Capítulo 1
— Davi, segura a mão da Iris e não solta. — Seguro sua mão. — Lucas dá a mão para a Giovana e não solta até atravessarmos a rua — explico para os meus netos no meio fio da calçada.
— Estou segurando a mão dele Marta. — Giovana mostra sua mão entrelaçada na do Lucas.
— Pode deixar, vó, a Iris está protegida. Eu cuido dela, já sou um cavaleiro. — Davi segura a mão de Iris para que ela não se solte.
— Você tem cavalo, Davi? — Iris, na sua inocência, pergunta, olhando para Davi com os olhos brilhantes.
— Não tenho, Iris. — O semblante de Davi murcha um pouco.
— Davi quis dizer que ele é cuidadoso — explico para Iris. — Que eu não preciso me preocupar, que ele vai cuidar de você.
— Vai cuidar de mim pra sempre, Davi? — pergunta com sua inocência de criança.
— Para sempre, Iris. Eu juro. — Os seus olhos se iluminam com a promessa feita, consigo ver o futuro desses dois, espero estar viva para fazer parte dessa história que está sendo construída.
Com cuidado, atravessamos a rua. Hoje só estamos com três crianças, Cecília ficou com a pequena Julia, resolveu levar para o hotel, mesmo eu insistindo para deixar em casa, raramente deixa, só quando vai e volta rapidamente para casa.
Cecília é uma mãe maravilhosa, além de uma esposa dedicada, nunca esperei menos dela, tem amor de sobra e construiu uma família linda. Compreendo que Julinha necessita da mãe mais que os irmãos. Ela tem seis meses e mama no peito. Eros não fica atrás, um paizão, que troca fralda, fica a noite acordado e divide as tarefas. Além de ser um bom marido para a minha menina.
Davi é o nosso rapazinho, tem sete anos, quase oito, o seu irmão Lucas é três anos mais novo, com quatro anos, e Iris, filha de Maria e Enrico, com cinco anos.
Todas as manhãs, no período de férias, os levo para passear na pracinha que tem perto de casa. Eles adoram, tem vários brinquedos e crianças para que possam brincar.
Eu sei que cuidar sozinha dessas três crianças não é tarefa fácil em dias normais, no período das férias dificulta ainda mais, a minha idade também não ajuda muito, fico cansada com mais facilidade, as pilhas deles não acabam nunca e as minhas estão gastas, mas amo cuidar dos meus netos. Sou muito feliz pela família que tenho.
Por esse motivo Cecília e Maria insistiram para contratar alguém para me ajudar a cuidar das crianças. Giovana foi escolhida, ela trabalhava na área de recreação infantil do hotel e já conhecia as nossas crianças.
Giovana é uma moça muito boazinha, tem 23 anos uma idade boa para casar, mas ainda não encontrei nenhum rapaz bom o bastante para casá-la. Estou à procura, uma hora esse rapaz aparece e eu mexo os meus pauzinhos e a magica acontece.
Sentamos no banco para olhar as crianças que correm para brincar na areia.
— Cuidado! — alerto.
Foi um bom negócio aceitar a Gio, tenho alguém para conversar enquanto as crianças brincam.
— Gio, me conte como foi ontem na faculdade — pergunto como não quero nada. Preciso saber como anda o seu coração.
— Normal.
— Como assim normal? — sondo.
— Como todos os outros, texto, professor explicando, povo da sala falando essas coisas de faculdade.
— E as festinhas?
— Festinhas?
— É, essas baladinhas que vocês vão no fim de semana, sair dançar, essas coisas da sua idade.
— Ata. Entendo. Balada, festa.
— Isso.
— Eu não gosto muito de sair, gosto de ficar em casa dormindo ou fazendo vários nada.
— Você não pode!
— Claro que sim, é muito bom, viu.
— Como você vai arrumar um namorado se não sai de casa? Tem que colaborar também, assim fica difícil.
— Marta! — Olha-me com os olhos arregalados. — Eu estou bem sozinha, tá legal.
— Fica brava não, Gio, eu sei que está bem, mas vai que aparece aquele moço bom para melhorar ainda mais as coisas. — Dou uma piscada para ela.
— Marta, você percebeu como Davi é um irmaozão. — Olho para o balanço e vejo Davi balançando Iris.
— Está tentando mudar o foco da conversa — acuso.
— Estou — confessa. — Acho lindo esse cuidado que Davi tem com a Iris.
— Pelo visto você não entende nada. — Volto a olhar as minhas crianças.
— Claro que sim, ele tem tanto carinho por ela, é um irmaozão, sempre está do lado da Iris. Será que quando crescerem será assim?
— Concordo, Davi é um menino de ouro, trata a Julinha com muito carinho, é uma graça, já com Lucas tem paciência e ajuda o irmão, também briga, que é algo normal entre irmãos, mas com a Iris é diferente.
— Eles são primos, Martas, são igual irmãos.
Olho novamente para as minhas crianças, Lucas está fazendo castelinho na areia, enquanto Davi ainda balança Iris, que sorri.
— Ali. — Aponto para Iris e Davi. — Está crescendo uma sementinha chamada amor, espero estar presente quando aquele amor se despertar, assistir o ciúme do Enrico e ver o homem que o meu menino irá se tornar para lutar pelo o amor dos dois.
— Marta, eles são crianças.
— Um dia você vai concordar comigo.
— Pode até ser. Acho que vou arrumar um namorado para você, Marta.
— Está doida, menina?
— Mas por que? Toda lindona, tem que arrumar um namorado para ir para os bailes da terceira idade. Beijar na boca e ser feliz.
— Não tenho mais idade para isso, Gio, sou realizada com a vida que tenho. Sou muito feliz.
— Nunca é tarde para amar, Marta.
— Eu já amei um dia — digo nostálgica.
— Foi lindo?
— Foi o mais lindo e puro amor. Amei tanto, fui tão amada que não sobrou mais espaço no meu coração para amar outro homem.
— Já ouvi você contando várias histórias de amor, de como virou a casamenteira do hotel, mas nunca ouvi a sua história. Queria muito ouvir, se você quiser me contar. — Segura a minha mão.
Olho para Gio, aperto a sua mão e acabo sorrindo.
— Tudo bem. Preparada? — pergunto.
— Sim.
Fecho os meus olhos por breves segundos e quando os abro novamente, volto ao passado, tenho meus dezessete anos...
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Contos & Prazeres : Nunca é tarde para um novo amor
Cerita PendekSinopse NUNCA É TARDE PARA UM NOVO AMOR é o primeiro conto da serie de Contos& Prazeres, que é um spin- off da duologia Prazer. Marta é uma casamenteira nata, realizou o sonho de casar a menina Cecília e Maria e de brinde ganhou o carinho de Eros e...