Um.

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Ju: EU QUERO MORAR COM MINHA MÃE! -Gritei com os olhos cheios de lágrimas.

Guilherme: Você não vai morar naquela favela de merda Júlia! - Falou com nojo.

Ju: Qual o problema? -Cruzei os braços.- Qual é papai.-Debochei.- Acha que eu não sei que você mais uns dos policiais que fazem parte da milícia? Me poupe!

Ele veio ao meu encontro desferindo um tapa ardido em meu rosto, logo após saiu batendo a porta sem falar mais nada.

Sempre foi assim, moro em um condomínio no leblon com meu pai, minha mãe e meus irmãos moram lá no complexo da maré, amo minha mãe e meus irmãos sempre quis ir morar com eles, mas por eles morarem no morro e meu pai ser um policial conhecido, meu pai não autoriza!

Minha guarda está com ele, por ele ser desse meio ele conseguiu isso, mas conseguiu igual a todas as outras coisas, por meio da corrupção.

Corri pro meu quarto me trancando, peguei uma mochila colocando minhas roupas, eu não era patricinha, longe disso, mas tinha tudo do bom e do melhor, amo a vida fácil que levo, admito, mas do que adianta toda esse dinheiro se eu não possuo o bem mais importante? O amor.

Após colocar o necessário na bolsa, peguei meu celular e olhei meu rosto no espelho, como eu já esperava, a marca de 5 dedos em meu rosto, passei água em meu rosto e desci correndo.

Eva: Ju? O que aconteceu querida?

Eva é aquelas típicas empregadas segunda mãe, sempre ajudou em tudo!

Ju: Eu vou morar com minha mãe.- Sorri fraco.- Preciso ir agora, depois te ligo.- Sai correndo, mas ela segurou meu braço.

Eva: Os segurança estão aí Júlia, vá pela janela.- Me abraçou e eu beijei sua bochecha.

Voltei pro meu quarto e fui descendo a sacada, tenho 16 anos mas não sou besta, tenho meus truques, após descer saí correndo pra fora dali, eram 17h36 então tinha muito movimento nas ruas, principalmente de hoje que era um sábado, chamei um uber que logo chegou e eu pedi pra ir morro, ele me olhou torto e de início a viagem.

-O que uma moça bonita vai fazer aqui? - Perguntou quando paramos em frente ao morro.

Ju: Não é da sua conta! - Joguei a nota de 20 no banco da frente e desci.

Ele logo saiu, tinha alguns vapores com armas, eu ainda chorava, deve ser por isso que eles me olharam estranho, uns me comiam com os olhos, xô tentação!

Ju: Boa tarde! - Falei limpando minhas lágrimas, só pra eles verem e me liberarem rapidamente.

-A patricinha faz o que no morro?

Ju: Não sou patricinha.- Revirei os olhos.- Eu vim morar com minha mãe, eu preciso dela, me deixem ir por favor! - Quase implorei, chorando mais.

-Acho melhor não.

Revirei os olhos, qual é gente, eles acham o que? Peguei meu celular pra ligar pro minha mãe ou pra Bruna, escuto um grito de uma pessoa que eu conhecia muito bem, mimha irmã!

Bruna: JÚLIA? - Veio na minha direção correndo.

Eu amava tanto a minha irmã cara, nos abraçamos e caímos no chão.

Ju: Que saudade meu amor! - Nos apertamos mais.

Bruna: Você vai morar com nós? -Assenti.- Cadu vai amar, ele tava falando de você um dia desses.

- Cadu? Ela é o que dele? - Perguntou um deles.

Bruna: Irmã.

-Sério? Cada irmã gostosa ele tem! - Bruna bateu nele.- Satisfação gata, sou o Binho, se quiser o prazer só falar.- Piscou e eu gargalhei.

Ju: Júlia.- Sorri simpática.

Bruna: Vamos, Cadu precisa ver tu!

Assenti feliz, aqui era o meu lar! Fomos andando, aqui era lindo demais, já tinha vindo escondido pra cá umas 10 vezes, sou realmente apaixonada por aqui!

Chegamos perto de uma praça e eu vi vários traficantes reunidos, sorri e procurei Cadu, assim que nossos olhares se encontraram nós corremos, quando chegamos perto pulei em seu colo como fazia como era pequena, comecei a chorar, Carlos Eduardo é meu melhor amigo, meu irmão, além disso é um puta gostoso.

Bruna chegou do nosso lado pegando minha mochila do chão e rindo da cena, os traficantes também olhavam, eu chorava e Cadu ria muito. Após matamos um pouco da saudade que habitava em nossos peitos eu desci do colo dele, ainda chorando.

Cadu: Qual foi Jujuba? Não chora.- Me abraçou novamente.

Ele segurou meu rosto, olhou estranho e viu a marca dos 5 dedos em minha cara, alguns dos traficantes se aproximaram e eu voltei a chorar mais ainda.

Cadu: Quem fez isso? Foi algum vapor? - Neguei.

Me sentei no banco que tinha ali e Bruna me deu um refri, agradeci fraco e tomei devagar, me senti intimidada com os dois homens que me olhavam.

Cadu: Vai falar agora? - Assenti mais calma.

Ju: Foi o Guilherme.- Bruna se levantou na mesma hora.

Bruna: EU VOU MATAR ELE, QUEM ELE PENSA QUE É? DESGRAÇADO.- Falou nervosa.

Mesmo estando nervosa gargalhei baixo, Beatriz tem 16 anos, pingo de gente!

-Quem é esse aí? Nós pode descer fogo pô.- Falou olhando pra mim.

Cadu: Nosso pai...- Falou com ódio.

Ju: Nosso doador de esperma! - Corrigi e eles riram.- Já passou tá!? Eu só quero uma coisa.

-Fala que nós dar.- Falou o mesmo de antes, o outro só me observava.

Cadu: Cala a boca Lk.- Deu um tapa na cabeça dele.- Falaí.

Ju: Posso morar com vocês? - Ele sorriu.

-SIM/Não. - Bruna e Cadu falaram juntos e uma voz grossa se intrometeu.

26/05/18
Começando.

Lá No Morro.Onde histórias criam vida. Descubra agora