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Vovó era uma mulher tão forte, sobreviveu a tantas coisas, mas não conseguiu ser forte o bastante para acabar com o câncer. Ele havia tomado conta de seu corpo em alguns dias desde que o médico localizou. Lembro claramente de sua imagem segurando a minha mão e dizendo que tudo ia ficar bem e que aquilo era só uma fase, que Deus iria cuidar dela logo.

Alguns dias antes de seu falecimento, Donna Brighton, viúva de Charles Brighton, havia reunido todos os netos. James, Vincent e eu. Deixando alguns de seus maiores bens. James ficou com a casa da praia, Vincent com a Casa de campo e eu fiquei com a casa da cidade que havia comprado depois que vovô passou dessa para melhor.

Não era uma casa mofada, ela era um tanto moderna, mas precisava de ajustes que só poderiam ser feitos pela pessoa que ficaria lá permanentemente.

O barulho do salto alto ecoando pelo chão de madeira da casa, fez com que eu despertasse minha atenção para mamãe que me olhava de uma maneira reprovadora pela roupa que estava vestindo para iniciar a "pequena reforma".

— Você deveria contratar alguém pra te ajudar, querida. – Norma Stevenson Brighton segurou meu rosto, afastando uma mexa de meus olhos.

— Mãe, eu consigo. Não vai ser tão ruim, e, caso aconteça algo eu posso ligar pra Sophie ou para o Joe. – Murmurei sorrindo.

— Você é muito teimosa. Preciso ir, eu te amo, fique bem. – A mulher de baixa estatura e pele um pouco morena, seguiu seu caminho até a porta.

Rapidamente conectei o meu celular com os auto-falantes, balançando o meu corpo assim que comecei a afastar alguns móveis da sala de entrada até a sala de estar, colocando uma proteção no piso de madeira, retirando algumas coisas da vovó, como; quadros, vasos e algumas antiguidades.

Despejei a tinta beje em um recipiente e delicadamente a passei por toda a parede, sorrindo e cantando um pouco mais alto o refrão de The Ballad of Monalisa do Panic! At The Disco. Uma gargalhada foi ouvida assim que a lembrança de Donna ensinando James a pintar as paredes de uma maneira mais abstrata quando Norma não tivesse encarando.

Ela sempre acompanhou minha jornada como jornalista, desde quando comecei como estagiária até me tornar repórter efetiva. O orgulho que ela sentia por todos os netos era incrível. Quando James assumiu que era gay todos o ignoraram, mas ela não, sempre dando o maior apoio do mundo. Aquela mulher era incrível.

Sempre que ela me visitava no antigo apartamento, contava sobre seu vizinho e como ele era talentoso, que sempre que eles se viam o rapaz e seus amigos davam-na um abraço e me jogava sempre para cima deles.

Todas as pessoas que passaram pela vida dela, sempre deixavam um pouco de aprendizado e levavam aprendizados também.

Ao anoitecer, organizei algumas das coisas que estavam espalhadas pela casa em uma caixa, nomeando como "pertences da vovó". Suspirei ao abrir um dos guardas roupas e retirar casacos de grife, jaquetas, camisas e calças.

— Vovó, a senhora era uma burguesa mesmo. – Gargalhei baixo, guardando as coisas dentro de algumas caixas.

Eram duas da manhã, quando ouvi a porta, torcendo para ser o entregador de pizza. Sorri para o rapaz que me entregou a caixa de pizza e voltou até sua moto para pegar o troco que havia esquecido. Inspirei o cheiro da pizza de pepperoni, ouvindo meu estômago roncar por ter comido apenas algumas bolachinhas durante a manhã.

Antes que pudesse entrar, o vizinho havia acabado de chegar. Acenei para o mesmo, porém fui ignorada. Não liguei muito para isso então apenas voltei para dentro.

Next Door. (calum hood)Onde histórias criam vida. Descubra agora