Capítulo 8

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Capítulo 8

— Pai, esse é Pedro ele veio conversar com o senhor...

— Cala boca e entra — ordena.

Pedro me olha e segura a minha mão, o olhar do meu pai vai para as nossas mãos enlaçadas.

— Senhor, sou Pedro, queria pedir a sua permissão para namorar Marta.

— Não tenho filha para namorar com você.

— Pai, eu gosto do Pedro. —

Fico na sua frente.

— Cala a boca, sua vagabunda. — A palma da sua mão atinge o meu rosto. — Entre.

Coloco a minha mão na face que foi atingida e olho para Pedro, assustada, sem saber ao certo como agir.

— Entre, Marta — pede em um sussurro. — Por favor, entre.

Abaixo a minha cabeça e entro em casa, a minha mãe me abraça.

— Eu disse que ele não ia aceitar, não poderia ter trazido esse rapaz filha

— Mãe, eu amo ele.

— Seu pai não vai aprovar.

Antes que eu possa responder, o meu pai entra em casa, desfivela o cinto e sei o que vai acontecer, é o que sempre acontece quando eu o desobedeço ou o respondo.

— Você não vai bater nela — mãe o enfrenta, ficando na minha frente. — Marta não fez nada de errado. Nessa idade é comum as jovens namorarem.

— Se você não sair vai apanhar as duas. — Minha mãe continua parada na minha frente. — Se assim que quer. — Levanta o braço com o cinto em punhos.

A primeira cintada vai para a minha mãe. Ela aguenta a dor calada, enquanto eu grito cada vez que a fivela do cinto tem contato com o meu corpo.

Não sei ao certo quanto tempo ele nos bateu. Sei que fiquei estirada no chão, com marcas da fivela na minha pele branca, e com fios de sangue.

— Isso é para você aprender a não trazer filho da puta na minha casa. Não criei filha para casar com um cara velho, um zé ninguém na vida. Se me desobedecer, tiro você da escola.

Fico chorando sem olhar para ele. Mãe me ajuda a levantar do chão, me leva para o banheiro, me dá banho e repetidas vezes pede desculpa.

Deito em minha cama e tento dormir, mesmo sentindo tanta dor. Talvez pelo cansaço e lágrimas, acabo dormindo

***

Quando acordo de manhã para ir à escola, decido por um moletom e calças, o meu corpo está todo marcado. Caminho triste para a escola e antes de entrar decido ficar sentada na pracinha.

Amo Pedro. Não quero ficar longe, mas o meu pai nunca vai aceitar o nosso namoro, agora ele vai ficar em cima, a minha mãe estava certa em dizer que eu não deveria contar nada para meu pai.

— Eu sabia que você iria estar sentada aqui. — Pedro senta ao meu lado.

Ao ouvir a sua voz me sinto bem pela primeira vez depois do episódio do meu pai, tenho medo do que ele possa fazer ao descobrir que um dia depois estou aqui com Pedro.

— Meu pai mandou eu não ter contato você. Disse que você é mais velho, que não criou uma filha para ficar com um zé ninguém. — Limpo as lágrimas. Não quero me separar do Pedro, não sei ao certo explicar, tenho certeza que não é fogo de palha, que o amo e nunca irei amar outro alguém.

— É isso que você quer? Ficar longe de mim.

— Não! — Encaro-o. — Eu amo você, Pedro.

— Eu também te amo, Marta. — Limpa as minhas lágrimas. — O seu pai está certo, sou mais velho que você, sou um zé ninguém, mas se você me aceitar vou lutar para ficar com você. Não importa o que aconteça.

— Eu quero você. — Levanto-me, sento em seu colo e beijo a sua boca. — Eu te amo, dói em saber que não podemos ficar juntos.

— Eu te amo, Marta, vamos dar um jeito. — Me beija.

O sinal bate, mas nenhum de nós se levanta para entrar na escola, ficamos nos beijando, curtindo um ao outro, não sabemos quanto tempo temos até o meu pai descobrir e fazer alguma coisa para nos separar.

— Quantos anos tem, Pedro? Pensei que era da minha idade.

— Tenho dezenove. Parei de estudar e voltei esse ano.

— Nossa, como você é velho — brinco e lhe dou um sorriso amarelo. — Engraçado que conversamos tanto e nunca tocamos nesse assunto.

—Tinha receio.

— Nada que você falar vai mudar o que sinto por você. Só é velho.

— Muito velho?

— Um pouquinho. Tenho dezessete, sou um pouco mais nova, você é o meu velho.

— Sou seu, Marta, se você me quiser serei seu enquanto vida estiver. Se um dia partir desse mundo antes de você, irei cuidar de você assim mesmo, seja nesse mundo ou no outro, nunca vou te deixar.

— Acabei de me apaixonar mais um pouco por você.

— Me apaixono por você a cada batida do meu coração.

Fecho os meus olhos e Pedro cobre a minha boca com a sua, é delicado, calmo. No beijo, tentamos transmitir todo o sentimento que um nutre pelo outro.

— Por que parou de estudar? — pergunto, quando finalizamos o beijo.

— Fui expulso da última escola. — Me olha e abaixa a cabeça. — Minha mãe foi enganada quando tinha a sua idade, eu não tenho pai, você sabe o que as pessoas falam de moça que engravida sem casar. Durante toda a minha vida venho ouvindo piadas, até que não aguentei mais e quebrei o nariz do filho do diretor.

— Ah, Pedro.

— Minha mãe encontrou um homem que assumiu ela, mesmo sendo perdida, eu sei que sou uma mancha em sua vida. O marido dela é bom, a trata bem e não deixa faltar nada. Eles têm dois filhos e vivem bem, mas eu não me sinto parte da família. Quando minha mãe me olha, vejo dor em seus olhos.

— Isso é triste, eu não sabia.

— Talvez seja um dos motivos para o seu pai não aceitar o nosso namoro.

— O meu pai não aceita porque ele é ruim de coração, só eu e minha mãe sabemos o quanto é cruel.

— Desde que me expulsaram da escola anterior, comecei a fazer pequenos serviços e juntar dinheiro. Mesmo estudando agora, continuo fazendo pequenos serviços depois da aula e guardando a maior parte do dinheiro que ganho. Quando comecei a guardar tinha a intenção de ir embora, seguir a minha vida e deixar a minha mãe viver a vida com o marido e a família que construiu. Ela já sofreu muito e fez muito por mim. Mas agora eu tenho você...

— Pedro...

— Eu amo você, Marta, sei que não tenho o direito de atrapalhar a sua vida, mas quero te pedir uma coisa.

— Também te amo, não quero ficar longe de você.

— Foge comigo. O seu pai nunca vai aceitar nós dois juntos.

— Sou de menor.

— Esperamos você completar dezoito, fugimos e casamos. Vamos morar em um lugar onde ninguém nos conheça. Não vamos ter luxo, mas posso te prometer que amor não vai faltar.

— Eu vou — afirmo e selamos novamente as nossas bocas.

Contos & Prazeres : Nunca é tarde para um novo amorOnde histórias criam vida. Descubra agora