Durante uma semana Sara foi violentada por aquele homem que não se compadecia com o choro dela.
_Logo tu vais te acostumar. Vou fazer de tudo para que sejas feliz ao meu lado. _Pablo dizia.
Ele mesmo preparava o banho higienizante e a lavava, beijando suas partes íntimas enquanto falava.
_É para sarar logo, minha querida.
Apesar da dor que sentia, Sara se entregava passivamente, pois sabia que quanto mais lutasse, mais se machucaria. Quinze dias depois ela pediu:
_Deixe-me ir falar com Conceição, chefe. Estamos trabalhando juntas e eu preciso cuidar da minha parte.
_Ainda é cedo, descanse um pouco mais.
_Então me deixe tomar um banho, estou muito suada.
_À noite, quando todos estiverem dormindo, nós tomaremos banho.
Pablo não a deixava um só instante. Ia buscar o café da manhã, o almoço e o jantar, preparados no meio do acampamento pelas ciganas encarregadas de cozinhar, sem se importar com os olhares avessos vindos em sua direção. Tinha a sua menina, que importava o resto? Estava feliz, isso bastava. À noite ambos tomavam banho e ele, experiente, aproveitava o fato para acaricia-la, provocando seus desejos. Aos poucos ele foi ganhando sua confiança.
_Viu minha pequena, como é gostoso? É só ter calma; a gente ainda vai ser muito feliz.
Somente um mês após o rapto foi que ela, já perfeitamente entrosada com o marido, teve permissão para sair.
_Tu vais sair, mas vai sair sorrindo, de cabeça erguida. Se tu abaixares a cabeça ou derramares uma lágrima, tu voltas para o carroção e ficarás um mês de castigo. Agora tu és a mulher do chefe e quero que hajas como tal, entendeste? _ameaçou Pablo.
_Sim chefe. _Sara respondeu
Todos esperavam que ela saísse triste, cabisbaixa, mas não. Sara saiu do carroção de cabeça erguida, altiva, desconcertando a todos. Cumprimentou-os normalmente e até sorriu diante das reverencias recebidas. Era a mulher do chefe, tinha que ser tratada com deferência.
Sara foi direto ao carroção de Conceição e ao encontra-la sozinha, desabou.
_Calma minha menina, calma. Vou fechar a lona, espere um pouco... Agora podes falar Sarita. Conte tudo o que quiseres.
_Eu não queria ser mulher dele, tia. Por que não pude escolher? Por que ninguém me defendeu? _perguntou ela chorando.
_Porque ele é o chefe, Sarita, a autoridade maior. Se a gente não tiver um líder, a gente vai acabar se perdendo por aí. Eu até tentei enfrenta-lo, mas fui ameaçada e tive que me conter. Conter para te ajudar agora.
_O que é que eu faço tia?
_Aproveite as vantagens que o cargo te oferece. Tu lembras como a Dolores fazia antes de ser repudiada? Agora tu tens poder de decisão; é só saber usá-lo. Mesmo que não gostes de suas intimidades, finja que estás gostando muito, que queres mais, e num instante esse velho metido a garotão vai desabar.
_Como assim tia? Não entendi.
Conceição instruiu Sara como uma cafetina ensina sua moça recém-chegada, deixando-a de queijo caído.
_Tenho que fazer tudo isso?!
_Muito mais do que isso. Com o tempo tu mesma, inteligente como és, vais tirar dele o máximo proveito. Não é muito diferente de como bordar uma blusa; é só seguir o risco e depois criar em cima. Mas tome cuidado para não engravidar. Vou te dar um remédio infalível. Tua menstruação já desceu esse mês?

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SANGUE CIGANO.
Short StorySANGUE CIGANO: Em uma tribo cigana, órfã de mãe e abandonada pelo pai, Sara foi criada pelas matronas. Ainda menina ela conquistou o coração de Pablo, o velho chefe, e quando completou doze anos ele a raptou e a tomou para esposa, porém Paco, órfão...