Capítulo 5 - Nardelli

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Não sei se deveria ter dito aquilo a ela, pois uma tristeza imensa passou pelos seus olhos por alguns instantes, mas logo ela se recompôs e assumiu novamente o comando da situação, ou melhor, eu a deixei assumir o comando da situação, pois de certa forma a tristeza que vi me tocou.

Se tem um coisa que eu não aguento é mulher chorando. Isso me dobra na hora, mas não posso deixá-la saber disso, caso contrário vai ser uma choradeira só.

Fomos todo o caminho em silêncio. Ela ficou olhando pela janela do carro perdida em seus pensamento e eu fiquei imaginando como deveria estar sendo difícil para ela tudo o que estava acontecendo.

Uma música tocava baixinho no carro e por um momento vi os olhos dela cheios de lágrimas.


Freddie Mercury & Montserrat Caballé - How Can I Go On


O marido deixou todos os problemas possíveis e imagináveis e ela, pelo que recebi de informações, era uma dondoca que nunca precisou trabalhar. Veio de uma família muito rica e casou com um cara muito mais rico ainda e agora vivia nesse perrengue.

Será que a família dela não vai ajudá-la? Eu ficava me perguntando, mas não era da minha conta afinal.

Chegamos à embaixada já era bem mais de dez horas e assim que chegamos vi a diferença no tratamento que recebi. Não sei se foi a minha roupa ou a companhia dela, mas que todos me trataram melhor, ah isso trataram.

- Nardelli! – Ouvi uma voz que eu detestava me chamar – Sempre bem acompanhado, heim?

- Oi, Emílio! – Falei por obrigação – Bom gosto é o meu ponto forte!

Ele olhava para Clarice com ar de cobiça que me deixou extremamente irritado e com vontade de dar um soco na cara dele, mas ao invés disso puxei-a pela cintura apertando-a contra mim para que ele entendesse que ela era minha.

- Prazer, Madame Fontes! – Ele falou estendendo a mão – É sempre um prazer encontrar uma mulher como a Senhora.

Ela educadamente estendeu a mão e ele a levou aos lábios demorando mais que o necessário tanto que eu tive que intervir e puxar a mão dela.

- Meus sentimentos pela perda do seu marido – ele queria continuar conversando e eu doido pra dar um murro nele.

- Obrigada, Sr. – Ela falou educada.

- Pois é! Eu tinha alguns negócios com seu marido e creio que precisarei conversar com a senhora, já que me disseram que a senhora está cuidando de tudo pessoalmente – ele falou daquele jeito asqueroso.

- Ela estava cuidando de tudo pessoalmente – falei irritado – agora quem está cuidando sou eu, liga pra minha secretária que marcaremos um horário.

Ele ficou olhando pra ela como se quisesse confirmar a minha informação, mas ela tinha que fazer graça e falou:

- O Sr. Nardelli está cuidando de alguns negócios pra mim. Dependendo do assunto é comigo mesma.

- Entrarei em contato então.

Nem esperei pelas despedidas de praxe e saí puxando-a para longe dele.

- Clarice! Não quero você perto desse cara! – Falei nervoso.

- Por quê? – Ela perguntou parando e me encarando.

- Ele não presta. Só mexe com coisas ilegais e é muito perigoso.

Ela continuou olhando pra mim com a cara mais irônica do mundo e eu completei:

- Ele mexe com coisa pesada e ilegal no meu caso é só contravenção.

- Ah! Que diferente, né? – Ela continuou irônica – E você pode me dizer quem te deu autorização pra me tratar como propriedade sua?

- Fizemos um acordo!

- Mas eu falei pra você que seria sua personal style e não sua amante de mentirinha.

- Você disse, mas eu não aceitei. Agora é tarde, já somos um casal e não vou abrir mão disso, estou adorando esse povo todo com inveja – falei mais pra irritar do que por qualquer outro motivo.

Ela como era de se esperar se portou como uma lady e me ajudava todas as vezes que eu ia dar um fora, mas eu estava adorando dar bola fora, principalmente para vê-la me socorrer com toda sua diplomacia.

- Como vocês se conheceram? – Perguntou uma senhora esposa do embaixador de não sei onde.

- No meu cassino! Vi ela linda e gostosa desse jeito e não resisti.

- Nossa! – A mulher arregalou os olhos.

- Ele está exagerando, Milli. Está tentando te impressionar – Clarice falou olhando pra mim com cara de quem queria me matar.

- Não exagerei não, Milli. Você concorda comigo que ela é bonitona, né!

Era muito divertido ver aquele povo todo empertigado, principalmente Clarice que a cada situação tinha vontade de me matar, mas eu continuei a noite toda atormentando a vida dela.

Saímos do jantar era mais de duas horas da madrugada e ela estava dura igual uma pedra. Ela com certeza ia apelar.

- Você não tinha o direito de dizer pra todo mundo que estamos tendo um caso – Ela falou assim que entramos no carro.

Fechei o vidro que ficava entre nós e o motorista, pois a briga ia ser feia.

- Por que não?

- Por que não estamos tendo um caso. Eu tenho um compromisso de trabalho com você e agora todo mundo vai achar que eu e você somos amantes – ela estava realmente nervosa.

- Você liga demais para o que os outros pensam – falei tirando o casaco e a camisa de dentro da calça.

- Eu me preocupo com a minha reputação. Sempre tive uma vida correta, sem tropeços e...

Não deixei ela terminar e falei:

- E totalmente sem graça.

Ela me olhou com cara de quem ia me matar e falou entre dentes:

- Não é da sua conta como era a minha vida e nem como será. Não estou aqui por vontade própria, estou aqui por obrigação e você não tem nada a ver com a minha vida passada ou futura.

- Não tenho – falei com desdém – mas tenho, pois estou cuidando da sujeira que seu marido deixou e em troca você me ajuda nessas coisas sociais que eu detesto. Um acordo muito simples e pare de se preocupar com o que os outros vão pensar, o que interessa na vida é o que a gente pensa da gente.

Ela virou o rosto e não falou mais nada, mas quando chegamos a um prédio estranhei o local e perguntei:

- Você vai ficar aqui?

- Sim. A partir de agora vou morar aqui.

- Por quê?

- Porque tenho que viver como posso, Sr. Nardelli. E no momento é esse apartamento que posso sustentar.

Meu motorista abriu a porta nesse momento e ela saiu pisando duro.

Eu fiquei lá, olhando-a entrar e dei uma gargalhada. Essa mulher está precisando de uma boa trepada pra acabar com esse nervoso todo, pois com certeza isso é falta de sexo.

Sexo forte, duro e depravado, mas com certeza não seria eu a dar isso pra ele.

Deus me livre!!!!

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Obrigada pelas estrelinhas e comentários!!! Estou super feliz pela participação de vocês. 

Paixão & Sedução (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora