VIII. AQUELE FINAL DE TARDE

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Se Ana achava que as coisas aconteceriam do jeito dela, estava muito enganada. Leonardo era sempre o último a falar, o único a decidir e o dono de todo o controle. Ela não tiraria esse poder dele.

Precipitadamente caminhou a passos largos ao gabinete de Victor, pois estava decidido a conta-lo sobre o envolvimento entre ele e a estagiária. Exigiria o término entre eles e pediria o afastamento do colega para outra comarca. Na verdade nem se importava com ele, só queria que desaparecesse.

Leonardo não pensava direito, mas queria resolver seu relacionamento. Amava Ana, tudo o que ela tinha feito em sua vida e a queria só para ele. E ela seria só dele e de ninguém mais.

Sequer anunciou sua chegada no gabinete de Victor que tinha Ana acalentada em seu abraço. Uma renovação de ódio pulsava em suas veias.

- Eu já imaginava que você viria aqui, Leo. - Victor não deixou que o outro começasse. - Eu deveria ter falado com você sobre a Ana, mas não achei muito necessário já que ela me deixou bem claro que não há mais nada entre vocês.

Leonardo surpreendeu-se. Então ela havia contado do envolvimento deles? "Que filha da puta!"

- Como assim? - Leo fingiu não saber sobre o que falava.

- Você sabe, Leo. Você e Ana tiveram um caso no passado, ela me contou. Se você queria vir para me alertar de algo, Ana disse que você poderia vir aqui para isso, não precisa se preocupar, eu já sei de tudo.

Leo meneou a cabeça mostrando um meio sorriso abafado.

- Ela também contou que minutos atrás estava no meu gabinete sugerindo que continuássemos o nosso caso? Um caso que nunca acabou?

Victor encarava Leonardo não acreditando em nenhuma palavra dita pelo homem. Ana tinha sido honesta com ele todo o tempo, contou que tinha se envolvido com Leonardo por uns meses, mas que ela decidiu interromper por estar apaixonada por ele e não queria mais atrapalhar um relacionamento de anos, como o de Leo e Sara.

Desde então Leo havia se tornado um perseguidor, e embora tenha tentado conversar com o coordenador de estágio sobre a possibilidade de trocar o seu mentor, sempre havia a recusa, pois Leonardo exigia Ana como sua estagiária e todos o temiam.

Ana até mesmo passou a vestir roupas mais discretas para não chamar a atenção de Leonardo, que sempre olhava com olhos desejosos quando ela se aproximava. Ademais, buscava sempre sair um pouco mais cedo do estágio para não correr o risco de Leonardo chama-la para algo mais íntimo em seu gabinete após o expediente. Toda a precaução era necessária.

- Não fala besteiras, Leo. E sério mesmo, se sua intenção for difamar minha noiva eu prefiro que você se retire. - Victor pediu.

- Calma, quem está brigando aqui, Victor? - Leonardo mudou o tom de voz para um irônico e sentou-se frente a mesa do outro, cruzando as mãos por sobre a barriga. - Onde você esteve ontem as sete da noite, Ana?

A pergunta pegou a mulher de surpresa.

- Na minha casa, óbvio. - respondeu apressada.

- Tem certeza? - Leonardo mantinha o mesmo tom, ela deu de ombros, nervosa como nunca havia visto. - Eu acho que não, Ana.

Leonardo retirou seu celular do bolso e buscou as imagens da noite anterior. Nem se envergonhou em mostrar o vídeo intimo para o colega, enojá-lo fazia parte do grande show.

- Isso é uma total mentira, Victor. Está claro que não sou eu ai - Ana desesperou-se - Você não se conforma por eu ter te deixado e está impedindo de eu seguir a minha vida, eu te odeio Leonardo, como te odeio. Por favor, amor, não acredita nele, esse vídeo é uma montagem. - implorou para Victor.

Leonardo sorria, Victor não sabia muito o que fazer.

- É claro que é montagem! Você é um perseguidor filha da puta que não sabe perder. Só pensa no seu umbigo e eu tenho nojo e ódio de você. - Ana não conseguia formular uma frase direito em sua mente, somente queria que Victor acreditasse nela, embora fosse tudo verdade.

- Nojo, Ana? - Leonardo levantou. O olhar duro retornou. - Então você não me ama?

Era uma voz psicótica, de alguém que não estava em seu estado normal.

- Nunca te amei. - ela respondeu encarando-o.

Leonardo avistou uma embalagem na mesa de Victor. Sabia que eram provas de delitos anteriores e a sentir pelo modelo do pacote sabia que ali tinha uma arma. Ele a pegou.

Assim que avistaram a arma Ana e Victor temeram por suas vidas. Ela gritou.

- Por favor, Leo, solta isso. - Victor elevou as mãos, e Ana ficou atrás dele, os corações estavam a ponto de saltar pela boca.

- Você não me ama, Ana? - Leonardo questionou mais uma vez, seus olhos eram duros, ameaçadores e não tinha como não ter medo. - Responde, caralho!

Leonardo empurrou Victor tirando Ana da proteção dele.

- Para com isso, Leo. Você sabe o que sinto. - ela respondeu.

- E porque você não fala para ele? Você sabe que não vão se casar, eu te falei para terminar essa droga de noivado. Então fala logo pra ele.

Ana espantada com uma arma apontada em sua direção, virou-se para Victor para balbuciar:

- Eu não posso noivar com você, Victor. Eu sou do Leo. - Ana tinha a voz trêmula já embargada pelas lágrimas.

- E o que mais?

Leonardo distraiu-se por um segundo esperando a resposta de que Ana o amava. Victor viu a oportunidade de retirar o disparate da mão de Leonardo, que assustado com o ataque repentino atirou.

Ana foi ao chão imediatamente.

- Não! - um grito gutural foi ouvido de Leo que imediatamente aproximou-se da mulher estendida ao chão, o tiro havia atingido o peito. - Me perdoa, Ana. Eu não quis!

O homem tentou estancar o sangramento pressionando o peito da mulher. Victor já tinha corrido, talvez tenha ido buscar reforços.

- Fica comigo, Ana. Me perdoa - ele repetia a frase incansavelmente. - Eu amo você, por favor não me deixa.

- Nem sua e de ninguém mais. - foram as últimas palavras da mulher antes de fechar os olhos.

JealousWhere stories live. Discover now