Capítulo 15

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"Você diz que quer. Mas você não consegue controlar.

Você tem um vício... procurando um estranho para amar."

The Kooks – Bad Habit

Conforme prometido passei um tempo com Amelia. A Florida era quente, assim como seu povo. Achei as praias fascinantes, os ritmos e a despreocupação das pessoas em viver sem pressa. Acabei ficando mais tempo do que esperava. Amelia não morava em alojamentos da faculdade. Seus pais haviam locado um apartamento próximo à faculdade e foi lá que fiquei hospedada.

Pudemos conversar até tarde, ir à praia nos finais de semana e aproveitar nossa amizade, já que passamos tanto tempo distantes. Tentei ir o mínimo possível a clubes e bares, era o meu retiro espiritual e sentimental, então não devia voltar à rotina de bebida e festas diárias.

Confesso que algumas vezes acabei me rendendo e trazendo uns 3 caras pra casa. Depois do término com Brian, Amelia achava difícil se relacionar com outras pessoas, apesar de ter tido alguns encontros. Minha presença modificou um pouco isso e ela acabou também dormindo com uns caras diferentes. Suspeito que se a família dela soubesse sobre minha influência negativa eu nunca mais seria convidada para nenhum evento dos Harrison.

A verdade é que Amelia sentia falta de Brian e eu tinha certeza que eles ficariam juntos novamente. Era uma questão de tempo, já que se conheceram muito novos para tomar esse tipo de decisão pro resto do vida. Talvez a gente ame uma vez só na vida mesmo. Se for isso mesmo estou perdida.

Você tem "o grande amor da sua vida"? E se tiver, está com ele? São tantos os motivos que nos levam a estar e deixar de estar com as pessoas, às vezes são bobos. E quando você vê, está com 40 anos e ainda pensando naquela pessoa que podia fazer você flutuar.

Eu tinha tido algumas experiências e agora prestes a completar 19 anos colecionava casos superficiais com homens que eu usava por uma noite. Desculpe se pareço frívola e vulgar. Mas eu queria somente o prazer físico, a casualidade de sexo sem compromisso e saber que não estaríamos envolvidos no dia seguinte.

Chris me escrevia de vez em quando. Soube por ele que Daniel e Maggie estavam indo muito bem. Isso me aqueceu o coração. Senti que havia feito a coisa certa. Eu poderia achar um homem tão bom na cama quanto Daniel, mas ele não poderia achar outra Maggie em lugar algum. As coisas tem seu lugar. Eu só precisava achar o meu.

Quando o final de ano chegou Amelia voltou para casa. Eu não queria ficar na Florida sem ela, então fiz as malas e entrei no primeiro avião que eu apontei no painel de partidas do aeroporto. Parece incrivelmente contraditório que alguém esteja querendo se encontrar parecendo estar tão sem rumo quanto eu. Mas eu sabia, e espero que você também entenda, que o problema estava dentro de mim, e não fora.

Se você nunca viajou sem rumo, recomendo que o faça. É a melhor forma de fazer amigos e aprender a se virar. Passei o Natal na Cidade do Cabo, na África do Sul, conheci cidades incríveis como Franschhoek e Plettenberg Bay. Também fiz alguns trabalhos voluntários em orfanatos, e ensinando crianças na periferia de Johannesburg.

Do fundo do coração eu esperava que isso me devolvesse os pontos que perdi quando desejei que os futuros filhos de Gabriel se fodessem.

Foi então que eu conheci Dajan, um queniano que ensinava matemática para as crianças no mesmo turno que eu. Ele tinha quase dois metros de altura e uma constituição fortíssima, corria desde pequeno e por isso suas pernas eram torneadas e longas. Acho que nunca te contei, mas tenho 1.78m. Não sou exatamente pequena, mas as mãos dele praticamente se fechavam ao redor da minha cintura. Eu adorava seu nome. Achava forte e intenso, assim como ele.

Foi deitada sobre Dajan, olhando o teto de madeira da sua casa que e comparando os tamanhos das nossas mãos que ele me contou que seu nome significava 'o céu escuro e fechado antes da tempestade'.

VioletOnde histórias criam vida. Descubra agora