Juntando as partes desmembradas.

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A última parte do quebra cabeças humano não parecia fazer sentido. Pois, mesmo todas as peças estando em seus devidos lugares, elas não apontavam para lugar nenhum.
O par de mãos femininas com as unhas pintadas não era nem um pouco familiar para mim. E com isso, eu não tinha nenhuma pista palpável em que trabalhar, tanto pessoalmente como profissionalmente.

— Como assim você não tem mais nada em mente, Dexter? – Deborah, visivelmente furiosa, fez questão de me visitar sábado quase de madrugada para me cobrar informações sobre o caso dela. Não fazem mais irmãs adotivas como antigamente.

— Quanto combinamos que eu ganharia mesmo? – debochei sonolento, andando lentamente em direção a cozinha, louco por café e algo que me distraísse da careta azeda que me encarava ansiosa.

— Meu cu. – ela falou indiferente, mas teria me matado só com seu olhar fulminante.

— Tem certeza que quer que eu avalie algo tão íntimo? – debochei como de costume, enquanto passava o café sem remorsos.

— Porra, Dexter. Estou falando sério. – cruzou os braços, quase fazendo a mesma cara emburrada de quando tinha oito anos.

— E eu também. Essa última pista desestabilizou todo meu raciocínio. – comentei sincero quase demonstrando minha frustração real.

Ela resmungou algo parecido com "puta que pariu" e começou a andar para lá e pra cá ansiosamente.

— Bom, pelo menos podemos ter certeza de que os corpos são cortados no caminhão, além de serem preservados, congelados e deslocados por ele também. – falei esperançoso, tentando recapitular nossas últimas conquistas e

— O que está me deixando bem curiosa foi  ele se atentar a pintar as unhas das mãos, sendo ainda cada uma de uma cor. O que isso significa?

Também queria saber, cara irmã.
Com certeza é algo que não estou enxergando. Mas quando eu conseguir entender, provavelmente todas as peças vão se encaixar e tudo ficará mais claro e límpido, assim como os próprios pedacinhos que meu assassino oculto fez especialmente para mim.

— Não seria apenas uma pegadinha ou distração? Pois, sabe que todas as atenções estão nele e talvez quis acrescentar algo ainda mais excêntrico, se isso for possível. – joguei uma falsa hipótese minha para que ela se sentisse menos paradona e inútil na investigação.

Deborah franziu as sobrancelhas e pareceu pensar nisso por alguns minutos, me olhando preparar um sanduíche de presunto.
Não demorou muito para a policial da madrugada receber um telefonema que a fez enrugar quase o rosto inteiro o que não era tão difícil.
Deixei meu lanche de lado, o que com certeza foi uma péssima ideia, para prestar atenção curiosamente no rápido diálogo e quase artificial que se discorreu em minha frente.

— Pela sua reação, devem ter encontrado uma pirâmide de cabeças decepadas… – ironizei como sempre, não imaginando o que realmente era e o quanto mudaria minha vida completamente.

— Vince disse que você é o mais capacitado para entrar nesta cena recém descoberta, Dex. – me falou preocupada, mas pela excitação do momento, não havia reparado nisso.

Só consegui pensar: "Ora, ora… o que apresentastes-me desta vez, amigo assassino oculto?"

Laços de Sangue: História de Dexter MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora