RAZÃO

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- Olá,acorde garoto,acorde eu não tenho o dia todo - Disse o homem barbudo, pressionando um pano nos meus ferimentos.

-Aonde eu estou?

- De novo essa pergunta? - Estava novamente na caverna,deitado sobre a mesma rocha. Estava fraco,passaram-se dias em que vivi de um desmaio para outro,não comia a dias e só queria sair desse lugar

- Qual é seu nome? - perguntei.

- Finalmente! Me chamo Marmont,vivo aqui. Me desculpa pelo estardalhaço, é que as pessoas que costumam me visitar não são lá muito agradáveis. Sou das terras do sul,aprendi alguns truques por lá e até hoje não entendi o que vim fazer aqui. Mas cá estou. E você quem é?

- Sou Eleanouar,mas pode me chamar de Ellian,filho de Gardon,protetor e representante da casa Gard...... - o meu discurso foi interrompido por uma dor de cabeça que nunca havia sentido antes.

-Ah! Você é um lord. Por favor não me mate! - falou,mudando a alegre afeição por desespero.

- Você não tem ideia do quão poderoso é? O que foi aquilo que fez? Aquela luz?

- O clarão? Ah não foi nada. Uso para espantar alguns ursos. - completou a frase com uma gargalhada. - O que um senhor da casa Gardon faz aqui em minha humilde caverna?

- Foi tudo destruído,o castelo,as instalações,tudo.

- E porque você não foi? - perguntou com um ar de ironia.

- Eu fugi.- Disse tardiamente após perceber as minhas covardes palavras.

- Que coisa. Você tem poderes a quanto tempo? - perguntou Marmont.

- Como assim? Como você sabe? - Disse espantado.

- Claro que eu sei garoto,você é igual a mim. Bruxos reconhecem sua espécie a léguas de distância. -

Estremeci. Não acreditava no que tinha acabado de ouvir,não podia ser. Bruxos eram seres malignos,abomináveis em nossa terra. Não pode ser,eu sou filho de Gardon,o grande rei do norte,o senhor de Murdehr, bruxos só podem ser filhos de bruxos.

- Isso não é verdade. Sou filho de Gardon,você está mentindo. - exclamei,ainda assustado.
Levantei e me preparei para ir embora.

- Aonde você vai,grande filho de Gardon?

-Vou embora daqui o mais rápido possível! -Disse a Marmont. -
Obrigado por me ajudar e espero um dia compessar com alguma coisa,mas realmente preciso ir,talvez alguem da minha família esteja vivo.

- Se você quer ir embora vá,mas tente não morrer,só existem cinco bruxos em toda a região,e nem todos são bons. - Falou com sua voz rouca e irônica.

- Não vou morrer, e não sou um bruxo.

- Você vai descobrir. Iremos nos encontrar garoto,em breve.
Sua voz foi se distanciando a medida que eu ia apressando o passo.

Tudo estava muito confuso,estava andando sem saber para onde ir,o dia estava claro mas não por muito tempo.

Talvez eu devesse voltar para o bruxo,talvez eu seja um. Mas não. Não pode ser, eu sou filho de Gardon,isso não pode ser verdade. Bruxos são queimados vivos em meio a praça principal. Aquele homem deve ser louco...... Ou não.

Apressei o passo e me perdi dentre o horizonte,tentando pensar em tudo,menos nessas possibilidades.

CONDOR:A CONQUISTA DE MURDEHROnde histórias criam vida. Descubra agora