Capítulo 34

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"Me liberte, deixe-me ir. Eu não quero viver outro momento em sua gravidade.

Aqui estou, e aqui fico. Altiva, como eu deveria estar.

Mas você está todo em mim."

Sara Bareilles – Gravity

O tempo parecia estar passando muito rápido e eu tentei retomar os treinos de corrida para conter minha ansiedade, mas meu estômago estava o tempo todo. Eu fui com minha mãe e a mãe de Daniel na prova final do vestido e as duas ficaram extremamente emocionadas.

Parece uma coisa estranha, mas eu sentia como se meu nervosismo estivesse corrompendo todas as minhas outras emoções, deixando-as em espera para depois. Me olhei no espelho, o vestido era perfeito, em renda e tule e o caimento estava maravilhoso no meu corpo. Estiquei o tecido e a costureira me perguntou se estava tudo certo. Eu forcei um sorriso e assenti.

Eu cheguei em casa no auge de um sentimento desconhecido. Eu não sabia se era tensão, nervosismo, ou se eu estava somente enlouquecendo com tantas coisas passando pela minha cabeça ao mesmo tempo. Eu estava à flor da pele. Sempre achei que o stress antes do casamento fosse uma lenda. Mas eu estava extremamente irritada. Daniel estava aprendendo a lidar com meu comportamento, e sendo extremamente paciente.

Ele perguntou se eu havia passado para a o serviço de buffet o depósito para a comida do casamento. Obviamente eu havia esquecido e Daniel prendeu os lábios. "Seria bom se eu não tivesse que fazer tudo sozinha.", reclamei retirando os tênis e as roupas para entrar no banho. "Sozinha? Eu tenho feito um milhão de coisa, Alex. Além de tudo estou terminando a faculdade. E você não está exatamente facilitando a coisa toda.", ele disse um pouco chateado. "Não está sendo fácil pra mim também, Gabe.", eu arregalei os olhos e ele parou olhando pra mim de boca aberta.

O que quer que seja que ele tinha pra falar foi engolido de volta com as letras G A B E. "Sinto muito, Dan.", eu fiquei perplexa com meu ato falho. "Eu não sei por que falei isso. Sinto muito.", eu rezei para estar sonhando, ou ter achado que falei uma coisa e na verdade ter falado outra.

Mas eu realmente o chamei de Gabe. Fiquei mortificada, numa das cenas mais estúpidas da minha vida, sem saber como consertar o que tinha acabado de fazer. Daniel saiu do quarto e o segui pela casa, "Daniel, por favor fale comigo.", eu pedi segurando e sua mão, ele se virou pra mim transtornado. Eu nunca o vi daquela forma. "Dan, eu lamento.", eu procurei olhar nos olhos dele. Ele se aproximou e grudou a testa na minha, nossos olhos fixos um no outro, e a respiração dele super rápida. Eu conseguia ouvir seu coração batendo forte no peito. "Diga que me ama.", ele falou com a voz baixa, mas eu podia sentir a raiva no timbre.

Minha respiração entrou no ritmo da dele, e meu coração também acelerou. Eu aproveitei a proximidade para segura-lo pelo rosto e beijá-lo com vontade. Arrancamos o resto de nossas roupas ali mesmo, e foi dessa forma que nosso sexo aconteceu, impetuosamente, de forma rápida e voraz. Ainda encostada na perede em seu colo eu olhei em seus olhos e disse novamente: "Me perdoe.", ele fez que 'sim' com a cabeça e eu o beijei, selando nossa primeira briga.

Eu precisava diminuir meu ritmo, precisava desacelerar e me lembrar os motivos de estar fazendo aquilo.

Amelia chegou em Boston uma semana antes do casamento. Fomos jantar em um dos meus restaurantes favoritos e fomos ao teatro. Brian se viria no final de semana e eu estava precisando desse tempo com ela. Amelia sempre conseguia me transmitir leveza, e era bom me preocupar com os dilemas de outra pessoa para variar. Subi com ela até o quarto do hotel onde ela estava hospedada para ver seu vestido de dama de honra. Ela ficou linda. Eu achava impressionante a habilidade de Amelia em melhorar sua aparência com os anos.

Ela terminou de colocar suas roupas e guardou o vestido enquanto eu foleava uma revista deitada na cama. A cena me lembrou nossa adolescência e comentei com ela que sentia falta de tê-la por perto. A campainha do quarto tocou e ela foi atender, porém antes de abrir a porta me encarou seriamente e disse "Por favor, não me odeie.". Eu franzi as sobrancelhas sem compreender muito o motivo de tudo aquilo, até que Gabriel entrou .

VioletOnde histórias criam vida. Descubra agora