Capítulo 2

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Garotas festeiras não se magoam

Não sentem nada, quando eu vou aprender

Eu não dou importância, não dou importância

Chandelier

Sia

Malu

Ainda bem que o Sr. Stein foi embora porque, misericórdia, aquele pai da Julia estava decididamente tirando a minha concentração. Que homem, senhoras e senhores! De aplaudir de pé e com a calcinha molhada. Um verdadeiro deus nórdico, imenso, e com aquele par de olhos verdes-claros, aquele cabelo loiro levemente bagunçado e aquela barba tão loira quanto, era de sair causando tremores de terra pela cidade. Em mim tinha causado, sem sombra de dúvidas. Eu precisei usar todo o meu poder de concentração e colocar uma cara de paisagem para não assoviar e subir e descer os olhos naquele homem ali parado, com aquele sorriso leve e aquela boca... Bom Deus. Queria ter conseguido fazer uma foto e mandado para Stella, sorri comigo mesma, curvando-me, tentando concentrar-me no início da minha aula com a filha do dito cujo.

O cara parecia jovem para ter uma filha da idade da Julia, talvez ele tinha o quê, uns 35 anos, pensei, elevando os braços e observando a garota fazer o mesmo, aquecendo-se para nossa aula. Bem, de qualquer modo, gostoso ou não, era o pai de uma aluna e com certeza era casado, porque minha amiga, não tem como um espetáculo daquele estar dando sopa por aí "solteiro da Silva", pode apostar. O que não queria dizer que uma mulher com sangue nas veias como eu não pudesse apreciar devidamente um espécime daqueles, não era?

Eu tinha colocado uma música da Sia, Chandelier, que Julia havia dito que gostava, para irmos nos aquecendo, sentindo a dança, já que sentir uma música que você gostava ou que tinha uma conexão, ajudava a ficar mais solta, a relaxar os músculos e se concentrar nos movimentos corporais necessários para a aula.

Interessante que eu tinha gostado quase que de imediato da Julia, que tinha me procurado ao final do espetáculo na escola, interessada em ter aulas particulares de dança. Desde o início eu havia notado o interesse real da menina pelos movimentos da dança, mesmo tendo percebido que dançar não era exatamente algo que ela tinha familiaridade. Essa questão, no entanto, poderia ser resolvida com prática e dedicação, coisas que ela vinha demonstrando bastante nas últimas aulas. Claro, além de ter ficado encantada com a garota gentil e educada, eu não podia desperdiçar a chance de obter uma renda extra, o que geralmente acontecia com as aulas particulares que os professores de dança ofereciam ali. Eu e Stella, por exemplo, amigas desde a faculdade e morando juntas no mesmo apartamento, complementávamos a nossa renda como professoras de dança com esse tipo de trabalho.

Eu estava trabalhando naquela academia em Copacabana há uns oito meses, cortesia dos contatos que Stella, graças a Deus, já tinha como professora de dança de salão ali. Nos últimos dois anos, com o meu diploma em Licenciatura em Dança, eu tinha trabalhado mais na área de Expressão e Corporal e Terapia de Dança, que era a área da minha futura especialização, e isso era ótimo porque eu poderia trabalhar mais com treinamentos e oficinas de técnicas corporais e de terapias em hospitais, clínicas, asilos e empresas. Era algo que eu gostava muito, e me fazia sentir que, para além da dança em si, que já era algo maravilhoso, eu estava efetivamente contribuindo para a melhoria de vida e o bem-estar mental e corporal de pessoas em tratamento.

De modo geral, era um trabalho bom, que me afagava a alma e pagava as contas, já que eu precisava pagar aluguel e sustentar-me, e um salário fixo em uma grande academia em um bairro nobre da cidade tinha vindo a calhar naquele momento. Muito melhor do que contar com os contratos mais instáveis que geralmente eram feitos para esse tipo de trabalho.

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