CONDOR:A CONQUISTA DE MURDEHR

PRÓLOGO

- O que é a vida se não podemos prevê-la?

- Se soubessemos não haveria graça.

- Mas sabemos,sabemos do nosso último ponto,nosso último momento,em que fecharemos os olhos e partimos. E não é certo,todo o nosso percurso não nos é revelado e justo nosso final,nossa morte,é tão certa,tão real.

- Os Deuses sabem o que fazem minha pequena,não devemos questiona-los.

- Não aceito que de tudo o que existe,nós somos tão incapazes de assumirmos a culpa,nem tudo cabe aos Deuses pai.

- Deixe-me dizer. Sua mãe se questionava o porque das cores,das coisas,das formas,ela não entendia o motivo real de estarmos aqui,e a busca é um direito nosso,mas um certo dia,ela virou pra mim e falou:

"Não é certo Gardon,sabermos o fim,não é certo nos darem esperança da vida se temos conhecimento da morte,mas não importa,nos foi dado,e se nos foi dado usaremos. Temos as flores,a luz,o vento,o som,temos a vida,e talvez essa seja a resposta. Talvez a vida seja tão esplêndida,tão abstrata,que não é dado a nós o poder de conhecê-la completamente."

Quando ela terminou de falar eu não tive melhor resposta do que continuar em silêncio,percebi naquele instante as flores,a luz,o vento e o som,e não existiria melhor lugar para estar do que ali. Por isso existem coisas que não cabem a nossa vida limitada,e se pudermos pôr a culpa nos Deuses,perfeito! Há a quem culpar. - Terminou junto com uma risada.

- Eu queria poder sentir falta dela,queria tê-la conhecido. Você sente a falta dela pai?

- Todos os dias. - A resposta veio acompanhada de uma triste afeição que não era cabível aquele momento.

- A saudade é um sentimento bom,é o que resta depois de bons momentos.- Depois da conversa,se levantaram da grama,sorriram,voltaram para casa e Jasmine pode sentir de novo as flores,a luz,o vento,o som e seu filho que estava escondido dentro dela.