Inesperado (Capitulo 1)

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Louise

Havia concluído a faculdade á apenas seis meses, passei longos oito anos estudando medicina, era com toda certeza minha maior paixão. Estava a procura de emprego na grande Paris, era mais difícil do que imaginava. França é realmente um lugar complicado, mas me acolheu desde meus dezoito anos, me acostumei com a movimentação e calmaria, Paris consegue ser mais bipolar que eu.

Assim que acabei o ensino médio me mudei para Paris, deixando para trás meu sobrenome, minha família e amigos. Meus pais tentaram fazer minha mente para que continuasse no Brasil, mas estava mais do que decidida, não aguentava mais viver sobre a aba do grande e poderoso sobrenome de minha mãe. Dona Rose vem me ver pelo menos de seis em seis meses, Lexie  havia se formado em arquitetura e trabalha com meu pai, quase não tinha tempo de vir me visitar, senhor Morett muito menos, só vinha quando precisava resolver algum de seus problemas, havia me acostumado com a falta que eles faziam.

 Mamãe sempre que vem faz o favor de revirar meu apartamento e não conseguia achar um simples salto, tenho uma entrevista de emprego em um hospital grande, não muito perto, mas já era enorme uma oportunidade para quem não queria de forma alguma ter de apelar para o poderoso sobrenome Grace, estava indo atrás do que consegui sozinha.

Acho meus saltos, mas ainda nem tinha pensado na roupa, só estava muito animada pra usar o salto louboutin que comprei ontem, me direciono até meu closet, acho que fiquei parada encarando minhas blusas por uns cinco minutos, não sabia muito bem qual seria o look adequado, por fim peguei uma saia lápis curta cintura alta e uma blusa social preta de renda com gola alta, o salto louboutin preto envernizado deu um charme a mais, estava frio, então decidi colocar um sobretudo bege por cima do look. Me encarei no espelho enquanto arrumava meus cabelos em uma trança para trás, estava realmente super comportada e bem vestida, totalmente satisfeita como o que via peguei minha bolsa e sai do closet, assim que o fiz meu celular apitou em mensagem e quando fui olhar o que era meus olhos recaíram sobre o relógio e meu coração saltou em puro desespero, estava extremamente atrasada, desci correndo as escadas e adentrei ao elevador.

- ESTOU ATRASADA, MERDA DE SALTO QUE NÃO ACHAVA – digo mais alto do que queria, desço do elevador passo por Sebastian e apenas o cumprimento com um breve bom dia ele retribui e sorri calmamente – esse homem devia ser modelo – penso.

Vou para garagem e entro em minha BMW, ainda não sei por que aceitei esse carro de presente ele é muito chamativo, o meu pai com certeza não é nem um pouco modesto quando se trata das filhas. Saio acelerando ate o outro lado da cidade para minha entrevista, chegando lá saio correndo do carro e agradeço aos céus por não ter quase ninguém na rua pois eu quase cai com tanta velocidade da qual sai do carro, entro correndo no hospital indo direto pra sala onde haviam informado que seria minha 'reunião' porem eu tinha um entrevista não uma reunião chegando lá, quase de imediato saiu um senhor com a aparência cansada porem muito charmoso e me pediu para segui-lo.

- Bom dia senhorita Grace, percebo que se enrolou com os horários. - ele ri com certa ironia e pronuncia o meu sobrenome o acentuando.

- Bom dia, doutor Johnson me desculpe, o transito estava horrível, você tinha que ver, me perdoe mesmo. – sorrio envergonhada por mentir descaradamente, mas tento passar segurança.

- Tudo bem senhorita Grace, vamos começar,por seu currículo pude notar que se formou na França, e mora aqui á oito anos, porém sua família mora no Brasil certo. – disse me analisando

- Sim. - o tom de minha voz era sério. 

- Nós temos uma vaga e a senhorita preenche perfeitamente o nosso quesito, acho que será um prazer trabalhar com a Senhorita. – abro a boca surpresa por ter sido tão rápido, logo me vem á mente que talvez meu pai tenha algo haver com isso e como não consigo e nem podia ficar calada nesse momento, digo sem pressa.

- Olha isso foi rápido demais, o senhor somente folheou meu currículo, não me perguntou nada sobre minhas especialidades e muito menos falou algo sobre eu ter chegado bem atrasada. –  dei ênfase na palavra bem. - Percebi que o senhor pronunciou meu sobrenome de maneira estranha, então se meu pai ou alguém da minha família tiver algo haver com isso, eu peço obrigado mas não quero essa vaga e acho que sou qualificada suficiente para conseguir algo sem precisar usar meu sobrenome – ele fica surpreso com minhas palavras, mas sua cara de culpado o entrega, com certeza foi meu pai.

- Senhorita Grac... – o interrompo.

- Louise – Digo de forma bem seca.

- Muito bem, Louise, você tem tudo para o cargo, porem havia muitas pessoas na sua frente, iria demorar para chegar em sua vez, sua Mãe só te deu um empurrãozinho, a vaga já era praticamente sua - deve que não entendi muito bem, ou ele disse errado.

- Espera um minuto, minha MÃE? – pergunto com um tom um pouco alto e com um olhar raivoso, antes que ele pudesse responder pego minha bolsa e saio de lá, puta da vida, nem mesmo me lembro que estou de carro, saio andando mesmo.

Começo a andar batendo os meus lindos saltos no chão e o barulho chega a irritar, eu só quero e precisava gritar e ligar pra minha mãe para brigar com ela, será que ela veio pra cá semana passada só para isso, eu havia falado com ela sobre essa proposta, eu não consigo acreditar, minha mãe não pode ter feito isso, algo esta errado.

Saí de meus devaneios quando tropeço e quase caio, porém braços fortes me seguraram quando estava a poucos centímetros do chão, a queda seria horrível, subi  meu olhar com pressa e encarei o homem charmoso a minha frente, a barba era rala, cabelos não muito escuros, arrumados para trás em um corte moderno e olhos azuis intensos – os quais me encaravam fixamente - ele usa um terno azul marinho, que por sinal está super em alta. 

Senti minhas bochechas queimarem de vergonha, sabia que estava vermelha, me recompus rapidamente subindo meu olhar para encara-lo, olhos nos olhos, tive que levantar um pouco o rosto pois ele é maior do que eu.  Ele é intimidante e desafiador, excitante.  

- Me desculpe, eu estava distraída, não vi o buraco, muito menos o senhor, com certeza eu iria repara-lo – digo em tom um tanto inocente, tiro suas mãos de minha cintura e fixando meus olhos nos seus semicerrando os mesmos.

- Sem problemas, vejo que a senhorita não mede suas palavras – diz em um tom desafiador, eu apenas reviro os olhos balançando a cabeça negativamente.

- Se o senhor me da licença eu preciso ir – seguro forte minha bolsa, jogo o cabelo pro lado e tento sair andando. 

- Senhorita? – o encaro novamente antes de me virar e dizer.

- Louise Grace. - disse em tom simpático. 

- Breve prazer senhorita Grace, Ryan Campbell. – continuo andando, dando a volta para o caminho do hospital para pegar meu carro, chegando lá começo uma busca incansável por minha chave do carro.

- ONDE FOI QUE EU A ENFIEI? – Falo baixo enquanto minha linda e maravilhosa consciência me lembra de que ela pode ter caído da bolsa na hora que esbarrei com o Ryan, senhor bonitão. - MERDA, MIL VEZES MERDA.- agora sim disse alto, peço um táxi, quando o mesmo chega eu entro bufando e bato a porta, falo o endereço e fico o caminho todo em silencio, apenas pensando em como recuperar minha chave e conversar com minha mãe, o que ela fez não foi nada legal.

Por um acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora