Capítulo 3

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Venha, baby, acenda meu fogo

Venha, baby, acenda meu fogo

Tente incendiar a noite

Light My Fire

The Doors

Teo

Enrolei a toalha ao redor da cintura enquanto enxugava os cabelos com outra, concentrado no meu celular. Estava sentindo-me quase humano de novo depois de horas de reuniões e análises de projetos, até sair da empresa depois das 18 horas e vir para casa, a tempo de preparar um macarrão para mim, Julia e sua amiga Paty. Eu gostava de cozinhar, me distraía e me deixava relaxado quando eu estava em casa e, claro, minha filha apreciava isso. Existia ainda o fato de que saber preparar um prato ou outro também ajudava a encurtar o caminho para a cama de uma mulher, de vez em quando, se ela realmente valesse a pena, claro.

Na verdade, para aquela noite eu pensei em ver um jogo que tinha deixado gravando e beber uma cerveja enquanto fazia isso, quando uma mensagem de Marcos mais cedo lembrou-me do aniversário de Ricardo, que seria comemorado na sua própria boate inaugurada na semana anterior. Ricardo havia me convidado, obviamente, mas na ocasião eu acabei tendo um programa com a Julia e não pude ir.

Eu não era exatamente um cara de boates, a não ser que fosse de stripper e em ocasiões especiais, mas era o aniversário de Ricardo e o cara não era culpado se eu tinha uma adolescente de 17 anos na minha cola em uma sexta à noite. Eu iria até lá, então, e combinei com Julia que ela ficaria muito bem jogando com a amiga e tomando sorvete até que eu voltasse. Além do mais, eu não pretendia demorar tanto quanto de costume quando saía com os caras, era só o tempo de dar um abraço no Ricardo, apreciar o novo estabelecimento e jogar um papo fora. Nem estava programando beber, por isso mesmo eu ia dirigindo.

Joguei a toalha na cama e continuei enxugando o cabelo, compenetrado respondendo às mensagens de Marcos que insistia em viver mandando aquelas mensagens por aplicativos em vez de simplesmente ligar. Ele avisou que estaria saindo de casa em dez minutos, e eu informei que estaria lá um pouco mais tarde, apenas, quando o meu celular tocou, interrompendo a nossa conversa.

Porra...

Olhei o visor, constatando que era Amanda, e tentei lembrar se tinha alguma coisa para discutir com ela, mas nada me veio à mente e atendi, mesmo assim.

— Oi, Amanda. Diga lá.

— Oi, Teodoro, boa noite. Você está em casa?

— Sim, estou. Aconteceu alguma coisa?

— Não, meu amor, está tudo bem. Só queria saber se está tudo certo para a vinda da Julia amanhã. Estou ansiosa, sabe? Mandei preparar o pudim preferido dela, apesar de não entender o motivo da Julia entupir-se de calorias desse jeito, mas enfim... vai ser um bom final de semana. — Ela concluiu meigamente, com aquela voz educada e sutil.

Eu quase podia ver o sorriso discreto transparecendo na voz aveludada de Amanda. A mulher era o epítome da lady bem-educada, sem um fio de cabelo fora do lugar, e falava e sorria exatamente como fazia todo o resto em sua vida: com elegância quase fria. De um tempo para cá, eu vinha cada vez mais fazendo essas considerações mais críticas sobre ela, e percebi que minha paciência, que já tinha sido muito maior, estava minguando. Suspirei pesadamente e tentei falar com calma.

— Fico feliz Amanda, mas talvez não seria interessante você ligar para a Julia e dizer essas coisas pessoalmente? Acho que ela vai gostar de saber que você está ansiosa para ficar com ela. — Sugeri, movendo-me nu para a gaveta de cuecas no armário. Eu não estava sendo irônico, por incrível que pareça, achava que ela realmente deveria falar mais com a filha e não ficar ligando para mim para dizer qualquer coisa nesse sentido.

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