SALVAÇÃO

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Acordei em algo parecido com uma caverna,um homem barbudo,muito alto e com uma bata enorme dando passos leves em minha direção,uma fogueira acesa um pouco mais a frente,e ao lado esquerdo uma espada grande e bonita,de um material que não sabia distinguir,o dia estava lindo,os pássaros cantavam em uma harmonia invejável,o sol penetrava em cada objeto,cada corpo,cada árvore,cada coisa que ali se encontrava era invadida por uma luz que te chamava para viver .

Não sentia dor alguma,estava totalmente renovado como se tivesse dormido nas melhores camas e comido as melhores comidas,se não fosse a dolorosa lembrança da guerra podia dizer que estava em perfeito estado.

- Aonde eu estou? - falei,na esperança de que o homem pudesse me ajudar.

- Uma caverna,não vê? - a irônica resposta veio acompanhada de um leve sorriso no canto da boca

- Me diga aonde eu estou! Eu realmente não tenho tempo para adivinhar. -
Uma gargalhada invadiu o lugar,nessa hora minha cabeça voltou a doer e não sabia se o eco fazia a sua risada ser tão alta ou se estava forçando o riso.

- Você sabe com quem está falando garoto? - Disse erguendo a sobrancelha esquerda e apontando a sua majestosa espada para mim,como se estivesse me chamando para lutar.

-Não me importa com quem estou falando,eu fiz uma pergunta e a quero respondida. - Levantei e o encarei como se o meu porte fosse substituir a ausência da minha espada -

O homem ergueu sua mão juntamente com a espada num movimento tão lento e assustador que a impressão era de que quando o aço tocasse o chão tudo ali iria desmoronar. Me afastei rapidamente,procurando algo para me defender,não havia pedras,pedaços de madeira,facas,não havia nada,era como se tudo naquele lugar tivesse sido cuidadosamente limpo.

A busca foi interrompida pelo encontro da espada com o chão,não me restava escolha a não ser assistir à estranha situação. Meus olhos fitaram uma luz tão forte que por um momento pensei que estava cego,nunca tinha visto nada daquilo,assustador e ao mesmo tempo magnífico,a luz me deixou boquiaberto e os meus olhos não piscavam e não se desviavam em um só momento. Quando a luz diminuiu pude em fim avistar a minha espada que havia perdido na guerra,não entendi como fora parar ali,mas aquele não era momento para questionar a sua presença. Desviei-me rapidamente tentando passar por baixo do clarão,pareceu um longo caminho,a luz me empurrava,era forte e pesada.

Quando em fim peguei minha espada o medo se deu lugar a uma sensação de alívio e proteçao,como se toda a bravura fosse retomada. Me senti forte. Ao me virar vi que não havia mais luz,nem peso e nem homem,para aonde ele fora?

- Eu não quero causar confusão senhor,só me diga aonde estou e irei embora. -

Uma pancada em minhas costas me jogou para longe,meu rosto tocou a areia do lado de fora da caverna e nessa hora me perguntei quem era aquele homem. Levantei. Apertei o punho da espada como se me restasse apenas aquela luta,apenas mais um ato de coragem. Corri em direçao a ele. O homem não se movia,nenhum passo,quando cheguei mais perto,ele ergueu o braço fazendo posição de defesa com a sua espada e o clarão reapareceu. Aquela altura não pudia recuar,era ali,agora. Corri o mais rápido que pude e posicionei minha espada protegendo o meu rosto. Dei o último impulso. Ouvi o barulho do aço com aço,meus olhos estavam fechados,a força que eu fazia era grande,e pude sentir a luz indo embora. Apaguei. Quando dei por mim estava a metros de distância da caverna,e vi que o homem estava machucado, vindo em minha direçao,em sua mão direita carregava sua majestosa espada que agora estava partida em duas e totalmente inaproveitável e na esquerda carregava a minha espada,intacta,brilhante,minha.

As dores que sentia por todo o meu corpo foi tomada pela sensação de satisfação quando vi seu rosto totalmente ferido e minha espada inteira. Essa sensação não durou,mesmo quem não tivesse presenciado a luta poderia perceber o tamanho da raiva que o homem carregava dentro de si naquele momento e por mais que eu tentasse me levantar era inútil,não restava força.

Se aproximou,jogou o que segurava nas duas mãos no chão e juntou todas as suas forças para me dá um último soco. Tudo ficou turvo,a visão estava se apagando,via de relance o homem se levantando e me deixando morrer. Porquê ele não me mata? Porquê não acaba logo com isso?
O céu girava,o azul agora era cinza, e pude ouvir o homem falar.

- Você deveria ter perguntado o meu nome primeiro. - falou,com a mesma risada no canto da boca. E tudo foi substituído de novo pela escuridão.

CONDOR:A CONQUISTA DE MURDEHROnde histórias criam vida. Descubra agora