Duas Vilas

BÔNUS

-— Shikamaru! Acorde! – falei seriamente com aquele preguiçoso e o fiz levantar assustado, em um pulo.

-— Temari, que susto! – falou olhando para mim que ainda estava deitada na cama. – O que houve?

-— Eu sonhei que você estava me traindo. – falei brava. Porque eu sonhei aquilo? Isso eu não fazia ideia, mas eu precisava saber.

-— Ah mulher, foi só um sonho. – disse deitando-se novamente.

-— Como assim só um sonho, Shikamaru?

-— Um sonho ué. Não precisa ficar assim.

-— E porque eu sonhei isso? – aquilo não era normal.

-— E eu que vou saber. – Shikamaru virou de costas para mim, o que me deixou mais nervosa.

-— Não me dê as costas, Shikamaru! Eu estou falando com você. – ele se virou novamente com aquela linda cara de sono que eu queria socar. – Porque eu sonhei isso?

-— Eu não sei, como vou saber? Foi só um sonho, pare de implicar com algo tão besta, vamos dormir vamos... – Shikamaru veio me abraçar para dormirmos juntos, mas aquilo me deixava mais nervosa.

-— Shikamaru, você já me traiu? – perguntei antes que ele conseguisse me abraçar, e revirou os olhos.

-— Claro que não. Você não confia em mim?

-— Então porque sonhei isso? Só pode ser um sinal.

-— Um sinal de que você está ficando louca.

-— Não me chame de louca, seu... seu... – não sei o porquê, mas meus olhos começaram a ficar cheios de lágrimas e eu sentia um sentimento triste dentro de meu peito.

Eu engoli a seco tentando aliviar aquela angustia, mas não conseguia, desatei a chorar e Shikamaru me olhava com uma cara que não sei nem ao menos descrever.

-— Temari, porque está chorando? O que eu fiz! – perguntou confuso.

-— Você me traiu! – falei nervosa.

-— Eu não trai você, foi apenas um sonho, não fique assim.

-— Você me traiu no sonho, porque... fez isso? – solucei.

-— Eu não trai, Temari, entenda, foi apenas sonho. – Shikamaru disse passando a mão em meu cabelo.

Eu não conseguia parar de chorar, era uma tristeza profunda que eu nunca imaginei que sentiria. Shikamaru me trouxe um copo d'água com açucar e eu o tomei, mas aquilo me deu um reboliço no estomago. Sai correndo da cama e fui até o banheiro, me abaixei perto da privada e vomitei.

Era uma náusea esquisita, junto com o sentimento de tristeza. Aquela não parecia eu. E quanto mais eu pensava sobre isso, menos eu entendia. Porque? Porque aquele enjoo, porque aquele sentimentalismo todo, era um sonho afinal, mas me deixou tão triste.

***  

No dia anterior, Shikamaru chamou Sakura para vir até minha casa pela manhã. Eu ainda estava com enjoos e havia um balde perto da cama. A noite inteira foi um verdadeiro pesadelo.

Sakura chegou até o quarto, bateu na porta duas vezes e entrou devagarzinho quando eu a autorizei.

-— Olá Tema! – ela disse sorrindo. – Shikamaru me ligou hoje, parecia preocupado com você, e vejo que ele tinha razão.

-— Tinha razão? Como assim? – meus olhos se encheram de lágrima novamente, o que estava acontecendo comigo? Porque Sakura havia dito aquilo?

-— Porque nunca a vi assim... Deitada na cama... E o que é isso? Um balde? – ela perguntou e eu afirmei com a cabeça. – Vou examina-la.