem aquela visão quase que nostálgica dos dias que entrava por aquela porta, o grande balcão alinhado exatamente de frente a porta e vidro, ao lado esquerdo os 5 grandes elevadores, ainda em operação, e os vários bancos totalmente confortáveis para a espera dos clientes, um de costa para o outro. Pegando o primeiro elevador, ele sobe até o lugar onde ficava o escritório do Willy, mas quando as portas se abrem ele percebe que a sala esta vazia. Então ele lembra que Willy agora era o dono da empresa. Ele volta para o elevador com um gosto de amargo na boca, e se dirige a sua antiga sala. E lá estava, a grande sala do empresário, com uma mesa que mais parecia do presidente dos E.U.A. e sua cadeira azul mais confortável que uma cama. Tudo esta modelado como Willy gostava, uma visão ampla da cidade, um vaso de flores perto da entrada e seus armários nos cantos da sala, um banco macio e um cadeira oposta a mesa que não era tão amigável e chamativa. Edward começa a procurar algo que possa ajudar ele a decifrar a mensagem, e surpreendentemente encontra, uma tabela para crianças com um escoteiro desenhado. Apesar de ser bem infantil isso pode ser usado.

Edward põe o rádio na mesa, tirando umas bandeiras estranhas que estavam em cima dela e uma caixinha com canetas, coloca o monitor um pouco mais para o lado e liga o radio de novo, desta vez o som estava bem baixo pois o aparelho não estava conectado a um home theater. Quase que decorado, Edward sintoniza de novo na rádio, e fica esperando a mensagem aparecer. Mas apenas ouve um buzzer, algumas vezes ouve sons de pontos e traços, como geralmente Willy o ensinava, mas não fazia sentido nenhum o que elas formavam.

Incansável, Edward fica esperando algo aparecer por algumas horas, e já esta escurecendo. Ele olha pela janela, e percebe que as luzes das ruas e alguns prédios estavam acesas. "Será que há pessoas lá?", ele pensa. A solidão era algo que ele já estava acostumado, mas nada muito grande como o que passava agora. Ele espera por mais um tempo, mas sua barriga começa a roncar de tanta fome, a última coisa que ele comeu foi um lanche em um posto.

Antes de ficar totalmente de noite, Edward volta até o hall de entrada da empresa, passa pelo lugar dos porteiros e entra no refeitório, um grande salão com várias mesas perfeitamente simétricas que davam uma visão da rua. Ele pula o balcão dos alimentos que estava vazio, e entra na cozinha, esta tudo desligado. Ele olha na geladeira e ve algumas carnes. Morando sozinho, Edward aprendeu a cozinhar algumas coisas com o tempo que passava com Megan, e é isto que ele esta fazendo agora.

Após preparar uma deliciosa carne moída cozida com batatas, ele percebe que já ficou tarde, as luzes que se acendiam automaticamente haviam feito isso. Enquanto saboreia o prato que ele fez com tanta facilidade, ele começa a pensar que terá de passar a noite ali mesmo antes de continuar a jornada em busca de alguém, mesmo que na verdade ele não saiba onde ir.

Voltando para o escritório, Edward liga o radio, mas nada. Ele não sabia até onde seu azar poderia se estender. Pegando a cadeira e reclinando ela, Edward percebe que não, apesar de ser uma boa cadeira definitivamente não é um lugar para dormir. Ele pega algumas almofadas de pescoço que Willy guardava para viagens, coloca para fazer um travesseiro em um local de carpete que ficava na sala de espera do escritório, e claramente percebe que aquilo era pior que uma cama.

Após se deitar por um tempo, Edward se levanta com dores no pescoço pela posição desajeitada. Ele vai até a visão do escritório, esta realmente uma bela visão da cidade iluminada de noite. Mas algo acontece.

Um dos prédio que Edward estava olhando, a esquerda de uma grande torre, do outro lado da rua onde a empresa de Edward ficava, começou a piscar a luz do terceiro andar. Ele se desespera no começo e tromba na mesa, passa pela sala de espera e fica clicando para o elevador abrir enquanto ele olha, se esticando um pouco, para a luz piscando. O elevador se abre e ele entra:

-Tem alguém la. TEM ALGUÉM LA! - Ele grita de alegria e começa a comemorar.

Mas de repente as luzes do elevador se apagam e ele para de descer. E no momento só da pra ouvir a respiração ofegante dele. Edward procura o botão no escuro e começa apertar ele freneticamente. Ele já imagina que as luzes tinham acabado e ele teria ficado preso no elevador.

Após uns 3 minutos de desespero, as luzes voltam, Edward aperta o botão de novo e o elevador volta a descer. Chegando no térreo, a porta do elevador se abre e ele sai correndo de dentro, mas quando chega na entrada do prédio, olhando para a rua, estava tudo escuro. A cidade não estava mais acesa. Ele hesita em sair daquele lugar seguro e claro, ele não sabia o que exatamente estava acontecendo la fora, mas ele chega até a porta e grita:

-Ola! - Ele espera uma resposta - OLA! - Desta vez ele quase perde a garganta - FIQUE ONDE VOCÊ ESTA, AMANHÃ PELA MANHÃ EU VOU AI PARA NÓS NOS ENCONTRARMOS.

Edward sentia medo de sair daquele lugar, ele não iria se arriscar em atravessar a rua sem saber o que exatamente causou aquele black out.

Voltando ao elevador ele começa a pensar em quanta ajuda poderia oferecer para a pessoa se amanhã encontra-se ela. Imagina se era homem ou mulher, velho ou jovem, grande ou pequeno. Ele realmente só queria ver alguém. Sem prestar atenção no que acontecia em sua volta, a porta do elevador se abre com um barulho, ele desperta de seus pensamentos, entra na sala que estava hospedado, e vai até a parte de vidro, olha para o prédio vizinho e tenta achar onde a pessoa estava, mas naquela escuridão estava meio difícil observar qualquer coisa. A cidade agora estava em trevas.

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