Prólogo

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Estou em um ambiente extremamente sombrio... até para mim, confesso.

Absurdamente gélido e escuro, apesar de eu conseguir ver uma fisionomia plena ao fundo daquela sala minúscula.

Parece uma mulher, embora eu não tenha certeza disso.

Ela mantém um sorriso fraco carregado de dor e sofrimento.

Aos poucos seu rosto foi se esvaindo, sendo consumido pelo breu...

Eu sinto uma insegurança angustiante em relação a moça que desaparecera.

A princípio sentia como se estivesse só, porém, logo em seguida noto a presença de mais alguém comigo.

Parece ser uma criança, talvez um garoto de uns quatro ou cinco anos de idade, mas isso é incerto para mim neste momento.

Estamos sentados um de frente para o outro, em meio a um líquido viscoso, em grande quantidade, de tom escarlate, que atinge nossos tornozelos, pairando um cheiro característico repugnante de ferro no ar...

Começo a chorar em desespero e o menino aparentemente desconhecido tenta me acalmar, não surtindo um efeito imediato esperado.

A respiração naquele cubículo está cada vez mais restrita. E vagarosamente vou perdendo meus sentidos, não conseguindo puxar o fôlego que tanto necessitava...

De repente, ao longe, escuto uma doce e acalentosa voz me chamando...

— Hey, Dex... está tudo bem...

Vou acompanhando aquele grito que soava mais como um consolo, um sussurro ...

No entanto, de repente uma gritaria invade minha consciência me fazendo sair aos poucos daquela profunda anestesia.

— DEXTER? ACORDE CACETE! VOCÊ TÁ SE MIJANDO DE NOVO, CARALHO!

Sei de quem é essa voz e postura comportamental super amistosa. Mas não estou conseguindo organizar as ideias de forma lógica.

Sinto como se meu corpo estivesse petrificado. Minha frequência cardíaca aumenta sem tardar. Meus olhos não estão obedecendo meus comandos.

O barulho do ambiente parece estar distorcido e tudo isso está me causando um intenso pânico.

Subitamente, sem entender como, sou resgatado daquela sensação de horror intenso.

Abro meus olhos e me deparo com outros cinco pares de olhos esbugalhados mirando tensamente em minha direção.

Todos eles pertencem a minha irmã Deborah, minha atual namorada Rita e suas duas crias, Cody e Astor, incluindo uma mulher desconhecida vestida como uma enfermeira, que provavelmente estudou e se formou para se vestir como tal, mas não para trabalhar com pacientes que fariam xixi na sala de exames.

Por fim, horas depois, mais calmo e após retornar para minha astuta consciência, relembrei que havia feito um exame chamado polissonografia.

Controlaram meus sinais vitais e meu comportamento enquanto dormia. Assim, puderam descobrir que sofro de Terror Noturno e Sonambulismo.

Disso eu já tinha conhecimento, mas acabou retornando depois de quase 20 anos.

O doutor afirmou que há possibilidade de ser uma perturbação inconsciente por questões traumáticas ou psicológicas que podem ter ocorrido em minha infância.

Mas...

O que pode ter acontecido de tão relevante e dramático em minha pobre vida, a fim de regredir tanto tempo depois?

Não sei o que é, porém...

Isto não sairá da minha mente tão cedo.

Laços de Sangue: História de Dexter MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora