Descontrole

12 2 3
                                    

Não consegui ir para outro lugar que não fosse meu quarto, mas antes, tratrei de passar na sala de treinamento e pegar alguma arma, uma espada, do tipo espada bastarda, e fui para o quarto, organizando algumas coisas. Fiquei tentada a procurar Lucas e avisa-lo da nossa possivel ordem de despejo. Saber que era tudo culpa minha, só porque não consegui aguentar um simples comentário, me fazia sentir vontade de bater a cabeça na parede.

Burra, burra, burra. O que custava eu ter me segurado mais? Deixei claro para tantos que tinhamos que seguir o plano e eu mesmo acabei com ele. Balancei minha cabeça, arrependida e repreendendo minha língua rápida e sem filtro. Me lembrei da bronca de tio Ethan no dia que briguei com Zahra: "Você não pensa, Amara. É teimosa e esquentadinha". Com certeza ele teria me dado uma prensa pelo que fiz.

Tão rápido quanto pude ver, logo seria o horário do jantar. Eu estava faminta, mas tinha receio de descer.

A porta se abriu e eu me virei, assustada, só para dar de cara com um Lucas bem suado e cansado. Ele me olhou, com a testa franzida.

  -Por que subiu para o quarto tão cedo? -Perguntou, ja pegando a roupa no guarda-roupa.

  -Eu... Bem... Não estava afim de de descer agora. Depois te explico.

  -Tudo bem, só vou tomar um banho.

Eu não queria dizer para Lucas o que aconteceu. Como eu diria "ah, discuti com meu irmão e ele me deu um tapa na cara". Era estranho. Um soco soava menos evasivo que um tapa na cara para mim. O porque, não sei. Só sei que não queria espalhar isso para o mundo. Além disso, pela forma como Lucas chegou, tranquilo, imaginei que não haveria nenhum pelotão de fuzilamento do lado de fora. Mas eu não sabia o que aquilo significava.

Logo, Lucas saiu do banho, os cabelos lavados, roupa limpa, ar tranquilo e calmo.

  -Imagino que vá jantar comigo hoje. -Falou, com um sorriso torto. -Vamos?

Olhei para a espada sobre a cama e cheguei a conclusão de que não seria boa ideia leva-la, então a deixei no quarto e saí com Lucas.

  -Por que não queria descer?

  -Ehr... Tive problemas com Matthew. Trocamos algumas farpas e acabamos brigando.

  -Ele tentou te persuadir de novo? -Perguntou, com um ar de riso.

  -Se você acha que dar um tapa persuade alguém. -Sussurrei, bem baixo para mim mesma.

  -O que disse? -Lucas perguntou, se virando para mim.

  -Nada.

  -Você disse "dar um tapa"? -Lucas congelou, me encarando com olhos furiosos. -Ele bateu em você?

Eu preciso aprender a sussurrar mais baixo.

  -Não foi exatamente...

  -Amara, ele bateu em você? -Pressionou, o rosto duro feito pedra.

  -Eu revidei. -Argumentei. -Não foi nada.

  -Eu disse para ele nunca mais tocar em você. -Rosnou. -E eu sou um homem de palavra.

As portas do elevador se abriram e Lucas saiu em disparada, pisando duro.

  -Lucas, para com isso! Vai piorar as coisas.

Mas ele não me escutava. Não parou. Passou pelas pessoas até encontrava Matthew, sozinho, caminhando a mesa. Merda, o que foi que eu fiz? Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Lucas enfiou as duas mãos no peito de Matthew, quase derrubando-o.

As Crônicas dos Daren - Livro V - A Batalha da Última EraOnde histórias criam vida. Descubra agora