Isso Não É Uma Competição

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— O que um agente federal está fazendo investigando um caso em uma cidade tão pequena?

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— O que um agente federal está fazendo investigando um caso em uma cidade tão pequena?

A pergunta de Hope Christine Johnson soou petulante até mesmo para ela. O detetive White, por sua vez, ergueu uma das sobrancelhas, puxou uma cadeira e sentou de frente para a menina. Ele demorou um pouco para responder, o que deixou o ambiente imerso no silêncio fúnebre já esperado num dia como aquele. Quando falou, agraciado pelo interrogatório individual que escolhera fazer com os colegas de Audrey, sua voz foi o único som do ambiente:

— Audrey Knight morreu e isso é tudo o que eu posso te falar.

Hope concordou com a cabeça. O reconheceu  como o detetive que vira parado ao lado do corpo de Audrey no instante em que ele apareceu na sala de aula. Toda a cena com as sirenes e os curiosos voltou junto com o cheiro da rua úmida daquela noite. Por isso, ciente de que ele sabia de muita coisa, insistiu:

— E como ela morreu?

Precisava saber o que tinha acontecido. Qualquer informação seria útil para ajudar a aliviar a curiosidade que tamborilava em seu sangue desde que encontraram o corpo na rua de sua casa. Hope, no fundo, queria apenas se certificar que não tinha relação alguma com a morte da ex amiga. Que se tivesse parado para conversar com ela naquela noite as coisas não teriam sido diferentes.

— A morte dela é a única coisa que posso te confirmar — White repetiu.

Algo dentro de Hope morreu.

— Então é confidencial.

O homem sorriu. Parecia inapropriado, mas soou certo. Tanto pela insistência de Hope em querer saber qualquer coisa que não lhe dizia respeito quanto pela paciência acirrada de White, que nunca tinha trabalhado em um caso como aquele antes. Era novidade para os dois.

— Eu fui avisado de que a América gosta desse tipo de coisa, mas não acreditei até chegar aqui — o detetive comentou. — Vocês não perdem uma deixa para o drama.

Claro, Hope pensou, um britânico. O sotaque deveria tê-la feito perceber antes, mas a menina estava tão nervosa que não reparou no maço de cigarros ingleses no bolso de seu sobretudo negro. Prestar atenção em qualquer coisa que não fosse o fato de sua amiga de infância estar morta seria difícil nas próximas semanas. Principalmente com o detetive White por perto. Por outro lado, a morte de Audrey e o sotaque britânico de White trouxe a Hope a certeza de uma coisa:

— Você é um detetive da Scotland Yard.

White assentiu, estreitando os olhos. Atrás dele o diretor da escola observava a cena com curiosidade, como se imaginasse quando as perguntas sobre Audrey começariam e o quão encrencada a escola estava com toda aquela história de que a jovem garota poderia ter sido assassinada por alguém dali de dentro.

A questão era que nem o diretor, nem Hope e talvez nem o próprio detetive soubesse qual era a dimensão do problema. Por mais confiante que os três parecessem, estavam todos perdidos e desesperados. White principalmente, já que não entendia o que era pago para entender.

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