Teste cego

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Depois da minha breve conversa com Elizabeth, consegui voltar para o quarto mais calma, sentindo frio e exaustão. Lucas ainda estava apagado e mal reparou minha ausência, muito menos minha presença. Demorei um bom tempo para dormir, pensando na promessa que pedi a Elizabeth, rezando para que ela não fosse nenhuma mentirosa. 

Logo, o alarme despertou. Lucas saiu da cama antes de mim, enquanto eu resmungava sentindo a noite mal dormida. A manhã se resumiu num beijo rápido de bom dia, minha dúvida entre ficar de cama ou sair e meu péssimo humor enquanto eu descia pelo elevador. Já no refeitório, carreguei minha bandeja até a mesa do pessoalzinho da elite. Alex e os outros já estavam por lá e me encararam hesitante quando me sentei.  

  -Tudo bem? -Perguntou. -Ficamos assustados com o que houve ontem. 

  -Estou bem. Obrigada por perguntar. 

  -Você não está com uma cara muito boa. -Dakota comentou. 

  -Bom dia para você também, Dakota. -Repliquei, sem tirar os olhos do prato.

  -O que houve ontem? -Matthew perguntou, se sentando ao meu lado. 

  -Nada. Só tive um pequeno ataque psicótico, nada muito grave.   

  -Só espero que esses ataques psicóticos não aconteçam de novo. -Matthew deu os ombros. -Podem ser perigosos vindos de alguém como você. 

  -Acho que está precisando se ver no espelho, maninho. Afinal, não é a minha ambição e inveja desvairada que coloca todo o mundo em perigo, não acha?

A mesa ficou em silêncio. Acidentalmente eu tinha deixado bem a mostra o que pensava sobre Matthew, coisa que, aparentemente, ninguém nunca havia feito. Seus olhos escuros pareceram pegar fogo enquanto um sorriso frio e nervoso brotava no canto da boca. 

  -Dakota, Alex, Victor, Charlie e Raphael, nenhum de vocês precisa treinar com Amara esta tarde. -Falou, sem olhar para ninguém além de mim. -Quero mostrar algo a ela. George, adiante a reunião para agora de manhã, daqui uma hora. Não quero absolutamente nenhum compromisso para depois da uma da tarde.

  -Vai criar minha agenda agora? -Desafiei. 

  -Relaxa. Só quero te mostrar uma coisa. 

  -E se eu não quiser ver? -Me inclinei em sua direção. 

  -Você não tem escolha. -Respondeu, seu rosto ficando duro como pedra. -Passo no seu quarto às 14 horas. Me espere com roupa de treino. 

Dito isso, Matthew se levantou, com sua comida intocada e saiu. Todos na mesa me encararam com olhares apreensivos, remexendo os ovos no prato. Olhei para meu próprio prato, com ovos, bacon, pão e leite e me obriguei a comer, apesar de que a pressão das pessoas ao meu redor parecerem comprimir meu estômago. 

Não havia o que fazer, então não ousei sair do quarto até o horário de almoço. Não encontrei Matthew no refeitório, o que foi um alívio. Logo, eu estava no meu quarto, terminando de amarrar as botinas quando alguém bateu e logo abriu a porta. 

  -Vamos. -Matthew disse, sério, a voz seca e dura. 

  -Vai me dar ordens?

  -Vamos. -Insistiu, sem revidar, a voz seca e fria.

Me levantei a contragosto e saí, enquanto ele fechava a porta atrás de mim e me guiava até o elevador. 

  -Agora, você vai me provar. -Falou, já apertando o botão. -Se realmente pretende ficar aqui, tem que provar que pode obedecer e seguir ordens. 

  -E se eu pretendo não ficar aqui? -Indaguei. 

  -Então não há motivo para que eu deixe você e seu namoradinho vivos. 

As Crônicas dos Daren - Livro V - A Batalha da Última EraOnde histórias criam vida. Descubra agora