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— Achei o mapa! — Juliet disse com entusiasmo, tirando-o da mochila.

— Ahá! Sabia que eu tinha pegado um mapa!

— Parabéns, Sherlock. — Ela riu, abrindo o enorme mapa e analisando. — Bem, onde estamos...? — O mapa era tão grande que Juliet sumiu atrás dele. Segurei o riso e me concentrei na estrada. — Quer ir para onde agora?

— De verdade?

— Se estou perguntando...

— Eu preciso ir ao banheiro. — Confessei, sem constrangimento. Nós nos conhecemos há tanto tempo que nada mais nos envergonha. Bem, talvez eu fique envergonhado quando ela toca meu rosto e eu sinto vontade de beijá-la, mas só assim.

— Um ou dois?

— Um.

— Então por que não para o carro e faz? Seu pai sempre diz que essa é a vantagem de ser homem.

— Quer que eu vá preso? — Brinquei, já encostando o carro. A área agora era só de fazendas, então agora só víamos grama.

— Até parece que alguém vai ver. — Ela balançou a cabeça quando virei para olhá-la. — Aproveita que hoje estou de bom humor e não vou falar sobre como é injusto vocês poderem fazer em qualquer lugar e nós, mulheres, não.

— Valeu! — Eu ri e saí correndo do carro, pronto para "me aliviar", como diria meu pai. Quando estava voltando para o carro, Juliet saiu correndo de dentro dele, disparando pelos campos esverdeados. — O que você está fazendo, sua louca?

— Pega-pega, como quando éramos pequenos! — Ela disse com uma animação genuína, pulando uma cerca média e entrando em um terreno que eu jurava ter dono.

Sério, Juliet?

— Você vai perder! — Gritei, correndo atrás dela, tão animado quanto. Até parece que há idade para brincar de pega-pega! — Aliás, você sempre perde!

— Só porque você é uma girafa! — Zombou de meus 1,80 e intensificou sua corrida. — Mas eu cresci um pouco!

— Ah tá! — Ri, correndo ainda mais. — Eu duvido que você chegue naquela árvore antes de mim! — Apostei ao avistar uma árvore super alta. Nosso pega-pega se transformara em uma corrida sem sentido, mas estávamos rindo mais do que nunca. Chegamos quase ao mesmo tempo, gritando "cheguei" em uníssono. — Mas eu ganhei o melhor prêmio! — Aleguei, dando-lhe um abraço de urso e a girando no ar. Juliet riu, parecendo gostar de meu gesto carinhoso.

— Você é o melhor! — Ela deu um sorriso enorme quando a coloquei no chão. Ficou me encarando com aqueles olhos castanhos brilhantes, parecendo ter alguma expectativa sobre o que eu poderia ou não fazer. Aproximei nossas faces, decidindo que o pôr do sol era um ótimo plano de fundo para um primeiro beijo. Juliet prendeu a respiração, assim como eu. Vi isso como um consentimento. Sorri, mais feliz do que nunca. Finalmente!

— Hey! O que estão fazendo em minha propriedade? — Ouvimos uma voz grosa gritar. Viramos para encarar um homem que mais parecia um armário. — Saiam já daqui!

E foi o que fizemos. Juliet começou a correr em disparada, rindo da situação. Eu a segui, rindo com tamanha intensidade. Isso nunca acontecera antes, mas era apenas uma situação a mais para nossa lista de micos. E corremos mais rápido no fim do trajeto, pois o carro estava aberto. Meu beijo teria que esperar.

New York CityOnde histórias criam vida. Descubra agora