Fatiados e Limpinhos.

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Estava em um sono divino, até que decido que atenderia meu celular depois de ter ignorado várias chamadas..

Eram 06:40 da manhã de um sábado..



― Pra quê ter um celular se não atende essa porra!?


― Bom dia pra você também, Debbie! Eu estou cansado, mas passo bem. Obrigado por perguntar.


― Já é a quinta prostituta encontrada morta em cinco meses, Dexter. Pode vir até o Motel Cacique?


― Daqui uns 30 minutos estarei aí.



Cheguei em menos tempo que havia dito a Déborah, mas sou abordado pela minha equipe de perícia depois de ter passado pelos policiais que barravam a circulação de curiosos.



― O que está fazendo aqui, hombre? ‒ Miguel me questionou enquanto estava agachado analisando algo com Vince.


― Vim por causa do homicídio.. não seria óbvio?


― Mas não há nada de seu interesse, Dexter. ‒ Vince se manifestou olhando pra mim tentando sustentar aquele sorrisinho falso dele.



Há muito mais do meu interesse do que eles imaginam.

Assassinatos. Já são belos interesses.



― Como assim, payasos?


― O corpo está limpo. ‒ Vince disse em seu tom irônico natural. ‒ Limpíssimo, caro amigo.


― Não há nem um pingo de sangue. Não tendo sangue, não há trabalho pra você. Yo lamento, amigo.



"Limpíssimo, caro amigo."


Aquilo me arrepiou.

Conheço muito bem essa técnica.

É a que eu uso.



― O quê?


― Está próximo a La Guerta, coberto por sacos de lixo.. Veja com seus próprios ojos..



Já sem palavras, me afastei e fui averiguar a situação de perto.

Abri o saco e o que eu vi me chocou.


Pedaços minuciosamente cortados, limpos, com cortes praticamente cirúrgicos.


Eu teria feito isso.

Limpos e arejados.

Perfeitos.


Até que a Abelha Rainha se aproximou tentada pelo meu néctar natural.



— Olá Dexter. Você por aqui?


— Eu não resisti estar no mesmo espaço que você, La Guerdita.


— Sempre galanteador, não é Morgan?



Ao longe vi Déborah, fazendo com que eu sorrisse simpático para a mulher a minha frente e saí rapidamente de perto dela.



― Está atrasado, Dexter.


― Nem sei porque estou aqui. A cena não tem sangue. Nem uma gota, Déborah. Não sei se minhas opiniões serão incluídas na investigação.. em teoria eu não tenho no que trabalhar.


― Por isso mesmo. Só você pra me dizer o que poderia deixar o corpo daquele jeito, sem sangue. E você sempre tem boas deduções em relação aos assassinos.


―Bom, os pedaços estão mais frios do que o normal.. e em uma temperatura muito baixa é possível coagular o sangue.


― Então poderíamos deduzir que todo o processo pode ter sido feito em um frigorífico ou algo do tipo?


― Sim.. mas sinto que seja um local que deixe as coisas mais práticas.. Deve levar tempo para congelar, cortar e ainda deslocar os pedaços para motéis que são tão distantes um do outro.


― Você está querendo dizer que talvez o local não seja em um porão de uma casa antiga, por exemplo?


― Isso.. me veio na cabeça aqueles caminhões frigoríficos. Ao mesmo tempo em que faz o "trabalho" já está pronto para deixar o corpo onde quiser.


― Caramba, Dexter! É isso! Vou compartilhar essa lógica na reunião da investigação que terá na segunda. Você precisa ir comigo. Então, mais alguma coisa?


― Por enquanto seria isso. Com a permissão da La Guerta, poderíamos pegar a lista desses caminhões que foram utilizados nesses últimos meses aqui em Miami.


― É uma ótima ideia se aquela vaca não me contrariar como em todas as vezes que tento dizer algo nas reuniões.


― Você vai conseguir sim, Debbie.

Laços de Sangue: História de Dexter MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora