16 - Good & Bad

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Meu coração disparou enquanto eu assisti ao telefone, meus pés congelados no local.

Eu lancei meu olhar para os olhos questionadores de Tom e disse a ele quem era.

- Tudo bem, pegue, pode ser as crianças, certo? - Ele tranquilizou-me.

Eu assenti, mas ainda me senti desconfortável em aceitar a ligação, gesticulei para o quarto enquanto respondia, querendo me afastar dele para não ter que assistir a reação do seu rosto comigo conversando com meu marido ao lado dele. E talvez para evitar minha culpa.

- Olá? - Eu respondi com cautela.

- Mummmmmy!!! - Eu ouvi do outro lado. Meu coração pulou.

- Mamãe, quando você vem pra casa? ... Mamãe, eu tenho uma bicicleta nova, eu quero te mostrar que eu posso montar mamãe! Papai me mostrou como fazer certinho. Você vai voltar?

- Olá meu amor. - Eu tentei ficar tranquila.
- Mamãe eu estou na cama... Papai está me lendo um livro sobre múmias.
- Ok... Bem, bons sonhos e boa noite, até amanhã baby. Coloque o seu pai para falar comigo.

- Oi amor?!
- Hey!
- Onde você está? - A questão chegou até mim.
- Hmm... O que você quer dizer? - Eu perguntei baixinho, fechando os olhos quando Tom se sentou na cama.

- Parece inquieta, é tudo. São 21:30h, eu pensei que você estaria passeando na noite londrina.

- Sim... Hum... Eu não estou me sentindo muito bem, na verdade, provavelmente a noite passada está persistindo ainda. - Eu menti com os dentes cerrados.
- Certo, querida, bem, tenho que ir... Levar o pequeno para dormir, ele está acordado ainda. Te vejo amanhã à noite... Eu te amo. - Ele disse. Ele parecia um estranho dizendo isso a mim naquele momento.

Eu fiz uma pausa.
- Eu também te amo. - Eabaixei o telefone.

Eu fui ao banheiro e fechei a porta, baixando a tampa do vaso sanitário e sentado em cima dele, colocando a cabeça nas mãos. As ondas de culpa pareciam um pouco demais naquele momento, eu senti náuseas, meu estômago se encheu de pavor. Ele era um bom homem, meu marido. Ele não merecia a traição, mas eu ansiava pelo outro homem na sala ao lado mais do que qualquer coisa no mundo.
Mais do que minha lealdade a ele.
Mais do que o risco que eu estava tendo, mesmo estando aqui.
A ação já foi feita de qualquer maneira.

Dormir com Tom na noite passada é a diferença entre o bem e o mal? A diferença entre uma vez e nunca mais, certo? E quando é duas vezes? Os pensamentos giraram em minha cabeça quando eu ouvi um toque de dedos na porta que me arrastou de volta para a sala silenciosa e a realidade.

- Estou indo. - Eu disse, quando eu me aproximei e abri a porta, olhando para Tom, meus olhos traindo minha tristeza enquanto eu lhe dava um sorriso sutil.
Ele pegou minha mão e levou-me de volta para a sala de estar. Ele limpou a comida e serviu mais dois copos de Pinot noir, as luzes estavam apagadas e havia música suave tocando ao fundo. Parecia sensual, relaxante e exatamente o que eu precisava naquele momento de caos em minha cabeça, para acalmar meus pensamentos.

- Eu sei que isso não é fácil. - Ele disse, sua voz grave quase um sussurro inaudível, mas um bálsamo calmante mesmo assim. Ele me puxou para o sofá e envolveu seus braços em volta de mim. - Não é para mim também. Somos boas pessoas, é isso que significa. Temos uma consciência. Mas essa atração não é algo que eu tenho força para ignorar. Eu não sei o que é... Você está preenchendo algo em mim, eu deveria ter ficado longe hoje, mas eu não posso. - Continuou ele. 

Ele estava falando isso mesmo? Eu ainda não tinha certeza.

- Qual é a diferença entre bom e ruim? - Eu perguntei, meus olhos procurando em seu rosto por uma resposta. Ele sorriu com os olhos.

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