Capítulo 13

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Martin estava completamente recuperado e pronto para voltar aos serviços. Ele chegou com Sor para a chamada matinal.

Mais um guarda não tinha aparecido. Era o quinto em cinco dias, isso estava começando a se tornar um padrão. Sor suspirou e ordenou patrulhas para procura-los pela floresta fora da cidade e nos prostíbulos. Ele designou as funções de Martin e disse que sairia para caçar com lorde Morrison. Martin pegou a lista e saiu preocupado, Weller, amigo de Martin foi um dos primeiros guardas a desaparecer. Algo parecia errado...

Martin saiu em direção ao salão de treinamento. O turno dele seria mais curto naquele dia.

O jovem guarda encontrou Lady Nymeria nos corredores. A bela dama sorriu assim que o viu.

- Bom dia Martin. Vejo que retornou ao trabalho. Como foi a recuperação?

- Bom dia milady, finalmente voltei a trabalhar, não conseguia mais ficar à toa o tempo todo. - Martin ficou envergonhado quando Nymeria sorriu novamente. Ele acenou para Nymeria em despedida quando voltou a andar.

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Martin treinava com os guardas no salão. Ele havia aperfeiçoado muito sua habilidade com espada e havia passado a praticar arco e flecha com mais frequência.

Aquela manhã ele estava treinando esgrima com Neil e já tinha derrubado o amigo três vezes. Ao notar que Neil estava distraído ele parou.

- O que o incomoda Neil?

- Weller foi o primeiro guarda a desaparecer. No começo apenas pensei que ele estava se divertindo em algum prostíbulo ou algo do tipo, mas fazem cinco dias que ele desapareceu, e outros estão desaparecendo também isso está se tornando um padrão Martin, Weller pode estar morto!

Martin pediu calma ao amigo.

- Tenha calma! Não sabemos se estão mortos, não encontramos corpos, então eles podem apenas estar por aí se divertindo enquanto você se preocupa à toa.

Martin se despediu do amigo e seguiu para a muralha do castelo onde começaria o turno. O trabalho dele consistia em ficar parado até algo acontecer. Como raramente acontecia algo, Martin apenas ficou parado.

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Após o banquete de almoço, Sor e mais alguns guardas acompanharam Morrison à uma caçada no bosque que ficava ao lado de fora das muralhas da cidade.

Sor cavalgava ao lado de Morrison enquanto seguiam os cães que tentavam farejavar um grande javali que estava na região. Os cavalos galopavam entre as grandes e verdes árvores do bosque. A agradável brisa da cordilheira deixava o clima perfeitamente equilibrado, naquele lindo dia de primavera.

A cavalgada durou uma hora e meia em meio ao grande bosque, até que os cachorros finalmente encontraram o javali. Morrison desceu do cavalo, pegou o arco e tirou uma flecha da aljava. Sor também desceu do cavalo e desembainhou a espada. Os cachorros latiam para um arbusto onde havia um grande javali espreitando. Morrison armou a flecha no arco e apontou para o animal. O lorde mirou exatamente na cabeça, e disparou. O tiro seria fatal, a flecha viajou, cortando o ar e perfurou a pele e carne do pobre animal. O javali urrou de dor e correu. Foi quando Morrison percebeu que, o animal havia se virado para correr no exato momento em que atirou.

- Foi um bom tiro, milorde. Uma falta de sorte não o ter matado. - disse Sor.

- Vamos continuar o caçando. Eu realmente quero comer a carne desse filho da puta no jantar. Faz muito tempo que não como javali assado.

Sor riu e montou no cavalo assim que Morrison o fez. Eles adentraram a floresta densa. O ruído dos animais silvestres era extremamente alto naquela parte. Múltiplas cigarras cantavam na vegetação escura. Morrison sentia algo estranho, como se estivesse sendo observado.

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Ao crepúsculo, Morrison e os outros ainda cavalgavam em busca ao javali. A floresta estava escura. Grandes mariposas escuras voavam por toda a vegetação. Sor se aproximou de Morrison e disse:

- Está ficando tarde. Não sou muito supersticioso, mas, minha mãe costumava a contar lendas sobre este lugar à noite. Estamos perto da antiga fortaleza dos magos. Talvez seja melhor voltarmos. Essa parte da floresta é... de alguma forma... errada. - Sor olhou ao redor como se procurace algo. - Não quero descobrir se as lendas são verdadeiras.

Morrison acenou em confirmação e eles deram meia volta. Ao longe, tinha uma pequena cabana com uma aparência antiga e medonha. O lorde podia jurar que havia visto uma figura humanoide com dentes brancos demais, sorrindo para ele. Assustado Morrison acelerou o trote do cavalo.

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Martin estava definitivamente entediado. O turno havia terminado, a noite já tinha caído. Andava distraído até que se viu caminhando até à biblioteca. A canção de ninar medonha da porta não saía de sua cabeça. Ele precisava de respostas. Não acreditava que havia ouvido aquilo por acaso. Ele procuraria um significado para aquilo. Assim o jovem guarda abriu a porta da biblioteca e encarou as estantes de livros.

Ele caminhava lentamente pelas grandes estantes de livros olhando os exemplares um a um. Quando mais caminhava em direção aos fundos da biblioteca, mais os livros ficavam antigos e a iluminação ia se dissipando. Martin, com sorte, tinha encontrado uma vela.

O jovem guarda deu um longo suspiro quando se cansou e se virou para ir embora. Ao passar por uma estante a luz da vela revelou um título interessante e peculiar.

Hjarkken Jarthah

Ele jamais havia ouvido falar em tal coisa, era como uma língua diferente, antiga e exótica. Martin pegou o livro e saiu o mais rápido possível da biblioteca. Ele não se demorou ao caminhar até os aposentos e começar a ler.

O livro estava escrito em grande parte, em uma língua antiga, estranha. O que mais o surpreendeu foi um símbolo de um dragão de duas cabeças cuspindo fogo por uma e gelo por outra.

Um vento forte bateu contra uma das janelas de seu aposento, fazendo com que uma das prateleiras cai-se, revelando o antigo amuleto de seu pai.

Martin ficou surpreso ao perceber que o símbolo era o mesmo que o colar que seu pai lhe dera - o último presente antes de partir. Ele tinha dito que pertencia ao avô de Martin. - O jovem guarda pegou o amuleto e o colocou sobre o símbolo no livro.

Martin se assustou quando o amuleto brilhou com uma luz sobrenatural. Ao olhar de novo para o amuleto e o livro ele percebeu que símbolos e letras antigas estavam se juntando e... formando palavras.

Você é o escolhido.

O jovem guarda começou a folhear as páginas sobre o amuleto e lendo algumas mensagens como:

Você é aquele que nos salvará

Sombras estão chegando nesse mundo

Confio em você desde que nasceu

Martin fechou o livro e se arrepiou ao ver o nome do autor. Arlon Hiess era o que estava escrito.

Era o nome do avô de Martin.

FelipeTheWriter & Midoky - Espero que tenham gostado. 😊

A Cidade da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora