Minha primeira vez.

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Não.

Não é essa minha vez da qual você está pensando..

Quando eu tinha 18 anos, Harry foi diagnosticado com câncer e logicamente o colocamos no hospital.

O estado dele foi se agravando gradativamente e ele já me preparava para o pior, dizendo que confiava em mim e que se eu seguisse o código moral criado por ele, tudo daria certo e eu estaria fazendo um grande bem a sociedade e a justiça de Miami.

Foi a partir daí que tive me preocupar em deixar tudo sob meu controle, por mais difícil que seja.

Algo que eu lembro bem era o olhar e o comportamento um tanto mecanizado e superficial de uma enfermeira que visitava Harry mais de duas vezes por dia.

No início parecia normal ela injetar um anestésico para os pacientes não sentirem tanta dor, mas com o tempo ela foi aplicando doses duplas até quando Harry implorava que a mesma não as desse.

Foi aí que liguei os pontos.

Ela era como eu.

Mas não foi treinada adequadamente, a fazendo se camuflar em uma profissional da saúde e ir sedando os pacientes até que eles morressem totalmente dopados.

Puxei a ficha dela no hospital usando minhas habilidades de hacker e de um atraente lobo persuasivo, como o que convenceu chapeuzinho vermelho a seguir o caminho que sua mãe já havia a proibido de ir por ele.

Não acreditei quando Harry me deu sua permissão para que eu começasse essa tão esperada "missão".

Nunca esquecerei a primeira vez que vivenciei algo que me trouxe um sentimento tão verdadeiro.

Naquele momento pude ser eu mesmo, apesar de ser um monstro.

O que eu gostaria de não recordar é como eu era despreparado e sem nenhum método que deixasse o hobby mais prático e limpo.

Foi um total desastre.

Não tinha noção de local, ferramentas nem técnicas ideais para aquela situação um tanto delicada.

Tive a brilhante ideia de invadir a casa da enfermeira e esperá-la lá.

O problema foi eu não ter planejado direto como iria a surpreender em um local que ela conhece de olhos fechados e como conseguiria a deixar inconsciente sem muitos estragos.

Foi mais difícil do que eu havia imaginado.

Ela era bem ágil com defesa pessoal, a minha sorte foi eu ser faixa preta no karatê, tendo pontos a mais em alguns golpes e assim foi possível mobilizá-la.

Utilizei o feitiço contra o próprio feiticeiro.

A fiz dormir profundamente com uma generosa dose de seu próprio estoque de morfina.

Ahh se eu tivesse um DeLorean!

Voltaria só pra dar uns sopapos naquele moleque que em algum momento imaturo em minha vida eu fui.

Se arrependimento matasse.. Talvez eu seja o arrependimento em vida!

Transformei a casa daquela pobre senhora em um matadouro, apesar de ter protegido da forma que eu pude.

Uma forma pouco inteligente, aliás.

Tenho certeza que Harry teria se arrependido em ter permitido se tivesse visto toda a situação.

Se resumiu em algo lamentável, mas pelo menos serviu para meu desenvolvimento e evolução após todos esses anos.

Atualmente tenho muito orgulho de todas as etapas que eu me obrigo a passar antes, durante e depois de todo o divertimento a fim de não causar desconfianças, não deixar uma prova sequer e não ser pego pela justiça da ética e da boa moral.

E se for pego.

Isso move esse meu hobby.

A justiça que na maioria das vezes não é cumprida.

Por isso me considero alguém que faz coisas moralmente ruins para o bem maior dos outros.

Sou Dexter, a mão esquerda de Deus.

Laços de Sangue: História de Dexter MorganOnde histórias criam vida. Descubra agora