MORTE

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Eu sabia o que deveria fazer,não sabia como fazê-lo,havia monstros, feridas, famílias e casas incendiadas,
sangue,e o pior,a derrota,a derrota de um povo que lutou tanto para conseguir o que era seu,uma casa,uma família,um trabalho,tudo havia acabado.Nessas horas vem o peso de não poder agir,de não saber o que fazer

-porque?porque eu não agia?porque eu não usava meus poderes,eu sou um covarde,ninguém,nenhum povo,nem minha família vai se orgulhar de mim,sou covarde por deixar toda essa guerra acontecer diante de mim,e apenas me escorder.

Depois de dez dias de guerra já não tinha quem matar,não tinha vingança,ódio,facas intranhadas em vísceras de uma mulher inocente,só tinha o peso,o ar da guerra perfurando cada coisa que restava,tijolos quebrados do que um dia foi uma casa,roupas queimadas,facas,flechas, e entre tudo que havia, lá estava eu no meio da escuridão,sem ninguém.Subi a montanha em busca de ajuda,mas não esperava encontrar muita coisa a não ser árvores queimadas e cavalos mortos.Corri sem parar,já não sentia as pernas,o que me empurrava era a culpa,a vergonha,quando não conseguir mais correr,eu andei,andei por horas,e a cada passo a escuridão aumetava,nunca vi uma noite tão escura quanto essa,eu não tinha destino,só queria me afastar do que um dia foi Murdehr.

Amanhecia e eu não parava,mas não tinha força,não tinha água,comida,só meu corpo rastejando em meio a terra mais seca,sol mais quente que já sentira em toda minha vida.

A toda hora topava em pedras, e urubus adivinhavam e torciam pela minha morte,me confortava mais o fato de que para alguem eu iria ser útil,iria salvar uma vida,mesmo sendo nessas condições deploráveis. O sol cáusticava o meu corpo,não sentia os pés,e a fome e a sede já eram o que menos impotava,a tontura era forte,tudo girava,e o bando de urubus agora era um monte preto sobre mim,o medo me dominava,a culpa,e o breve pensamento de que o que eu estava passando era obra divina,e no que eu menos acreditava passei naquele momento a acreditar,um Deus,um ser supremo que naquele momento poderia me salvar ou me matar.Apaguei naquele instante e só pude sentir alguém me carregando e me levando para algum lugar,não sabia quem,como,e para onde,só sabia que queria poder ter mais uma chance que seja de viver.

CONDOR:A CONQUISTA DE MURDEHROnde histórias criam vida. Descubra agora