A escola tirou a tarde da próxima quarta-feira para prestar homenagem a todas as perdas que haviam sofrido nos últimos tempos. Fosse por Audrey, por Peter, o capitão do time de futebol, ou por Candice, que havia ficado paraplégica, os alunos se reuniriam no pátio principal um pouco antes do término das aulas para dizer coisas bonitas, tristes e até mesmo acolhedoras uns aos outros.
Para a surpresa de Hope, o detetive White havia aparecido. Ele usava um sobretudo negro escancaradamente britânico e luvas de couro pretas. Hope havia visto aquelas luvas sobre o painel de um Dodge Charger estacionado no pátio da escola e deduzira que aquele deveria ser o carro do detetive, mas não imaginou que o veria ali dentro. Parecia, de algum modo, que White não passava de um intruso. Ele não conhecia as vítimas o suficiente para se importar com uma homenagem.
— Para de encarar — criticou Brooke, que havia percebido a insistência do olhar de Hope sobre o detetive. — Tudo bem que ele é um gato, mas você está parecendo uma maluca.
Sentados na última fileira da arquibancada da quadra coberta, os três amigos inseparáveis permaneciam invisíveis. Barth tirou seu chapéu. Era um sinal de luto, disse, e respeito, e ele aconselhou Brooke a guardar os óculos escuros também, mas ela se negou. Disse que não estava com vontade de olhar ninguém nos olhos naquela manhã.
— As máscaras deles são estranhas — comentou o demônio, sentado ao lado de Johnson. — Mas eu entendo o conceito do chapéu e dos óculos. São para esconder e moldar suas identidades. A sua é que não entendo.
— A minha?
Ele inclinou a cabeça.
— Acho que nem você a entende, se não a vê.
Hope o olhou por cima dos ombros. Ele estava perto, mas ainda longe, e de repente ela sentiu que alguém conseguia entender o que acontecia ali. Eles estavam sendo observados. Mas não era nada, quando virou o rosto para o pátio, porque tudo o que havia ali era um detetive White curioso com aqueles três jovens excêntricos no fundo do cenário. Ele os encarava de uma maneira não acusadora, mas quase... preocupada.
Será que sentia por eles?
— Não — respondeu o demônio. — Ninguém sente por vocês. Nem mesmo aqueles que dizem que sim.
— Veja, Hope, Thomas vai tocar!!!
Brooke ficou animada demais quando os instrumentos da banda da escola foram colocados sobre o palco improvisado no meio do pátio. A divisão marcada por caixas de som e fios de microfone separava os alunos dos músicos e deixava a intenção clara, mas Hope não entendeu o que significava de imediato. Parecia estranho demais... música. Aquilo não era uma festa.
Hope não foi a única a ficar confusa, porque de repente todos os alunos se calaram. O som do tênis de Thomás andando pelo palco era o único ruído do lugar inteiro, e quando ele parou nem aquilo restou para preencher o ambiente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Baby, Don't Go #1 (LIVRO FÍSICO)
ParanormalCOMPRE O LIVRO FÍSICO: https://www.editoraobarco.com/ PLÁGIO É CRIME Quando Hope Christine Johnson acorda após tentar se matar, ela não está sozinha. Sentado em uma poltrona negra no canto do quarto, um demônio de olhos vermelhos e aparência...