As Facções

6

Heitor - Líder dos Chama.

Estou adorando ver Os Águas tremendo do outro lado da barreira de água, vejo o medo em seus olhos assim que dou a ordem de desfazerem a barreira, mas também fico intrigado, do outro lado, tremendo, mas com o nariz empinado está uma garota realmente bela com seus olhos azuis da cor da mais bela água cristalina, seus cabelos castanhos e corpo curvilíneo. Ótimo, achei você minha pequena, apenas esta barreira me impede de te ter, mas como nada me impede de alcançar o que eu quero, não acho que farei grande esforço pra te ter pequena.

-Não vou falar duas vezes Águas... abaixem isso AGORA! - Falo fingindo irritação, olhando diretamente para a criatura que me atraiu.

Ela treme mais, se é que isso é possível.

Sorriu intrigado e desço do cavalo ficando a centímetros da barreira, e muito mais perto dela.

-VÃO EMBORA! NÃO TEM NADA PARA VOCÊS AQUI!- Grita ela, de forma firme, mas ainda posso ver, sentir, seu medo.

Meu sorriso se alarga, então você é durona em? Nunca gostei de coisas fáceis mesmo, quanto mais tempo olho para ela, mais a quero.

-Oi pequena, se você desfazer esse pequeno muro entre nós ninguém vai se machucar, apenas quero conversar com você. - Digo para ela que, ao ouvir isso, arregala os olhos.

-Você é maluco! É obvio que não vamos tirar essa barreira, vão embora! Faremos de tudo para proteger nossas crianças! - Sua voz estremece ao falar isso para mim.

-Ninguém se machucará se você vier comigo pequena! - Digo sério, quero que ela veja a verdade do meu desejo, e sinto que consegui quando a vejo dar um passo para trás.

-Heitor, do que você está falando cara? - Pergunta Alan atrás de mim. 

Não havia percebido que ele tinha também descido do cavalo e estava bem próximo a mim, mas dou de ombros. Ele não precisa saber de tudo.

-Volte para seu cavalo - Digo apenas.

Ele não me questiona mais uma vez, apenas me obedece soltando um suspiro.

Volto meu olhar para a criatura que tanto desejo e sorriu voltando para meu cavalo, assim que o monto digo para que todos escutem:

-Vocês não me deixam escolha! - Suspiro fingindo frustação.

Percebo que eles se preparam pro ataque, quando ouço um alvoroço atrás de nós.

-SENHOR, É O EXERCITO DOS ÁGUAS! - Escuto um dos meus guerreiros gritar ao longe.

Suspiro novamente, desta vez irritado. Solto um grunhido raivoso enquanto faço uma barreira de fogo impedindo assim do exército inimigo passar. Sou poderoso, todos sabem disso, todos os povos me temem, posso dizimar todos os outros com um simples ataque do meu exercito, mas nunca fiz isso, nunca dizimei um povo inteiro porque é divertido saber seu temor por mim, não teria graça se não existissem, mas é em momentos como este que esta ânsia de dizimá-los me toma, me controlo para que isso não aconteça, vejo que eles não avançam mais, tentam apagar o fogo com sua água mas é em vão, enquanto eu quiser que exista fogo, ele ressurgirá, e qualquer um que ousar atravessá-lo será morto por suas chamas.

Volto minha atenção para a barreira em minha frente e vejo o par de olhos cor de topázio azul me observando amedrontados, encaro-a por alguns segundos intermináveis, então aponto meu indicador em sua direção e falo calmamente:

-Ou você atravessa esta barreira e vem comigo agora, ou morrerá junto com todas as suas preciosas crianças, e eu te juro, não será uma morte agradável.

Abaixo minha mão segurado as rédeas do cavalo e espero olhando-a intensamente, posso ver seu cérebro quase entrar em colapso enquanto ela avalia se estou falando sério e calcula se pode me vencer ou não.

Clary:

Olho para Heitor sem acreditar no que ele acabou de dizer, vejo em seus olhos toda a verdade daquela afirmação, ele não aceitaria um não como resposta, ele não é o tipo de homem que não é obedecido, sinto isso em meus ossos.

Olho ao redor procurando por ajuda, vejo os outros professores tremendo enquanto seguram firmemente a barreira, quando tento achar algum apoio para comigo vejo-os desviando os olhos, como se tivessem vergonha de dizer que não podem me ajudar  nisto, olho então para nosso exército, tentando em vão, apagar a barreira de chamas que os impedia de chegar até nós.

Sinto vontade de chorar, isso não pode estar acontecendo, por que eu?

Eu olho novamente para Heitor e vejo-o assentindo para mim, não me seguro e pergunto a ele:

-O que fará comigo se eu for até você?

Ele me olha por segundos sério enquanto trava o maxilar, penso que provavelmente isto quer dizer que não me responderá, mas vejo que estou errada quando escuto: 

-Levarei você até minha cidade, cuidarei de você, quero... conhece-lá melhor.

Fico boquiaberta por um tempo, até que sinto as palavras saírem da minha boca sem perceber, já estou perguntando:

-E eu poderei voltar? Posso vir ver meu povo? Minha cidade?

Ele apenas me responde com um assentimento.

Num ímpeto de coragem que nunca soube que tinha aponto o dedo para ele e falo:

-Se você estiver mentindo para mim, eu não sei como, mas eu juro que darei um jeito de matar você seu maluco, e não existe ninguém neste mundo que me fará mudar de ideia!

Ele sorri de lado, percebo que isso me irrita, e muito!

Olho ao redor procurando minha amiga, a vejo a alguns passos atrás de mim me olhando com seus olhos esbugalhados enquanto sussurra um silencioso não.

Uma lágrima cai de meus olhos enquanto sorriu pra Sabrina mostrando que vai ficar tudo bem, me viro novamente secando a lágrima e avanço, atravesso a barreira de água ficando totalmente encharcada.

Vejo Heitor sorrindo enquanto me oferece a mão para me ajudar a subir no cavalo.

Pego sua mão e sinto o quão quente ela é, isso é tão estranho, sua quentura contra a minha frieza, percebo em seus olhos que ele também sentiu isso. Com um impulso eu subo no cavalo e me sento em frente a Heitor que abraça minha cintura me segurando firme, tento me soltar, mas seu aperto só aumenta, então tento apenas encostar o mínimo que posso em Heitor, fico rígida sobre o cavalo.