Martin apresentou os garotos ao lorde de Greenhills, que estava acompanhado por Sor.
O lorde encarou os garotos e começou a falar.
- Quem são vocês?
- Eu sou Keeran Havenblade e esta é minha irmã, Cerridwen Havenblade – Keeran se lembrava do lorde. Em uma das viagens que acompanhou o pai, Keeran avistou os dois conversando sobre um acordo comercial entre a cidade e o pai.
- Você é o filho de Juan Havenblade, o comerciante que foi assassinado em sua casa... me disseram que os corpos de vocês nunca foram encontrados.
- Eu e minhas irmãs conseguimos fugir. Infelizmente Clarke foi assassinada ontem. – disse Keeran, cabisbaixo.
- Meus pêsames! Vou pedir para investigarem o caso. – Morrison deu um sorriso para eles – mas morarão aqui a partir de agora. Martin e os outros guardas podem treinar você para ser um guarda. Já você, pequena Cerridwen, pode aprender a trabalhar na cozinha quando estiver mais velha. Vocês têm certeza que não herdaram nada do pai de vocês?
- N-não tivemos a oportunidade de ir até Ilbren.
- Certo, quando puder, enviarei alguém para os levar até lá. Preciso ir agora. Tenham um bom dia. – disse Morrison antes de seguir para a sala de reuniões.
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Martin finalmente terminou de ler os livros de magia e encontrou um lugar para treinar às escondidas.
Ele era um mago de puro sangue, isso significava que podia evocar alguns feitiços sem precisar de um cajado. Martin estava tentando controlar a magia, mas tudo o que conseguiu fazer foi algumas pequenas pedras de gelo, que foram lançadas contra uma pedra. Não tinha conseguido controlar a magia o suficiente para que o cajado ou sua própria mão conseguisse fazer um grande disparo.
Martin não tinha a ajuda de ninguém, era muito perigoso revelar, até o momento. Apenas os muitos livros que frequentemente lia podiam o ajudar. Ele lutaria contra uma criatura extremamente poderosa. – um monstro saído de um pesadelo – dissera Keeran. Aparentemente era a mesma que assassinou todos os magos da fortaleza.
Pensar no que um dia ele enfrentaria causou calafrios. Martin teria que encontrar uma forma de derrotar a criatura, mas talvez ele não precisasse fazer isso sozinho. Poderia treinar Keeran também, se o garoto quisesse, é claro.
Martin tentou canalizar a magia do ambiente para disparar uma onda de poder, como estava indicando o livro que saqueara da fortaleza. Ele fechou os olhos e se concentrou. Posicionou a mão de maneira correta e...
Nada. Tudo estava exatamente igual quando abriu os olhos. Ele havia falhado. Cansado Martin se sentou em uma pedra e novamente, folheou o livro, as palavras escritas na antiga língua dos magos. Ele usou o amuleto mágico para traduzir as exóticas palavras.
Após ler o capítulo novamente, Martin se levantou, tentou concentrar a magia de forma que ele se tornasse um receptáculo, como era indicado. O jovem respirou profundamente e segurou o cajado com mais força. A pedra vermelha brilhava e como se um véu do grande tecido que era feito o mundo tivesse sido puxado conforme a magia era absorvida.
O Martin abriu o olho quando conseguiu lançar uma grande onda de poder sobre as grandes e pesadas pedras, que voaram a uma grande distância com o impacto. Martin caiu no chão, ofegante. O disparo de magia o exauriu, mas ele ficou feliz, havia descoberto um golpe que poderia usar para manter a criatura longe, ele apenas deveria treinar mais, para que não se exaurisse facilmente de novo.
Quando conseguiu recuperar o fôlego, Martin segurou o cajado com mais força e preparou um novo ataque. Ele sentiu a grande presença da magia em forma de calor. Martin abriu o olho quando lançou uma poderosa rajada de fogo pelo cajado. A satisfação foi maior do que o cansaço. Martin reposicionou o cajado e preparou mais um golpe.
O cajado brilhou em concordância com a magia que ele empunhava. A pedra brilhava em uma coloração azulada, diferente. O jovem mago sentiu o cajado se esfriar, como se o gelo tomasse conta do receptáculo. Martin mirou exatamente em uma grande árvore quando disparou.
A rajada de gelo cobriu completamente o tronco da árvore, as folhas se congelaram, formando uma visão incrível. Martin sorriu pelo sucesso, ele estava ofegante, mas precisava treinar mais. A criatura não cairia com apenas esses truques. E ele precisava aprender ao menos o básico antes de tentar convencer Keeran para ajuda-lo a derrotar o monstro criado pela mais pura ganância e escuridão dos magos.
Pela esperança de um mundo melhor e em paz, Martin faria aquilo. Ele destroçaria aquela criatura. E foi esse pensamento, fez com que Martin continuasse treinando duro todos os dias até o anoitecer.
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No outro dia Martin se aproximou de Keeran no treinamento para ajuda-lo a se levantar. O garoto aceitou a ajuda. E ouviu quando Martin sussurrou ao seu ouvido.
- Você gostaria de ter a chance de se vingar da criatura?
- Sem dúvidas. Mas um humano jamais teria chances contra aquela criatura. Não com aço. – respondeu Keeran.
- E com magia? Poderíamos ter uma chance...
- Os magos estão mortos.
- Certo... venha comigo agora. Vou te mostrar uma coisa.
Com isso Martin e Keeran saíram as pressas andando pelo castelo até o pequeno campo na floresta onde Martin costumava treinar.
- Não entendo... o que está acontecendo, por que estamos aqui? – perguntou Keeran, curioso.
Martin tirou um cajado simples, de metal – que ele tinha passado a noite toda o forjando - das costas e o estendeu para Keeran.
- Quer se tornar um mago? – Keeran ficou boquiaberto com o pedido de Martin. Que sorriu. – Eu descobri recentemente que sou o último mago de puro-sangue. Aceite o cajado e vamos combater a criatura para que possamos viver o resto de nossa vida em paz.
Keeran estendeu a mão e pegou o cajado. Martin sorriu novamente e empunhou o próprio – Caminhante de Mundos – em sua mão.
Martin ensinou Keeran tudo o que ele podia fazer com o cajado, já que o garoto não era um mago de puro sangue, não podia empunhar a magia em sua forma pura usando o corpo como receptáculo.
Os dois treinaram durante o dia todo. Martin estava conseguindo se fortalecer o próprio corpo e a eficiência de seus ataques. Os dois treinaram até o alvorecer.
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Alguns dias depois...
Rhons sonhava com o incrível e maravilhoso plano de tomar Greenhills. As sombras tinham repassado tudo, cada minucioso detalhe do que fariam. Tudo seria incrível, Greenhills estava completamente perdida.
Às vésperas do grande ataque, Rhons e os rebeldes meditavam. A ansiedade mal o deixava dormir ou descansar. Tinha repassado o plano três vezes naquele mesmo dia com seu imediato. Os guardas estavam desaparecendo, isso seria mais uma vantagem sobre a elite. Eles só precisavam tomar a cidade antes dos reforços do exército chegassem, caso contrário, a cidade continuaria de pé e os rebeldes, totalmente exterminados.
Não haveria uma segunda chance. Era de uma vez por todas. Chegaria a grande chance de libertar Greenhills, de ter um futuro melhor.
Rhons se vingaria. Por tudo que o fizeram, pela infância perdida e por todas as oportunidades que ele não teve. Por cada cidadão de Greenhills que sofreu o mesmo que ele ou pior. Bastava daquela desigualdade, a elite pagaria por tudo aquilo.
O líder rebelde foi até a cozinha e encheu o copo com vinho, em seguida, caminhou até a janela e observou a bela noite de lua cheia. As estrelas reluzentes brilhavam intensamente, como se o estivessem observando.
Mesmo que todas as pessoas que você ame se forem, elas se tornarão uma estrela para vigiar seus sonhos, uma mulher sábia lhe disse certa vez.
Rhons se reconfortou com a memória e se lembrou da mãe. O líder rebelde sorriu para as estrelas e fez um juramento. Por todos os que ele amava e se foram, Rhons conquistaria Greenhills. Ele se deitou em sua cama e não percebeu quando caiu em um sono tranquilo, como a noite estava sendo.
O dia seguinte prometia pura carnificina.
FelipeTheWriter & Midoky
Obrigado por lerem. Espero que tenham gostado
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A Cidade da Escuridão
FantasiaOs magos das Cordilheiras de Greenhills lançaram um forte feitiço que fizeram os monstros e outras criaturas mágicas "adormecerem" por tempo indeterminado. Existem lendas que afirmam que enquanto o último mago vivesse, o feitiço duraria. O último ma...