Dexter no Escuro.

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    Se eu soubesse o que aconteceria quando entrasse naquela cena, não teria me deixado levar pela curiosidade do meu passageiro das sombras e excitação do momento.
    Rapidamente, eu e Debbie chegamos ao mesmo motel onde os primeiros corpos apareceram.
    Não havia compreendido o porquê da equipe estar tensa naquele nível e terem me colocado em um macacão de proteção com capacete como se eu fosse entrar em uma usina nuclear que acabara de explodir.
    Se eles tivessem o conhecimento do verdadeiro motivo pelo qual trabalho como analista de manchas de sangue, não teriam me colocado nesta situação toda.
    Quando entrei e percebi que o último quarto, no fim do corredor, estava interditado, comecei a imaginar o que teria lá que conseguiria abalar os mesmos profissionais que já viram dezenas de pedaços fatiados e secos do que algum dia foram mulheres.
    Sangue. Aquele fluido asqueroso. Por todos os lados. Meus olhos não acreditaram no que viam. Pareciam que queriam me encurralar. E conseguiram. Em minha mente, todo meu lado racional paralisou e um mal estar horrível se alastrou por todo meu corpo. Até meu Passageiro se afastou, como se fugisse de algo ainda mais significativo e profundo que uma simples fobia de um fluido infestado de ferro.
    A princípio, desmaiei e caí naquele chão alagado, parecendo que havia tido ali uma belíssima carnificina. Quem surgiu pela porta mais distante e me salvou, de alguns instantes daquele parasita vermelho subir por minhas canelas, foi Miguel.
     Depois foi rápido, me tiraram completamente da cena e as sensações de enjoo e nojo foram diminuindo aos poucos, mas mesmo assim, inúmeros rostos conhecidos vieram saber se eu estava bem. Sorri, assenti, mas a única que pôde perceber que eu escondia algo foi Debs.

— Que porra foi aquela, Dex? – questionou com um tom irritado e um outro mais preocupado.

    — Você não deixou eu comer… deve ter sido isso.

     Eu estava em uma maca por insistência da maioria da minha equipe, exceto Doukes que me olhava de longe como se quisesse que eu morresse de um ataque fulminante a qualquer momento.

— Não, com certeza não foi só aquilo. – negou freneticamente a cabeça e balançou o dedo indicador de modo incisivo. Ela sabia que se tratava de algo mais sério do que pressão baixa.

— Só passei mal no lugar errado e na hora errada ainda, Debs. Ficarei bem. – disse sorrindo pequeno, tentando não demonstrar o quanto ainda estava assustado e bem enojado com o ocorrido.

— Bom, por precaução e pelo afeto que sinto por você, pedi para lhe colocarem para descansar e depois para conversar com um psicoterapeuta.
   
    Descansar? Psicoterapeuta?
    Talvez por ouvir aquelas palavras em especial relacionando com meu asco crônico de sangue, minha cabeça voltou a rodar e meus sentidos a enfraquecerem rapidamente.
    Antes de apagar completamente, minha mente conectou episódios oníricos com todo o caos vermelho e nojento que acabara de presenciar.
    Os sonhos. Todos que ando tendo. São do mesmo jeito daquele momento, no quarto de hotel imundo. Parecia que eu estava preso em um deles.
    Um espaço inundado de sangue. Uma mulher no canto do ambiente, estática demais para estar viva. Um garoto que parecia tentar me acalmar, mas estava tão aterrorizado quanto eu.
    Até onde isso pode ser real? Até onde essa cena pode ser verídica?
    Porque isso tem a ver com meu problema com sangue, como se fosse um trauma?
    Estaria eu, esquecendo de algo importante?

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⏰ Última atualização: Nov 16, 2023 ⏰

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Laços de Sangue: História de Dexter MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora