Camila Cabello's point of view
Meu quarto estava envolto em um breu levemente opaco, por causa da neblina fria que entrava por minha janela aberta. Os pelos de meus braços e pernas estavam arrepiados, mas não me importei. O inverno de Nova Iorque poderia ser quase torturante às vezes, mas naquela noite eu precisava de ar puro, mesmo se fosse frio. Eu combinava com o frio, era ele que eu sempre sentia dentro de mim, então não me incomodava.
Era madrugada, eu não sabia exatamente as horas, mas sabia que era madrugada. Tudo estava silencioso, o que era extremamente agradável para mim. Decidi ir até a janela de meu apartamento e observar a rua, não havia ninguém e estava com um fluxo fraco de carros. Degustei um pouco do café quente que estava em minhas mãos, minha língua sentiu o líquido quente de bom grado.
Tamborilei com a ponta dos dedos na caneca, estava um tanto ansiosa. Aquela madrugada eu faria algo que planejava há meses, algo planejado aos mínimos detalhes. Dei um pequeno sorriso perverso ao pensar nisso.
Bom, eu obviamente não era uma pessoa normal, estava longe disso. Mas eu não acreditava nessa coisa de normalidade, afinal, todos nós guardamos segredos estranhos, não é mesmo? Olhei para o céu limpo com certa dificuldade, adquiri essa dificuldade graças ao dia mais tenebroso da minha vida, o dia que me fez virar quem eu sou hoje.
Aquilo me deixava triste, pois eu sempre tive um certo fascínio pelo céu, mais precisamente o céu estrelado. Porém aquele bloqueio em minha mente me impedia de olhá-lo sem lembrar daquele dia... Engoli um seco e desviei o olhar para o chão, com tristeza e fúria nos olhos.
Ouvi o som de algo vibrando, meu telefone. Larguei a caneca com café e fui até meu criado mudo e o peguei, vendo o nome de minha melhor - e única - amiga no visor.
- Está na hora, estou a caminho. - Dinah falou no outro lado da linha.
- Desço em 15 minutos. - Respondi rapidamente e desliguei o telefone.
Coloquei meu coturno preto e verifiquei minhas vestimentas. Eu estava com um macacão verde-musgo, que cobria meus braços e pernas. Dobrei as mangas da roupa e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo firme. Fui até a minha sala de estar, mais precisamente em direção à minha mala de tamanho médio na cor preta. Abri a mesma, verificando se tudo o que eu iria precisar estava lá. Cordas, um pé de cabra, facas, gasolina, fitas, luvas, máscara e... ela, minha arma.
Minha linda Taurus RT 444, item de colecionador que nunca me decepcionou. Eu possuía outras armas, mas aquela era minha favorita. Eu a peguei carinhosamente com meus dedos finos, passando a ponta dos mesmos no cano prata de meu revólver. Seu design era singular, tinha um cano maior do que o da maioria dos revólveres, era prateada e com o cabo revestido com couro preto. Absolutamente linda.
- Juntas, como sempre... - Sussurrei, colocando meu revólver dentro da mala junto com as outras coisas.
Após estar completamente pronta, fechei a mala e saí de meu apartamento enorme. Quando cheguei na entrada do prédio logo avistei o carro de Dinah estacionado no outro lado da rua, me esperando. Atravessei em passos rápidos, e abri a porta do carro. Dinah estava com um semblante entusiasmado, mas de um jeito que assustaria alguém além de mim. Ela me lançou um sorriso de canto, que eu só pude ver graças a pouca iluminação que o painel oferecia. Ela estava com uma roupa parecida com a minha, mas seu macacão era marrom. Seus cabelos loiros estavam presos em um coque não muito apertado e em suas mãos haviam luvas de couro pretas, assim como as que eu tinha em minha bolsa.
- O dia tão esperado. - Seu tom de voz era mínimo.
Eu apenas sorri um pouco e minha amiga deu partida, tão rapidamente que ouvi o cantar dos pneus. Já estávamos mais do que acostumadas a fazer aquele tipo de coisa, mas aquele dia era especial, foram meses de planejamento. Digamos que iríamos pegar um peixe grande naquela vez. O entusiasmo corria por cada célula do meu corpo, um entusiasmo contido.
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A Justiceira [Camren]
FanfictionO quão grande pode ser um trauma? O quão grande pode ser e extensão de uma ferida causada por um? Ninguém sabe a resposta. Mas sabemos que o trauma pode ser grave, degradante à nossa mente, impactante. Pode nos corroer por dentro, mastigar nossas pa...